(286) Sentindo “como é ser humano” com responsabilidade social, durante a pandemia do covid-19.

“É PRECISO ESTAR ABERTO PARA O INCERTO, PARA O INESPERADO. É PRECISO SER SENSÍVEL AO FRACO, AO ACONTECIMENTO QUE NOS SURPREENDE”
São palavras do sociólogo e filósofo francês Edgar Morin. Mais um exemplo do seu modo de transmitir a subjetividade das suas análises, todas com manifesta consistência de sabedoria de vida. Não sei o contexto em que foram usadas, mas aprendi com o psicólogo Lev S. Vygotsky (1896-1934) que o sentido de uma palavra envolve os eventos psicológicos que ela desperta em nossa consciência, com significados definidos pelo alcance da sua utilização. Entendo que o “sentir” de Edgar Morin também se aplica à pandemia do covid-19. Realmente, muitos de nós ficamos “sensíveis”, “assustados” e “fragilizados”, precisando de “controle emocional” para experimentar o “inesperado” dessa nossa atual “realidade”.

No mês passado, Edgar Morin concedeu entrevista ao jornal francês CNRS. Merece a nossa atenção, estas duas respostas sobre a pandemia do covid-19 na França:

1. Sobre a sua regra de vida.
Edgar Morin. Não vivo em permanente ansiedade, mas espero que eventos mais ou menos catastróficos ocorram. Não estou dizendo que previ a epidemia atual, mas digo, por vários anos, que com a degradação de nossa biosfera, devemos nos preparar para desastres. Sim, faz parte da minha filosofia: “Espere o inesperado”. Além disso, eu me preocupo com o destino do mundo depois de ter entendido, quando li Heidegger em 1960, que vivemos na era planetária; em 2000, a globalização era um processo que poderia causar tanto dano quanto benefício.

2. Sobre o que podemos aprender com a filosofia, nesses longos períodos de confinamento necessário.
Edgar Morin. É verdade que, para muitos de nós que vivemos grande parte de nossas vidas longe de casa, esse confinamento repentino pode representar um terrível embaraço. Mas eu acho que pode ser também uma oportunidade para refletir, para imaginar o que em nossa vida é frívolo ou inútil. É também uma oportunidade de nos tornarmos permanentemente conscientes dessas verdades humanas que todos conhecemos, mas que são reprimidas em nosso subconsciente: que amor, amizade, comunhão, solidariedade são o que fazem a qualidade de vida.

Aproveitando a filosofia de vida de Edgar Morin, pergunto para você:

– ESTAMOS SABENDO “ESPERAR O INESPERADO”?

Refiro-me ao “inesperado” dessa triste e preocupante “realidade” que estamos vivenciando com a chegada do Covid-19. Uma “realidade que está exigindo de nós práticas permanentes de comportamentos humanistas, imantados pela energia espiritual da força dos nossos sentimentos de “esperança”, de “união”, e de “solidariedade”. Nós precisamos cuidar do bem mais precioso da espécie humana – a “VIDA”. Nós precisamos ser guiados pela conscientização plena das nossas responsabilidades pessoais e sociais em todos os sentidos do nosso “existir”. Infelizmente não é o que está acontecendo, porque muitos não estão cumprindo as necessárias medidas de proteção das nossas vidas, como as de isolamento social e de permanências externas autorizadas e sujeitas à observância de condições especiais de mobilidades coletivas.

Estou sempre perguntando para mim mesmo: COMO “ACEITAR” E “EXPLICAR” ESSA SITUAÇÃO? Ainda não tenho resposta. É quando lembro do meu interesse pela Filosofia e, principalmente, de Martin Heidegger (1889-1976), um dos filósofos mais influentes do século XX. Ao ser indagado sobre “O QUE É SER HUMANO?”, ele respondia preferir que lhe fosse perguntado “COMO É SER HUMANO?. Nesta mensagem, complemento e pergunto para você:

– COMO É “SER HUMANO” NESTA “REALIDADE” DA PANDEMIA DO COVID-19?

Como acredito, é estar consciente de que todos nós, nesta dimensão de “VIDA”, temos uma missão de melhorias com propósitos que favoreçam o atendimento das nossas necessidades de completudes de natureza existencial e espiritual. “Ser humano” é oportunidade de crescimento individual em todos os sentidos do nosso “viver”, viabilizando-nos um “despertar” interior de aprendizados com essência de elevação espiritual.

