(393) Sentindo a subjetiva amplitude existencial e espiritual da nossa percepção. (Parte Final)

Aqui
nesta pedra
alguém sentou
olhando o mar

o mar
não parou
para ser olhado
foi mar
para tudo quanto é lado..

Essa poesia do poeta, músico, crítico literário, jornalista, publicitário e professor, Paulo Leminski (1944-1989), foi por mim escolhida como exemplo de criação interior de uma “percepção humana”. Isto porque não sei nada sobre a sua origem. Explico: Se Paulo poetizou transferindo pela escrita a sua inspiração ou se externou a subjetividade do seu “sentir” diante de uma pedra esculpida na natureza, pelos encontros com as águas do mar. Como estudioso e apreciador de todas as manifestações artísticas, considero ter sido uma inspiração sensorial modelada pela nossa “percepção inconsciente”.

Vários filósofos procuraram entender a nossa “percepção”. Dentre eles, o empirista irlandez George Berkeley (1685-1753), que dizia: “Ser é ser percebido, o mundo se apresenta para mim como ele é.” , Schopenhauer (1788-1860) ensinava: “O mundo se divide entre o que percebemos pelos nossos sentidos (fenômenos) e as “coisas em si (números).” e o francês Maurice Merleau-Ponty, explicava: “O homem está no mundo, e é no mundo que ele conhece.”

Termino com este ensinamento de Fayga Ostrower, no seu livro “A Sensibilidade do Intelecto, que recomendo para todos como leitura obrigatória:

A percepção focaliza seletivamente alguns estímulos, selecionando-os segundo critérios pessoais que permanecem largamente inconscientes, ainda que não excluam o consciente. Concomitantemente, as sensações geradas pelos estímulos são elaboradas em termos de conteúdos emocionais e intelectuais. É preciso ficar claro que tais conteúdos estão presentes e fazem parte integrante do ato de percepção. Ou seja: não há uma sequência cronológica, não são coisas separadas que acontecem, de primeiro percebemos e depois interpretamos certos conteúdos. O próprio perceber já traz estes conteúdos emocionais e intelectuais. E, ainda concomitantemente, além de perceber e interpretar, também vivenciamos nossas interpretações.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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