(290) Sentindo que podemos criar as nossas realidades, mesmo durante a pandemia do coronavírus.

“A PRIMEIRA CONDIÇÃO PARA MODIFICAR A REALIDADE CONSISTE EM CONHECÊ-LA.”
São palavras do escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015). As nossas “realidades interiores” são representações subjetivas elaboradas pela natureza dos significados recebidos das nossas interações emocionais de envolvimentos. Explica a médica clínica e analista junguiana, Daniela Benzecry, no seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade”, lançado no Brasil pela Editora VOZES, que recomendo para os interessados no “conhecimento de si mesmo”, com o meu aval de leitura obrigatória:

– Os sentimentos e as emoções pesam nas nossas escolhas e, por conseguinte, em nossos comportamentos e no modo como nos adaptamos à realidade. Embora costumemos ver no mundo externo a causa para o que sentimos, o mundo externo não é a causa em si, funcionando mais como uma oportunidade dos sentimentos surgirem, pois o sentimento é uma função de relação. É necessário haver a interação do mundo interno com o mundo externo ou com um conteúdo interno para que o sentimento ocorra. (…) A realidade externa funcionaria como a tela em que o mundo interno é projetado por meio da emoção deflagrada no encontro com o mundo externo, e a vivência consciente daquela emoção produziria o sentimento.

Estou convencido de que quando sentimos a vida com a “Sensibilidade da Alma”, espelhamos para todos a energia dos nossos sentimentos. Vejam estas manifestações do imortal gênio da pintura, Pablo Picasso (1881-1973):

NA FASE AZUL E ROSA (1901-1906) – Tudo o que faço relacionado com a arte dá-me a maior alegria. O artista é como um receptáculo de sentimentos que vêm de toda a parte: do céu, da terra, de um pedaço de papel, de uma figura que passa, ou de uma teia de aranha. Por isso não devemos fazer diferenças. Quando estão em causa coisas, não há diferenças de classe. Temos de procurar o que é bom para o nosso trabalho e isto em toda parte, excepto no nosso próprio trabalho. Copiar-me a mim próprio horroriza-me.

NA FASE DO CUBISMO (1907-1917) – Damos à forma e à cor o significado que lhes compete, tanto quanto nos é permitido reconhecê-lo; nos nossos temas mantemos a alegria da descoberta, o prazer do inesperado; o nosso tema em si deve ser uma fonte de interesse. Mas para quê relatar o que fazemos, se qualquer pessoa que queira o pode ver?

Pergunto:

– COMO PODEMOS CRIAR NOVAS REALIDADES, PARA NOS AJUDAR NA SUPERAÇÃO DOS MOMENTOS DIFÍCEIS DESTA PANDEMIA?

Os benefícios alcançados com as nossas experiências de vida, sejam de que natureza forem, sempre que possível são comprovados por um interior e necessário “CONHECIMENTO” focado no reconhecimento pessoal das nossas necessidades de completudes (muitas delas, subjetivas). É assim que nós devemos “ressignificar” os nossos propósitos de vida em todos os sentidos, inclusive no espiritual.

I) COMO RESPONDER A PERGUNTA ACIMA: – Criar para nós realidades é decisão pessoal de escolha. Não existe uma fórmula para serem alcançados os nossos desejos de mudanças. Somos seres únicos, com suas definidas singularidades de “preferências”, de “agir” e de “querer”. Nós precisamos “ACREDITAR” que podemos “criar” novas “realidades” que favoreçam o nosso “bem estar” e, principalmente, o nosso “equilíbrio emocional” em todas as circunstâncias do nosso “viver”.

II) COMO CONHECER AS NOSSAS REALIDADES: – Para o filósofo francês Henri Bergson (1859-1941), existem dois tipos de conhecimento. O “conhecimento relativo” (que é o chamado “conhecimento intelectual”, o do uso da razão) e o “conhecimento absoluto” (que é o conhecimento da nossa “percepção intuitiva”). Bergson sustentava que a nossa “apreensão intuitiva” (também por ele chamada de “percepção intuitiva”), é a forma de “conhecimento” que nos mostra como “tudo” realmente é; e não como para muitos aparenta ser. Bergson concebia a nossa “intuição”, como fonte interior de “transformação”. De acordo com o meu “sentir”, o “conhecimento intuitivo”, quando manifesto “em nós”, é “EXPANSÃO DE CONSCIÊNCIA”. Talvez seja por isso que Bergson considerava ser a “intuição” uma “faculdade do espírito”.

III) O PODER DA NOSSA “PERCEPÇÃO INTUITIVA: – Gosto e concordo com este entendimento do psicólogo junguiano Thiago Domingues: É importante e necessário, recuperar a intuição como função da consciência e fazer prevalecer os sentidos da [nossa] conexão interior. No seu artigo “A percepção da Realidade”, ele afirma de modo conclusivo que “se nós podemos mudar a percepção sobre uma realidade, ela também muda” pois, segundo o físico e escritor austríaco Fritjof Capra, “o que enxergamos depende do modo como olhamos; as configurações da matéria refletem as de nossa mente”.

IV) SOBRE O NOSSO SENTIR COM A “SENSIBILIDADE DA ALMA”: – O “despertar” do nosso “sentir” a vida com a “Sensibilidade da Alma”, intensifica a valoração subjetiva das nossas “realidades”. Vejam este sentimento de Fernando Pessoa:

“AS VEZES OUÇO PASSAR O VENTO; E SÓ DE OUVIR O VENTO PASSAR, VALE A PENA TER NASCIDO.”

Termino esta mensagem com esta explicação do neurocientista António Damásio, sobre o alcance da plenitude do nosso contemplar o mar com a “Sensibilidade da Alma”:

QUANDO OLHAMOS PARA O MAR, NÃO VEMOS APENAS O AZUL DO MAR, SENTIMOS QUE ESTAMOS A VIVER ESSE MOMENTO DE PERCEPÇÃO.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações de Pablo Picasso e a do Psicólogo Thiago Domingues foram respectivamente reproduzidas do livro “PICASSO’, de Ingo F. Walther, lançado no Brasil pela Editora alemã Taschen; e do artigo “A percepção da Realidade”, publicado na edição n.154 da Revista PSIQUE, da Editora Escala.
dos artigos do psicólogo Daniel Lascani e do doutor Carlos São Paulo foram reproduzidas, respectivamente, das edições ns. 143 e 129 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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