Agora, preste atenção neste “sentir do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:

– SOMOS A PONTE ENTRE A PERCEPÇÃO DO MUNDO EM NOSSO ENTORNO – O MUNDO DA LUZ – E O DA PERCEPÇÃO INCONSCIENTE – O MUNDO DAS TREVAS. COMO RESULTADO TEMOS A IMAGEM DO MUNDO EM QUE VIVEMOS, O QUAL NOS ORIENTA NA ADAPTAÇÃO DA NOSSA REALIDADE. O MUNDO DA LUZ NOS DEIXA ALHEIOS AO QUE ACONTECE NA ESCURIDÃO DA ALMA, MAS É NA COMBINAÇÃO DESSAS DUAS CONDIÇÕES QUE NASCE “O ESPÍRITO DO TEMPO”. O FILÓSOFO HEGEL DEFINIU ZEITGEIST COMO “ESPÍRITO DO TEMPO”. TRATA-SE DA ALMA DE UMA ÉPOCA QUE SE EXPRESSA NO CLIMA INTELECTUAL E CULTURAL DO MUNDO. AS INCERTEZAS, A RAPIDEZ DA BUSCA E O EXCESSO DE INFORMAÇÕES DO MUNDO ATUAL PARTE DO “ESPÍRITO DO TEMPO”. (…)
ESTAMOS ENTRE O “ESPÍRITO DO TEMPO” E O “ESPÍRITO DAS PROFUNDEZAS”. PARA DIALOGAR COM ESSAS CONDIÇÕES, PRECISAMOS RESPEITAR NOSSAS FIGURAS DA IMAGINAÇÃO E SABER DAR SENTIDO SIMBÓLICO A ESSES ACONTECIMENTOS PARA QUE O EU CONSCIENTE POSSA ACOLHÊ-LO. ESSA É A TAREFA QUE FAZ O HOMEM PERCEBER SEU RITMO INTERIOR E SEGUIR O SEU CAMINHO ÚNICO. MARCHAR COM O SEU RITMO PESSOAL, RESISTINDO BRAVAMENTE AO BARULHO INFERNAL DOS TAMBORES QUE RUFAM LÁ FORA. ESSE É O DESAFIO PARA EVOLUIR.

A neurociência pode nos ajudar entender o comportamento daqueles que não respeitam as recomendações de isolamento e distanciamento social. Explica a psicóloga Luiza Elena L. Ribeiro do Valle, no seu artigo “Cérebro e Aprendizagem”:

– O cérebro é uma estrutura flexível, que se desenvolve conforme o nível de solicitação. Entretanto, a solicitação do ambiente encontra limites no próprio indivíduo, que atuará conforme seus interesses e/ou necessidades e possibilidades que estão dispostas ao seu redor. É preciso integrar informações e experiências para interferir na capacidade do sistema nervoso central de modificar algumas propriedades morfológicas e funcionais em resposta aos estímulos. Esse fenômeno define a plasticidade cerebral. É quando se aprende. A aprendizagem ocorre durante a vida toda e as descobertas científicas sobre o cérebro podem ser utilizadas para otimizar esse processo, em qualquer fase da vida, não apenas com crianças, ou seja, não somente na fase em que está constatada uma habilidade natural para mudanças.

DEDICO ESTA MENSAGEM PARA TODAS AS MÃES, PORQUE A ELAS DEVEMOS O NOSSO “EXISTIR”. PARA A MINHA, NA MERECIDA DIMENSÃO DE ELEVAÇÃO ESPIRITUAL EM QUE ESTEJA, RECEBA OS MEUS SENTIMENTOS DE GRATIDÃO POR TUDO QUE ELA ME ENSINOU A SER, COMO SOU.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação do doutor Carlos São Paulo, foi reproduzida da sua coluna “Divã Literário”, publicadas nas edições 129, Ano IX da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala; a da psicóloga Luiza Elena L. Ribeiro do Valle, do seu artigo “Cérebro e Aprendizagem”, publicado na edição 112, Ano IX, também da Revista PSIQUE.
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Muita paz e harmonia espiritual.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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