(282) Sentindo, com a pandemia do coronavírus, como devemos “REPENSAR A VIDA”.

“A BELEZA DA SENDA INTERNA É UMA MARAVILHA QUE, QUANDO VIVENCIADA, PARECE ILUMINAR A MENTE. COMEÇAMOS A COMPREENDER QUE TODAS AS EXPRESSÕES DA VIDA, DESENCADEADAS POR EVENTOS EXTERNOS, NA VERDADE ESTÃO DENTRO DE NÓS, E TRANSCENDEMOS UMA DAS GRANDES ILUSÕES DO SER HUMANO”
São palavras do filósofo Barry Bowden (1945-2010). Merecem ser pensadas por nós, durante o isolamento social contra o coronavírus. Certo é que ninguém estava preparado para essa pandemia. Por outro lado, temos que reconhecer que a vida da gente é um eterno “aprender”.

Terminei a mensagem anterior, desejando que esta série sobre o coronavírus seja aproveitada para um nosso “REPENSAR A VIDA”. Comece agora. São muitas as perguntas que devemos fazer para nós mesmos, principalmente sobre como subjetivamente estamos vivenciando essa triste e assustadora realidade do coronavírus. Precisamos tomar muito cuidado com os efeitos psicológicos de algumas perguntas, como esta que tenho escutado com as divulgações diárias do crescente número de mortes em todo mundo:

– QUAL SERÁ O FINAL DE TUDO QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Todos nós sabemos que a preocupação com o futuro, é uma natural tendência humana. Há muito vem sendo estudada. Em notícia publicada em dezembro de 2016, na revista Cerebral Cortex, tomei conhecimento de que pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Boston estão identificando as regiões cerebrais relacionadas à nossa atividade de “imaginar o futuro”. Eles descobriram que o hipocampo, estrutura fortemente associada a memória e orientação espacial, é também uma área-chave nesse processo. O que ainda não se sabe é de que maneira ele participa nessa imaginação. Registro, que não tenho acompanhado os resultados atualizados desses estudos. No mesmo sentido, no seu artigo “É possível preparar o cérebro”, explica a psicóloga Miriam Rodrigues, especialista em Psicologia Clínica e Medicina Comportamental, pela Unifesp:

– Imaginar o futuro. Seria talvez essa a única coisa que nós seres humanos conseguiríamos fazer de diferente dos animais? E mais que imaginar, sermos capazes de classificar os conteúdos dessa imaginação entre bons ou maus, prósperos ou desastrosos, com finais felizes ou infelizes, e essas classificações predisporem a muitas de nossas ações. Oscilando entre frases de “tudo vai dar certo” nos impulsionando para o ato de que queremos fazer muitas coisas e entre “nem adianta tentar, não há nada a ser feito”, fazendo com que nos atolemos no sofá, não nos movendo para nenhuma ação. Essas provocações são apenas para começarmos a falar sobre aquela velha analogia de como enxergamos o copo. Meio cheio ou meio vazio?

Gosto desta análise da pesquisadora Michele Müller, especialista em Neurociências e Neurologia Educacional, feita no seu interessante e consistente artigo “MENTE presente”:

– ESTAR NO MOMENTO DE AGORA PERMITE DESLIGAR A CAPACIDADE CEREBRAL DE ALERTAR PARA AS POSSIBILIDADES QUE PODEM ESTAR NOS AGUARDANDO. / Devemos lembrar que qualquer pergunta que nos fazemos mentalmente vem com todos os tipos de possibilidades – tanto negativas quanto positivas. Criadas e alimentadas pela mente ausente, essas presunções estão quase sempre erradas. Errar nas positivas pode trazer uma enorme frustração. Errar nas negativas – sempre as mais comuns e acompanhadas de evidências que construímos com mestria – nos coloca em constante estado de preocupação. Coisas ruins acontecem, mas é bom trazer à consciência que nossas temíveis previsões muito raramente correspondem à realidade e que, mesmo em momentos difíceis, o cenário imaginado pode ser muito pior que o evento real.

