É muito conhecido este “sentir” de Carl G. Jung: – “Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora sonha. Quem olha para dentro desperta.” É esse o olhar de toda a nossa caminhada de “autoconhecimento” (mensagens 001). É o olhar para “si mesmos” (mensagens 118 e 197). O olhar para a nossa singularidade “existencial” e “espiritual” (mensagem 195). Mas há um outro olhar que merece a nossa atenção, quando decidimos exercitar práticas de interiorização (como a “meditação” e a “yoga”). Refiro-me ao olhar para os “horizontes sensórios” da nossa “expansão de consciência” (mensagens 066 e 156). Devemos entender esse olhar em sintonia com as novas descobertas da física quântica. Explica o doutor Amit Goswami, professor e físico quântico da Universidade de Oregon, na entrevista publicada na Edição 71, Ano 16, da Revista SOPHIA, lançada no Brasil pela Editora Teosófica (nota: numerei, por limitação de espaço):
1.Os objetos não são coisas definidas, como nós estamos acostumados a ver. Newton nos ensinou que os objetos são coisas definidas, que podem ser vistas ao tempo todo, movendo-se em trajetórias definidas. Não é assim que a física quântica vê os objetos. Nela, os objetos são vistos como possibilidades, ondas de possibilidade. Então, surge a questão: o que converte a possibilidade em atualidade? Porque, quando vemos, vemos apenas acontecimentos atuais. Quando você vê uma cadeira, você vê uma cadeira atual, não uma cadeira possível. 2. O universo, para existir, necessita que um ser tenha consciência dele. Sem um observador, o universo existe apenas como um potencial abstrato, uma possibilidade, exatamente como sempre afirmou o misticismo oriental. 3. A consciência é transcendente. Você consegue, exatamente aí, percebe a visão que transforma o paradigma – como se pode dizer que a consciência cria o mundo material? O mundo material da física quântica é pura possibilidade. É a consciência, através da conversão da potencialidade em atualidade, que cria o que vemos como manifesto. Em outras palavras, a consciência cria o mundo manifesto.
O que motivou esta mensagem foi o meu atual convencimento (sujeito à modificação) de que em todas as nossas “buscas interiores” de “autoconhecimento” (sejam através de práticas individuais ou em grupo), nós podemos alcançar melhores resultados quando essas modalidades estiverem associadas ao prévio e consciente “reconhecimento sensório” do nosso potencial interior de estados de “expansão de consciência”. Foi a minha conclusão, após a leitura desta afirmação do Psicólogo Leonardo Mascaro, com especialização nos EUA em neurofeedback, contida na sua abordagem sobre “A Meditação por Bio-Feedback como ferramenta no setting terapêutico”, publicada na Edição 57, Ano V, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:
– Meditação não é uma técnica, mas sim, um estado de consciência que emerge de uma configuração de ondas cerebrais bastante específica, somente atingida (na maioria dos seres humanos) por treinamento. Neste estado, se abrem os canais de comunicação entre consciente e subconsciente fornecendo as condições para que o acesso ao material psicológico profundo, bem como a potenciais latentes e à nossa criatividade, possa se dar.
Entendo que esse estado de “expansão da consciência” também se aplica às diversas técnicas da prática da “yoga”. Mas os seus exercícios precisam ser executados com “atenção plena” (o que também deverá ser observado em todos os métodos de “meditação”). Explica a jornalista cientifica Carrie Arnold, no seu esclarecedor artigo “Algo errado no corpo”, sobre a nossa percepção de estímulos internos e externos, publicado na Edição Especial 54, Ano XI, da Revista Mente e Cérebro, lançada no Brasil pela Editora Segmento, com conteúdo estrangeiro licenciado pela Scientific American:
– Parece lógico (…) que construir uma melhor consciência interoceptiva possa não só favorecer a imagem corporal como também tornar menos frágeis os nossos sentimentos sobre si. A atenção plena, uma técnica mental focada no presente sem elaborações ou julgamentos, pode ser uma grande aliada para reforçar a capacidade de perceber o corpo. Diversos estudos da última década mostram que esse tipo de prática, aliada à psicoterapia, melhora significativamente a qualidade de vida de pacientes com distúrbios alimentares e transtorno disfórmico corporal. “Isso ocorre porque, ao aprender a se concentrar nas próprias sensações físicas do aqui e agora, as pessoas ampliam sua capacidade de interocepção”, afirma a psicóloga clínica Tiffany Rain Carei.
Assim como outros pesquisadores, ela tem utilizado a ioga aliada à psicoterapia para tratar pessoas com transtornos alimentares. Certas formas da técnica, como a hataioga ou vinyasa, incentivam o praticante a se concentrar na respiração e nas diferentes sensações corporais produzidas por cada posição – o que é fundamental para desenvolver a atenção plena [nota: Entenda-se essa capacidade de interocepção, como sendo a percepção sensória de estímulos e variações no interior do corpo.].
Notas:
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3.Vídeo do youtube (“GIOVANNI MARRADI – Somewhere intime”).
Muita paz e harmonia espiritual.