(391) Sentindo a subjetiva amplitude existencial e espiritual da nossa “percepção”. (Parte I)

Jamais perca a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe a alma.

São palavras de Clarice Lispector (1920-1977), na sua vigésima sexta participação nesta nossa caminhada para o “autoconhecimento” [vejam a indicação dos nossos encontros anteriores, no final desta mensagem]. Um exemplo de ser humano que nesta dimensão de vida, teve a missão existencial e espiritual de revelar pela escrita a percepção interior da sua “sensibilidade da alma”. Também nascida no mesmo ano de Clarice, pela primeira vez vamos conhecer outro ser iluminado. Refiro-me à artista plástica brasileira, nascida na Polônia, Fayga Ostrower (1920-2001), que foi com merecido reconhecimento internacional uma atuante incansável como gravurista, pintora, desenhista e dedicada professora de teoria da arte.

Na primeira aba da 2ª edição do seu livro, “Sensibilidade do Intelecto“, publicação da Editora CAMPUS, com prefácio de Leonardo da Vinci, vejam o que escreveu o escritor e filósofo Leandro Konder sobre a “percepção da arte” sentida por Fayga:

[Ela] examina com incansável atenção o modo inevitavelmente ativo e seletivo que os seres humanos têm de perceber a realidade, o contexto em que se encontram: antes da percepção, os sujeitos humanos já estão predispostos a interpretar as impressões que lhes chegam de acordo com certas conveniências vitais. A percepção, como nos ensinam os teóricos da Gestalt, é uma síntese. E não é ‘neutra’. Fayga nos convida a refletir sobre o fato de estarmos sempre construindo e reconstruindo imagens globais em nossas mentes, num “jogo’ cujas regras estão constantemente mudando.

Como estudioso das artes o que motivou este nosso encontro foi querer externar o meu entendimento no sentido de que a “percepção humana“, como manifestação interior, é única como faculdade de “examinar”, de “apreender” pelos nossos sentidos, com a nossa capacidade de “sentir” e de “contemplar”.

Vejam esta pequena seleção do que já falaram sobre “percepção”: Carl Rogers, no seu livro Tornar-se Pessoa, pg. 31: “Verifiquei que me enriquece abrir canais através dos quais os outros possam comunicar os seus sentimentos, a sua particular percepção do mundo.” , Aristóteles: “O valor fundamental da vida depende da percepção e do poder de contemplação ao invés da mera sobrevivência.” , Albert Einstein: “A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso passará pela vida sem ver nada.” , Immanuel Kant: “Experiência é percepção compreendida.” , Johann Goethe: “O homem com percepção suficiente para admitir suas limitações é o que mais se aproxima da perfeição.” , Gustave Flaubert: “Não há verdade, só há percepção.” , William Blake: “Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito.” e Bertrand Russell: “O mundo está cheio de coisas mágicas que pacientemente esperam que a nossa percepção fique mais aguçada.”

Termino com este sublime “sentir” de Fayga Ostrower:

– “A ARTE É UMA NECESSIDADE DE NOSSO SER, UMA NECESSIDADE ESPIRITUAL TÃO PREMENTE QUANTO AS NECESSIDADES FÍSICAS.

Continuaremos no nosso próximo encontro.

Notas:
1. Mensagens anteriores, enriquecidas com o sentir de Clarice Lispector: 038, 039, 123, 185, 190, 261, 271, 275, 277, 309, 318, 320, 326, 329, 348, 359, 360, 361, 362, 368, 370, 373, 378, 386, 388 e 390
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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