(309) Sentindo a subjetividade das nossas percepções sensoriais de “solidão” (Parte I).

“UMA VEZ QUE A ALMA PERCEBE O QUE PERCEBE, É IMPOSSÍVEL FINGIR O CONTRÁRIO, POIS, SE NÃO HOUVER UMA EXPLICAÇÃO À ALTURA DO QUE FOI PERCEBIDO, ENTÃO OS SENTIMENTOS QUE CIRCULAM CONGESTIONARÃO A ALMA. É ASSIM.” / “HÁ COISAS QUE PODEM MUITO BEM SER SENTIDAS E A ALMA RECEBER PLENAMENTE ESSAS INFORMAÇÕES, MAS QUE, AO MESMO TEMPO, NÃO PODEM SER EXPLICADAS, E NÃO SERIA SÁBIO TENTAR ARGUMENTAR SOBRE ELAS. MELHOR SÓ SENTIR.”
Maravilha! Esta é a vigésima oitava vez que o astrólogo Oscar Quiroga enriquece a nossa jornada para o “autoconhecimento” com a instigante subjetividade de muitas das suas previsões. Foram reproduzidas do seu horóscopo publicado na edição do dia 5 deste mês, do jornal O Estado de São Paulo”. Esse “sentir” de Quiroga está voltado para a necessidade de sempre que possível, serem por nós buscadas explicações para as nossas percepções sensoriais. Tema que tem despertado o meu interesse pela subjetividade das nossas percepções de “SOLIDÃO”.

Começo este nosso encontro pedindo sua atenção para esta explicação que encontrei na análise literária do filme “Medianeras”, feita pela mestra e doutora em Comunicação e Semiótica, Ana Maria Haddad Baptista, em conjunto com Márcio José Andrade da Silva, que é mestre em Filosofia Brasileira e também escreve sobre vídeos:

– A ESTRUTURA DE PENSAMENTO É COMO NOS CONSTITUÍMOS EM NOSSA RELAÇÃO COM O MUNDO, ELA É COMPOSTA POR TÓPICOS QUE IDENTIFICAM ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE NOSSA SINGULARIDADE: COMO VEJO O MUNDO, COMO ME VEJO, MINHAS EMOÇÕES, E MAIS ALGUNS OUTROS TÓPICOS.

Em seguida, esclarecem: “(…) bem, os processos autogênicos são como esses tópicos se inter-relacionam, se aproximam, se afastam, se tencionam, promovendo, dessa forma, nossos movimentos existenciais.”

Dirigido por Gustavo Taretto, o tema do filme está centrado na “solidão urbana”, mostrada na cidade de Buenos Aires pela construção de milhares de prédios, sem nenhum critério de qualquer natureza, compondo, assim, um cenário totalmente prejudicial às relações sociais de convivências humanas. Em setembro de 2011, quando foi apresentado no espaço Reserva Cultural, no Estado de São Paulo, em entrevista concedida à Revista Casa e Jardim, ao ser perguntado se a arquitetura influencia o comportamento das pessoas, Taretto respondeu:

– Influencia muito e, como sociedade, não temos consciência do quanto ela repercute na vida. Ela está presente na rotina, na nossa casa, na organização do trânsito, na superpopulação de certos bairros, que se tornam intransitáveis. Não é a mesma coisa viver em um ambiente que tenha paredes pintadas de branco ou com uma cor escura. Todas as coisas modificam a nossa vida.

São muitas as moradas da “Solidão”. Umas existem dentro de nós, outras fora. Às vezes sentimos “Solidões” vestidas de “saudade”, com as cores dos nossos “quero mais”, “quero de novo”, “quero para sempre”. Delas não gosto quando suas vestes são de “tristezas” e de “perdas indesejadas”, porque machucam o nosso coração. As que mais incomodam são as que se acomodam em nós, torturando-nos a todo instante porque delas é difícil nos livrar.

Todos conhecem as suas “solidões”, do jeito que elas se mostram para nós. Clarice Lispector não escondia de ninguém: “Eu tenho que ser minha amiga, senão não aguento a solidão.” Para Vinícius de Moraes, “a pior solidão é a da pessoa que não ama”. Sêneca, filósofo estoico, dizia para todos que “sentir solidão não é estar só, é estar vazio”. Picasso via na solidão a sua fonte de inspiração; para ele “nada se pode fazer, sem a solidão. Gosto muito desta comparação da escritora e roteirista Adriana Falcão:

– SOLIDÃO É UMA ILHA COM SAUDADE DE BARCO.

No seu mais recente livro, “A estranha ordem das coisas – as origens biológicas dos sentimentos e da cultura”, lançado no Brasil pela Editora Companhia das Letras com tradução de Laura Teixeira Motta, ensina o neurocientista António Damásio:

– OS SENTIMENTOS FORNECEM INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O ESTADO DA VIDA, PORÉM NÃO SÃO MERAS “INFORMAÇÕES” NO ESTRITO COMPUTACIONAL RESTRITO. SENTIMENTOS BÁSICOS NÃO SÃO ABSTRAÇÕES, MAS EXPERIÊNCIAS DA VIDA BASEADAS EM REPRESENTAÇÕES MULTIDIMENSIONAIS DE CONFIGURAÇÕES DO PROCESSO DA VIDA.
A EXPERIÊNCIA SENTIDA É UM PROCESSO NATURAL DE AVALIAR A VIDA RELATIVAMENTE ÀS SUAS PERSPECTIVAS.

Espero você no nosso próximo encontro, com a segunda parte desta mensagem.

Notas:
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2. O vídeo “Poesia urbana (filme “Medianeras”) foi reproduzido do Youtube.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer alegação que mereça ser melhor avaliada ou contrária aos interesses dos seus autores, mande a sua solicitação para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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