“SONHOS SÃO PROCESSOS NATURAIS QUE EXISTEM EM PARALELO AO SISTEMA ORGÂNICO E PSICOLÓGICO, A FIM DE PROPICIAR MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO EM BUSCA DO EQUILÍBRIO FÍSICO E EMOCIONAL DO SUJEITO SONHADOR”
Essa síntese do entendimento de Jung está contida no artigo “A importância dos SONHOS”, dos psicólogos Beatriz Acamparato e Silva de Oliveira e João B. de Oliveira Filho, publicado em junho de 2013 na Edição 90, Ano VII, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora ESCALA. Eles sustentam que os nossos sonhos “podem também sugerir uma autorrepresentação da estrutura da psique, fazendo um teatro de operação com a possível, ou mais aceitável, estrutura do ego. Seria como um treinamento para a adaptação necessária ao processo de individuação, crescimento psicológico do sonhador”.
O “sentir” e “pensar” de Jung foi por mim escolhido para iniciar esta mensagem, com a finalidade de mostrar (como, aliás, assim entendo) que os nossos “sonhos” também são fontes de “autoconhecimento”. A respeito, esclarece o neurocientista e pesquisador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Sérgio Arthuro, especificamente sobre os sonhos lúdicos:
– O sonho lúdico é um tipo especial de sonho em que sabemos que estamos sonhando. (…) Os sonhos são decorrentes da atividade do cérebro enquanto estamos dormindo. Têm a ver com os nossos pensamentos e memórias de experiências passadas, bem como planos para o futuro, desejos e preocupações. Quando sonhamos com uma pessoa dizendo algo que achamos interessante ou importante, é claro que não foi realmente ela que falou, mas, sim, a nossa própria consciência projetada nela. Dessa forma, antes de querer entender o mundo, como disse Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. Analisando nossos sonhos, podemos compreender melhor quem somos.
Gosto e peço atenção para esta explicação do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:
– Nossas figuras internas, muitas delas desconhecidas, aparecem em nossos sonhos. Elas nos indicam uma direção a seguir, como coparticipantes de nosso destino. Nem sempre as escutamos. Por vezes, não as compreendemos. Outras, achamos que elas explicam acontecimentos do cotidiano apenas para lembrar que eles existiram. E, frequentemente, queremos categorizá-las. Como se os fenômenos do mundo das trevas interior pudessem ser explicados com o nosso habitual modo de pensar. Essas imagens, grosso modo, querem, somente, sinalizar nossa incompletude veiculada pela solidão e pela saudade.
Nossos sonhos podem ser fantásticos e alucinatórios ou, apenas, aparecer como o cotidiano vestido na roupagem dos acontecimentos comuns e sem sentido para a consciência. Outras vezes trazem a vivência do momento, reeditada com a transcrição de experiências passadas, governadas pelos medos, desejos e esperanças. Quando não atendemos às orientações desses personagens e acontecimentos internos, mas, apenas tentamos nos adaptar ao mundo externo no que esperam de nós, corremos o risco de perder a individualidade. Isso significa viver uma vida fútil e sem sentido.
Por sua vez, na sua aferição analítica da obra “Duas Narrativas Fantásticas: A Dócio e O Sonho de um Homem Ridículo”, de Fiódor Dostoiévski, lançada no Brasil pela Editora 34, esclarece o doutor Carlos São Paulo:
– Nossas sensações e afetos são vestidos com imagens que vão aparecer em nossos sonhos. Essas imagens traduzem símbolos, que se agrupam para descrever o mito que melhor manifesta na ordem interior, que inclui o que é pessoal como, também, o que vai além dele. O mito (e a metáfora) é, talvez, a única linguagem do nosso cérebro arcaico, que pode revelar as “verdades” mais profundas da natureza humana. Dessa forma os sonhos nos ajudam a escolher o caminho que conecta nosso pequeno eu à imensidão do desconhecido, para cumprirmos a nossa evolução.
Termino esta mensagem, com este meu “pensar”:
– Se no final do século XX, Freud e Jung consolidaram as bases do entendimento psicanalítico de que os nossos sonhos têm origem no inconsciente, é o que basta para reforçar o meu convencimento de que os “sonhos” também são fontes de “autoconhecimento”.
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2.As citações do neurocientista Sérgio Arthuro e do doutor Carlos São Paulo foram reproduzidas das edições 123,
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Muita paz e harmonia espiritual.