(136) Sentindo as nossas “emoções” e “sentimentos”.

Sempre tenho afirmado que o ser humano precisa conhecer as suas “emoções”, seus “sentimentos”, porque revelam para nós, ainda que de modo subjetivo, “significados” da nossa transcendente essência “existencial” e “espiritual”. Assim entendo, porque tudo que se manifesta em nós, de “dentro de nós” e “para nós”, está envolto por um “significado” advindo de uma interior “causalidade sensória”.

Na sua abordagem sobre “Fundamentos Clínicos das Emoções”, explica o psicólogo e terapeuta cognitivo Renato Maiato (Fonte: Revista PSIQUE, edição n. 127, lançada no Brasil pela Editora Escala):

– Há uma enormidade de conceitos sobre emoções. (…) Alguns se centram mais nos processos cognitivos, enquanto outros enfatizam mais o social ou fisiológico. A emoção é puramente fisiológica, sentida no corpo, necessitando de um cérebro que a decodifique para lhe garantir uma semântica (processos cognitivos), uma interpretação que lhe dê significado.

Ao tomar conhecimento dessa respeitada e holística definição (pois não pertenço e nem estou habilitado, profissionalmente, para atuar em nenhuma especialidade na área de saúde), detive a minha atenção para a referência genérica feita no sentido de que a “emoção”, sendo puramente fisiológica, é “sentida no corpo”. No entanto, de acordo com a natureza da proposta deste espaço virtual [delineada na sua primeira mensagem postada com o título “Sensibilidade da Alma”], entendo que todas as nossas “emoções” e “sentimentos” (cujas origens são diferentes, segundo o neurocientista português António Damásio), são projeções da nossa “Sensibilidade da Alma”.

Pergunto:

– Que inspiração interior levou Fernando Pessoa a manifestar este seu “sentir interior” – “dar a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma”?

Certo é que ninguém terá condições de interpretar o sentido dessas palavras de Fernando Pessoa. Ninguém consegue explicar a natureza sensória dessa “bela” percepção interior da sua “Sensibilidade da Alma”.

Toda “emoção” e “sentimento” são personalíssimos. São únicos. Pertencem apenas a cada um de nós. Qualquer tentativa de querer “entender” ou “definir”, será inútil. Será incompleta. Qualquer interpretação será uma mera hipótese. Aplica-se, assim, a mesma conclusão a que chegou Carl Jung, sobre a análise dos sonhos (Fonte: Collected Works, 10 e 16, pars.320/322):

– Qualquer interpretação é uma hipótese, apenas uma tentativa de ler um texto desconhecido. Far-se-ia bem em tratar cada sonho como se fosse um objeto totalmente desconhecido. Olhe-o de todos os lados, tome-o em sua mão, leve-o com você, deixe que sua imaginação brinque com ele.

Sempre considerei serem as nossas “emoções” e “sentimentos”, percepções simbólicas da nossa “interioridade”. Transmitem as matizes do mosaico da “subjetividade humana”. Esse meu “pensar intuitivo”, certamente ajuda entender a criação deste espaço virtual. Isto porque, todos nós somos influenciados por aquilo que sentimos. Nós “somos o que sentimos” e não o que, conscientemente, desejamos ou pensamos ser. Acontece que para conhecer o que “somos”, precisamos vivenciar as nossas “emoções”, os nossos “sentimentos”, mas em sintonia de harmonização interior e de conexão plena com a nossa “subjetividade”. Esse também deve ser o sensório “caminho interior” do “fluir” que favorece, dentro de nós, o “despertar” do nosso “sentir” com a “Sensibilidade da Alma”.

Por sua vez, merece atenção está informação do neurobiólogo Joseph LeDoux, da Universidade de Nova York (Fonte: “O Jogo das Emoções”, por Albert Newn e Alexandra Zinck, publicado no n. 5 da coleção Biblioteca Mente Cérebro, com o título “O desafio das emoções”, lançada no Brasil pela Editora Duetto):

– As teorias cognitivas das emoções apostam na lógica dos pensamentos para explicar e fundamentar acontecimentos emocionais. No entanto, hoje se sabe que emoções podem surgir independentemente do que pensamos.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3. Vídeo do youtube “Preciso te falar – Tim Maia e Gal Costa”.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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4 respostas para (136) Sentindo as nossas “emoções” e “sentimentos”.

  1. Buno Farias Lopes disse:

    Conseguir identificar os sentimentos e de onde vieram; seja pelo pensamento ou de outra causa me ajuda no processo de auto-conhecimento e auto-transformação para me tornar uma alma no caminho da evolução.

  2. Carla disse:

    Parabéns pelos textos, belas e profundas mensagens.
    DEUS o abençoe a cada dia e que continue com essa sensibilidade fantástica

    • Olá Carla,
      Não sei se as minhas mensagens são “belas e profundas”. Desejo que sejam. Em tudo que existe em nossas vidas, e principalmente nós mesmos, reflete uma energia de essência “Superior”. Este meu pensar também se aplica às mensagens do blog. Agradeço o seu comentário, e volte sempre. Edson.

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