(505) Sentindo a sensação de Plenitude Divina, em nossos “estados de graça”.

O senhor já se sentiu alguma vez em estado de graça? Eu, humildemente, já senti mais de uma vez. Morro de saudade de sentir de novo, mas tanto já me foi dado que não exijo mais.”

São palavras de Clarice Lispector (1920-1977) em uma das suas perguntas feitas ao pensador Alceu Amoroso Lima (1893-1983) que, em vida, foi membro da Academia Brasileira de Letras e usou o pseudônimo Tristão de Ataíde quando se tornou crítico em “O Jornal”. Um exemplo de ser humano religioso, que na sua época sempre foi muito antenado com as realidades do nosso país. Talvez tenha sido por isso que foi merecedor dos seus cem anos de vida. Ele respondeu:

– “Cada momento de despreocupação total em relação às coisas humanas é, para mim, um estado de graça. Sinto-o como a presença de Deus, que é sempre inefável e intraduzível, como o Silêncio. Por isso mesmo há dias cheios de graça. E semanas vazias dela. Nunca de tudo, sem dúvida, o essencial é ter sempre as janelas abertas à chegada da Graça, que é sempre imprevista e representa a Inspiração sobrenatural para todos, como esta, no plano da vida natural, é a graça para os poetas ou para os nossos momentos de poesia.”

A escolha de Alceu para enriquecer esta nossa caminhada para o “autoconhecimento” – uma jornada de transformação interior, foi motivada pelo seu profundo sentimento de “”. Vejam mais esta sua resposta, ao ser perguntado por Clarice “se acha que só a prática da religião bastaria para resolver os problemas de reivindicações dos jovens”. Alceu, respondeu:

– “Não. Não se pode dissociar, na vida individual como na vida social, a vida religiosa, propriamente dita, da vida doméstica, cultural, econômica e política. Nem mesmo pode haver uma vida religiosa sadia em que as vidas política e econômica, cultural e doméstica não estejam organizadas racionalmente”.

Sobre o nosso “livre-arbítrio”, Clarice perguntou: – “Se somos produtos da criação divina, e por ele controlados, em que consistiria o livre-arbítrio do homem?” Alceu respondeu:

– “A grandeza do homem está precisamente em ser o único animal que tem o dom de negar a Deus. E, portanto, o mérito de o reconhecer livremente. E o adorar”.

Não vou comentar as manifestações desses sentimentos de Alceu Amoroso Lima, que são de uma objetividade cristalina; mas vou dividir com vocês estas imagens de um outro exemplo de “estado de graça”, com esta interpretação da cantora “Fafá de Belém”:

Notas:
1. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta mensagem, dependem de prévia autorização (Lei nº 9.610/98).
2. Havendo nesta mensagem qualquer alegação ou citação que mereça ser melhor avaliada ou que seja contrária aos interesses dos seus autores, mande sua solicitação para edsonbsb@uol.com.br
3. As partes da entrevista com Alceu Amoroso Lima, foram reproduzidas do livro “Clarice Lispector – entrevista grandes personalidades, com organização e notas de Claire Williams e tradução da introdução feita por Clóvis Marques, publicação da Editora Rocco, que recomendo para todos como leitura leitura obrigatória.
4. Fafá de Belém cantando Nossa Senhora, vídeo reproduzido do YouTube.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!
Copy Protected by Chetan's WP-Copyprotect.