(465) Sentindo uma profunda demonstração de “autoconhecimento”.

Conquista progressivamente uma concepção de si mesmo como uma pessoa de valor, autônoma, capaz de fundamentar os próprios valores e normas na sua própria experiência.

Aconselhamento do psicólogo americano Carl Rogers (1902-1987) que desenvolveu o humanista acompanhamento chamado Abordagem Centrada na Pessoa, explicado no seu proveitoso livro “Tornar-se Pessoa”, publicado pela Editora Martins Fontes. Inicio este nosso encontro com este ensinamento do filósofo inglês John Locke (1632-1675), que ficou conhecido como sendo “o pai do liberalismo” (resumido, com estas minhas palavras): – Tudo que sabemos são resultados das nossas experiências sensoriais, que transmitem os significados das nossas interações de realidades existenciais.

Sabemos que a “mente humana” espelha todas as percepções do nosso “sentir interior”. Pergunto: Como explicar os significados das nossas imagens sensoriais? Respondo: Pelas nossas interpretações objetivas ou subjetivas, porque nós somos “seres únicos” possuidores de composições de identidades personalíssimas, individualizadas, que compõem os “mosaicos emocionais” elaborados pelas nossas vivências existenciais.

Esta mensagem foi motivada pelas considerações da doutora em Filosofia pela PUC-SP, Monica Aiub, sobre a nossa necessidade “REPENSAR A VIDA”, que pode ser subjetivamente avaliada por acompanhamento feito em um Consultório de Filosofia [complemento: e também pelos conhecidos acompanhamentos psicoterápicos]. Ela entende que sobre tudo que acontece em nossas vidas, precisamos desenvolver a nossa capacidade de “PENSAR”. Vejam estas suas considerações, publicadas na Edição 180 da Revista humanitas, da Editora Escala:

– “As dimensões éticas do consultório de filosofia atuam como uma provocação para avaliar motivos e consequências de nossas escolhas – para nós mesmos e para o mundo – e ratificá-las ou retificá-las em um exercício constante de reflexão. Quando me perguntam o que se faz no consultório de filosofia, a primeira resposta que surge é pensar, pensar junto com outra pessoa.
As questões sobre as quais pensamos podem ser as mais variadas, mas, em geral, partem da vida e a ela retornam. É comum nos ocuparmos tanto com as demandas cotidianas que nos sobra pouco tempo para a vida que temos. Projetamos futuros possíveis, mas nem sempre avaliamos o quanto são realmente possíveis. Revisitamos o passado, mas nem sempre compreendemos o que vivemos nem o quanto o vivido nos torna quem somos. Por vezes sentimos algo estranho, uma sensação de haver algo errado, uma certa insatisfação, uma dor difusa, um incômodo pouco definido… E muitas dessas vezes optamos por deixar para lá, não olhar para o que nos retira da rotina diária. No entanto, problemas existem e atravessam nosso caminho, tirando-nos da rota comum, invadindo nosso cotidiano e nos desconcertando. Diante deles, nós nos sentimos sem rumo e somos provocados a alterar a vida, movimentar o nosso existir. Então nos perguntamos: o que aconteceu? Por quê? Como? Quando? Para quê? O que fazer? Nem sempre temos respostas e às vezes nossas perguntas nos enredam mais que os próprios problemas. Nós nos perdemos, rodamos em círculos intermináveis sem sair do lugar, nos culpamos, agimos de modo a criar mais e mais problemas… Pode até parecer que não há saída, não há o que possa ser feito, afinal, nem sequer conseguimos compreender o que aconteceu.
Em momentos assim, é importante falar sobre isso. Falar nos ajuda a desabafar, a olhar para as questões que incomodam, formulá-las e, o mais importante, a nos ouvir. Mas falar para quem? Poderia ser para nós mesmos, para um espelho, para uma “inteligência artificial”…
Sabemos que falar para nós mesmos pode nos manter no mesmo círculo, nos dispersar. Falar para um espelho ou para um sofware também não nos traz a interlocução necessária. Podemos ter como interlocutores amigos, familiares, conhecidos, mas talvez nossos assuntos não recebam a devida atenção, ou tenhamos receio de possíveis julgamentos daqueles que nos acompanham na vida. Podemos ainda temer que nossas inquietações provoquem preocupações e angústias maiores nas pessoas que amamos. Ou talvez tenhamos medo de nossas vulnerabilidades serem exploradas e utilizadas contra nós, ainda que não intencionalmente. Esses são alguns dos muitos motivos pelos quais muitas vezes evitamos conversar sobre o que nos aflige.

Que belo exemplo de “autoconhecimento”!

Pensem nisso.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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