(006) Sentindo o significado da “velhice”, na “Sensibilidade da Alma”.

A “velhice” é um processo de descoberta interior.

São encontros com o “sentir” as transformações mostradas no “corpo”; com o “aceitar” os desenhos dos riscos na pele do “rosto”; com o aparecimento das “rugas”; com o novo jeito de “sentir” a vida; com a maneira de “pensar” com sabedoria; com a ilusória passagem do “tempo”, sem a contagem regressiva dos dias que ainda faltam ser vividos; com o querer se “aquietar” no silêncio da escuta interior; com o preferir se “isolar” com as lembranças do passado, que fica presente na “velhice”.

Ao responder a pergunta – Velhice, por que não ? , aconselha Lya Luft (fonte: “Perdas & Ganhos”, Edição Comemorativa 10 anos, da Editora Record, 2013):

-Para entender que maturidade e velhice não são decadência mas transformação, temos de ser preparados para isso. Dispostos a encarar a existência como um todo, com diversos estágios, variadas formas de beleza e até de felicidade. Acreditar que com cuidado e sorte poderemos ser atuantes mesmo décadas depois: isso tem de ser conquistado palmo a palmo.

A “velhice” é um “estado da alma”, para o nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”.

O processo do envelhecimento é a última fase das nossas vidas.

O ciclo do nosso “existir” se completa na “velhice”, antecedendo a “morte”.

A mesma “morte” que, por vezes, se impõe e não permite o “nascer”, talvez nos preparando (ou ensinando) o significado “existencial” e “espiritual”, da transcendência do “sopro de vida”.

Saber aceitar, sentir, e vivenciar a “velhice”, é “sabedoria” da “sensibilidade da alma”.

Sobre o BELO dessa fonte de sabedoria, Lya Luft matizou o envelhecimento com esta lição de vida (fonte: “O tempo é um rio que corre”, publicado pela Editora Record):

– A moça corria entusiasticamente beirando os jardins das casas, e num deles uma mulher já bem idosa estava curvada cuidando de suas plantas.
A mocinha passou e correndo disse para a velhinha, sorrindo:
Ah, como eu queria ter a sua idade para não precisar correr para manter a forma !
A mulher ergueu, olhou para ela, riu e disse:
E como eu gosto de ter a minha idade, para não precisar correr e poder cuidar das minhas rosas !

Essa história mostra os encantos de todas as fases da vida, que enriquecem o nosso “saber sentir” com a “sensibilidade da alma”.

Sob uma perspectiva de “subjetividade”, mostra que em cada uma das fases da vida ocorrem, sucessivamente, o surgimento de necessidades de buscas, de desafios, de encontros, de desencontros, de encantos, de desencantos, que, na plenitude da beleza da “velhice”, com essas necessidades, aprendemos valorar tudo com “naturalidade” e “simplicidade”, em cada instante do nosso “existir”.
É o segredo do “sentir-se bem” em todas as fases da “vida”.

Não é o “tempo” que passa por nós. Somos nós que passamos, compondo a magia ilusória do “tempo”.

Na sua dissertação de mestrado em Psicologia, “O Amor nos Tempos da Velhice” (que trata da compreensão dos processos subjetivos, sociais e individuais relacionados às perdas na velhice, dentro da dinâmica da sociedade contemporânea; bem como da predominância negativa do imaginário social nessa fase da vida), publicada em 2013 pela Editora Casa do Psicólogo, Jamille Mamed Bomfim Cocentino analisa as perdas e o envelhecimento, na obra de Gabriel Garcia Márquez. Logo na introdução, reporta-se à esta sabedoria do autor colombiano, contida na tão esperada autobiografia “Viver para contar”:

– A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la.

Para o consagrado “Contador de Histórias” (que em 1982 foi laureado com o Nobel de Literatura), o relato subjetivo da sua história de vida (em que o “vivido” dá lugar ao ser “recordado”), revela a importância da perpetuação das nossas lembranças, com a chegada do processo do envelhecimento, quando todas as nossas experiências precisam ser “recordadas”, para serem “contadas”. Isto é “saber viver” no esplendor existencial da “velhice”. É a consagração do “sentir-se bem”, principalmente com a chegada do envelhecimento do corpo.

Gosto muito desta “sensibilidade poética” do educador Rubem Alves:

– Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.

Termino esta mensagem desejando que a nossa “velhice” seja mostrada para todos, pelo mesmo BELO do colorido das asas das borboletas.

Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers, ocorrido no ano passado.
2.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Busca Interior. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *