“CADA PESSOA QUE PASSA PELA NOSSA VIDA É ÚNICA. SEMPRE DEIXA UM POUCO DE SI MESMO E LEVA UM POUCO DE NÓS. HAVERÁ AQUELES QUE LEVAM MUITO, MAIS NUNCA HAVERÁ ALGUÉM QUE NÃO DEIXE NADA. ESSA É A PROVA EVIDENTE DE QUE DUAS ALMAS NÃO SE ENCONTRAM POR ACASO”.
São palavras do poeta e escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Foram por mim escolhidas para iniciar esta mensagem, porque sempre acreditei em um significado com essência de “transcendência espiritual”, para a nossa existência nesta dimensão de vida e em muitas outras infinitas (de necessidades de melhorias em todos os sentidos). Sempre acreditei que todos nós temos uma missão existencial e espiritual bem definida. Ninguém vive, simplesmente por viver. Não sei, mas talvez também seja essa uma das explicações para a aceitação dos nossos encontros e desencontros. Certo é que o fluir do nosso ciclo de vida é personalíssimo, individual, só nos pertence. Nós temos uma singularidade que precisa ser descoberta (para nós mesmos) através das “projeções sensórias” recebidas da nossa “subjetividade interior”. Gosto deste “pensar” de OSHO, encontrado logo no começo da introdução do seu livro “A jornada de ser humano”, traduzido por Magna Lopes, lançado no Brasil pela Editora Academia, com todos os direitos reservados à Editora Planeta, que recomendo a leitura:
– O homem nasce com uma potencialidade desconhecida, misteriosa. Sua face original não está disponível quando ele vem ao mundo. Ele tem de encontrá-la. Ela vai ser uma descoberta, e aí está sua beleza.
As conhecidas práticas de “autoconhecimento” são as formas que mais favorecem a nossa “conexão interior”. Concebendo a meditação como sendo um dos caminhos para um maior conhecimento da nossa interiorização (assim como também entendo que se aplica à prática da yoga), esclarece a psiquiatra Sofia Bauer, com especialização em Psicologia Positiva:
– A origem da palavra ‘meditar’ tem sua raiz latina em meditatum, que significa ponderar. Entretanto, o conceito mais comum é o que vem também do latim meditare, que quer dizer ‘estar em seu centro’, ‘voltar-se para o centro’. Também pode ser definida como ‘pensar, para se entender, para exercitar a mente e curar’. Em sânscrito, a derivação da palavra medha é sabedoria. Há inúmeros benefícios advindos da meditação. Os mais concretos, conhecidos e facilmente observados são o equilíbrio emocional, o equilíbrio mental, físico (contra doenças), energético, paz interior e um nível superior de consciência. A meditação é uma ferramenta eficiente de pacificação interna, autoconhecimento, descoberta de novos potenciais, de ligação a uma energia superior, de receber intuições para responder questões internas de desenvolvimento individual.
Por sua vez, também merece ser destacado que em nossas buscas interiores de “autoconhecimento”, esse “voltar-se para si mesmos”, esse estado de “escutar solitário”, é condição necessária e muito benéfica. A respeito, esclarece a psicóloga e psicanalista Magda Khouri, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, em entrevista publicada na Edição 136 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:
– Na perspectiva psicanalítica são múltiplas as modalidades do ser na solidão. Assim como na história, vemos como o sentimento de solidão tem suas características específicas em cada cultura. Pode ser benéfica a solidão como momento de escuta de si próprio, do silêncio necessário para os processos psíquicos serem elaborados. De certo modo, no recuo do circuito social, também temos a oportunidade de sair de nós mesmos para mergulhar nas coisas do mundo. Entre as várias concepções, há uma outra solidão que é próxima à capacidade de estar só, escrita por Winnicott, que se trata de um modo particular de estar consigo mesmo, podendo usufruir os aspectos criativos dessa experiência. O momento inaugural, segundo o autor, é quando a criança é capaz de brincar só ao lado da mãe. Nessa linha de pensamento, é no brincar que tanto o adulto como a criança “fruem na sua liberdade de criação”.
Acrescento o cuidado que devemos tomar com a percepção sensória das nossas “realidades exteriores”, assim explicada pelo doutor Eduardo Shinyashiki, mestre em Neuropsicologia:
1. A Psicologia Cognitiva definiu como distorções cognitivas as modalidades interpretativas que distorcem a realidade e que são a base dos pensamentos automáticos e disfuncionais que caracterizam o diálogo interno negativo. Algumas dessas modalidades disfuncionais de criar atalhos e interpretar a realidade e as experiências da vida são bem comuns.
2.O fato é que nossa mente tende a confirmar a imagem pré-constituída que temos da realidade, tende a encontrar coerência entre o próprio mundo interior e a realidade externa, pois o primeiro objetivo da mente não é a verdade ou a felicidade, mas é encontrar essa coerências. As convicções, as lembranças das experiências passadas, as crenças, os julgamentos, todos os atos mentais são um esforço da nossa mente para dar significado à realidade e tentar compreendê-la.
3. Nos estudos atuais da Psicologia e da Neurociência nos é mostrado que não é a situação externa em si que determina as nossas reações emotivas, pois o mesmo tipo de evento pode ter consequências emocionais diferentes e muito variáveis entre pessoas. Entre os eventos e as nossas reações intervêm os pensamentos, as convicções, as experiências, as modalidades com as quais interpretamos aquilo que observamos e nos acontece no mundo.
Termino, com este belo e significativo “sentir” de Carl Jung:
– QUEM OLHA PARA FORA SONHA. QUEM OLHA PARA DENTRO DESPERTA.
Notas:
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2.As citações da psiquiatra Sofia Bauer e do doutor Eduardo Shinyashiki, foram reproduzidas das edições 136 e 149 da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.