A “velhice” é um processo de descoberta interior.
São encontros com o “sentir” as transformações mostradas no “corpo”; com o “aceitar” os desenhos dos riscos na pele do “rosto”; com o aparecimento das “rugas”; com o novo jeito de “sentir” a vida; com a maneira de “pensar” com sabedoria; com a ilusória passagem do “tempo”, sem a contagem regressiva dos dias que ainda faltam ser vividos; com o querer se “aquietar” no silêncio da escuta interior; com o preferir se “isolar” com as lembranças do passado, que fica presente na “velhice”.
Ao responder a pergunta – Velhice, por que não ? , aconselha Lya Luft (fonte: “Perdas & Ganhos”, Edição Comemorativa 10 anos, da Editora Record, 2013):
-Para entender que maturidade e velhice não são decadência mas transformação, temos de ser preparados para isso. Dispostos a encarar a existência como um todo, com diversos estágios, variadas formas de beleza e até de felicidade. Acreditar que com cuidado e sorte poderemos ser atuantes mesmo décadas depois: isso tem de ser conquistado palmo a palmo.
A “velhice” é um “estado da alma”, para o nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”.
O processo do envelhecimento é a última fase das nossas vidas.
O ciclo do nosso “existir” se completa na “velhice”, antecedendo a “morte”.
A mesma “morte” que, por vezes, se impõe e não permite o “nascer”, talvez nos preparando (ou ensinando) o significado “existencial” e “espiritual”, da transcendência do “sopro de vida”.
Saber aceitar, sentir, e vivenciar a “velhice”, é “sabedoria” da “sensibilidade da alma”.
Sobre o BELO dessa fonte de sabedoria, Lya Luft matizou o envelhecimento com esta lição de vida (fonte: “O tempo é um rio que corre”, publicado pela Editora Record):
– A moça corria entusiasticamente beirando os jardins das casas, e num deles uma mulher já bem idosa estava curvada cuidando de suas plantas.
A mocinha passou e correndo disse para a velhinha, sorrindo:
Ah, como eu queria ter a sua idade para não precisar correr para manter a forma !
A mulher ergueu, olhou para ela, riu e disse:
E como eu gosto de ter a minha idade, para não precisar correr e poder cuidar das minhas rosas !
Essa história mostra os encantos de todas as fases da vida, que enriquecem o nosso “saber sentir” com a “sensibilidade da alma”.
Sob uma perspectiva de “subjetividade”, mostra que em cada uma das fases da vida ocorrem, sucessivamente, o surgimento de necessidades de buscas, de desafios, de encontros, de desencontros, de encantos, de desencantos, que, na plenitude da beleza da “velhice”, com essas necessidades, aprendemos valorar tudo com “naturalidade” e “simplicidade”, em cada instante do nosso “existir”.
É o segredo do “sentir-se bem” em todas as fases da “vida”.
Não é o “tempo” que passa por nós. Somos nós que passamos, compondo a magia ilusória do “tempo”.
Na sua dissertação de mestrado em Psicologia, “O Amor nos Tempos da Velhice” (que trata da compreensão dos processos subjetivos, sociais e individuais relacionados às perdas na velhice, dentro da dinâmica da sociedade contemporânea; bem como da predominância negativa do imaginário social nessa fase da vida), publicada em 2013 pela Editora Casa do Psicólogo, Jamille Mamed Bomfim Cocentino analisa as perdas e o envelhecimento, na obra de Gabriel Garcia Márquez. Logo na introdução, reporta-se à esta sabedoria do autor colombiano, contida na tão esperada autobiografia “Viver para contar”:
– A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la.
Para o consagrado “Contador de Histórias” (que em 1982 foi laureado com o Nobel de Literatura), o relato subjetivo da sua história de vida (em que o “vivido” dá lugar ao ser “recordado”), revela a importância da perpetuação das nossas lembranças, com a chegada do processo do envelhecimento, quando todas as nossas experiências precisam ser “recordadas”, para serem “contadas”. Isto é “saber viver” no esplendor existencial da “velhice”. É a consagração do “sentir-se bem”, principalmente com a chegada do envelhecimento do corpo.
Gosto muito desta “sensibilidade poética” do educador Rubem Alves:
– Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.
Termino esta mensagem desejando que a nossa “velhice” seja mostrada para todos, pelo mesmo BELO do colorido das asas das borboletas.
Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers, ocorrido no ano passado.
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.