Considero oportuno e merecedor da nossa atenção, este entendimento conclusivo da doutora Michele:

– Quebrar a moldura do absolutismo e aceitar o incerto, tanto no campo individual como universal, requerem reconhecer o que de fato está sob nosso controle e deixar fluir sem resistência aquilo que não está. Esse exercício de confiança na vida nos mantém atentos às necessidades de mudanças e evolução, nos ensina que diferentes pontos de vistas são enriquecedores e nos permite um contato mais íntimo e realizador com as belezas que a ansiedade geralmente oculta.

Estou convencido de que nós possuímos o poder de criar as nossas realidades, sejam as de adaptações ao nosso “mundo exterior”; sejam as do o nosso “mundo imaginário”.

No meu isolamento social tenho pensado muito nos cuidados que devem ser ensinados e observados, nas nossas interações com os “autistas” e “deficientes visuais” (Sugestão de leitura complementar: mensagens 216 e 224). Iniciei a última mensagem da série dedicada aos “deficientes visuais”, com este meu “sentir”:

– As imagens do nosso “mundo interior”, nem sempre são por nós conhecidas ou definidas pelas “impressões sensoriais” que nos causam. É diferente do que acontece com as “imagens sensitivas” dos nossos “sentimentos, que podem ser por nós avaliadas quando conhecemos a natureza perceptiva das nossas experiências vivenciais. Por sua vez, as imagens recebidas do nosso “mundo exterior” são elaboradas pelos conceitos cerebrais subjetivamente emergentes do nosso modo de “sentir”. É por esta razão que para muitos, a realidade não existe fora da mente. Muitas delas são criações imaginárias. Aliás, sobre essa nossa capacidade de “imaginar a realidade”, esclarece Suzanne Langer nos seus “Ensaios Filosóficos”: “Embora a imaginação constitua nosso mundo, isso não quer dizer que o mundo seja uma fantasia e nossa vida um sonho. O que significa que o mundo é maior que os estímulos que o cercam.”

Agora, prestem atenção nesta afirmação da doutora Michele Müller, no seu artigo sobre a nossa “flexibilidade cognitiva”:

– O cérebro é projetado para aprender e mudar com a aprendizagem, mudar e aprender com a mudança. Sua complexidade nos possibilita desde mudanças rápidas de foco, quando recebemos estímulos diferentes, a transformações profundas na forma como agimos e pensamos, de acordo com a necessidade e o ambiente. Quanto mais nos permitimos conhecer o incerto, mais treinamos a capacidade de adaptar a forma de agir e de pensar de acordo com a necessidade que encontramos. A flexibilidade cognitiva depende das mudanças e ao mesmo tempo as torna possíveis.

Com a pandemia do coronavírus, estamos experimentando mudanças do tipo “reativas”, que são aquelas em que reagimos às condições que nos são impostas pelo ambiente. Nesse cenário de imprevisibilidades e de muitas incertezas, devemos, sempre que possível, aproveitar para “REPENSAR A VIDA”. Como entendo, precisamos começar exercendo a nossa capacidade de observar a “si mesmo”, favorecendo a compreensão perceptiva do nosso subjetivo processo de “adaptação interior” a tudo que estamos vivenciando. Reconheço que no meu caso, tenho sido muito ajudado pelo “despertar interior” da minha “funçao buddi”(sem tradução para o inglês), que em sânscrito significa “intuição espirital”. Foi essa função que me iluminou para a criação desta nossa jornada para o “autoconhecimento”(mensagem 001).

Complemento, pedindo a sua atenção para este “sentir” da psicóloga Fernanda Tochetto, estudiosa da “reciprocidade, no aspecto pessoal das nossas interações”. Em entrevista concedida ao jornalista Lucas Vasques Peña, publicada na edição n.164 da revista PSIQUE, da Editora Escala, manifestou este seu entendimento:

– O QUE SE PASSA NOS NOSSOS PENSAMENTOS SE REFLETE NA NOSSA VIDA, NOS NOSSOS RESULTADOS. FAZER PERGUNTAS PARA SI MESMO PODE AJUDAR VOCÊ A DAR CONTA DO QUE VOCÊ PRECISA.

Se você gostou desta mensagem, ajude divulgar. Foi a maneira que encontrei para, nesta triste e preocupante realidade das nossas vidas, ajudar as pessoas!

Notas:
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2.As citações da psicóloga Miriam Rodrigues e da pesquisadora Michele Müller foram reproduzidas, respectivamente, das edições 152 e 131 da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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