“O SOFRIMENTO É SEMPRE UM ENCONTRO CONSIGO MESMO: SOFRER AMADURECE.”
São palavras de Clarice Lispector (1920-1977), mais uma vez enriquecendo a nossa jornada para o “autoconhecimento” com o seu singular, intenso, e transcendente “sentir” (mensagens anteriores: 038, 190, 275, 277, 281, 309, 320, 326, 329 e 348).
Sabemos que independente da sua motivação, o sofrimento é uma experiência subjetiva personalíssima. Só nós pertence. Por ninguém poderá ser avaliado e nem dimensionado. Já dizia o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900): “Posso partilhar tudo, menos o sofrimento.” Também podemos considerar o sofrimento, associado à uma espécie de compensação. Como exemplo, reconheceu Paulo Coelho: “Tive meu sofrimento, mas também realizei o meu desejo.” Talvez querendo justificar uma espécie de necessidade de se vivenciar um sentimento, declarou o poeta chileno Pablo Neruda, laureado em 1971 com o Prêmio Nobel de Literatura: “O maior dos sofrimentos seria nunca ter sofrido.”
Pergunto para você:
– Como explicar quando duas ou mais pessoas, vivenciando simultaneamente uma mesma situação, apenas uma delas manifesta a sua aparente sensação interior de sofrimento?
Respondendo: Entendo que a diferença está no “significado” por ela atribuído ao fato gerador da sua aparente sensação sofrimento. Mas existem pessoas que conseguem reagir e não serem dominadas pelo sofrimento [o que em muitos casos, também poderá ser muito facilitado pelas buscas de terapias]. Em síntese: Precisamos procurar não apenas o que “buscamos”, mas sempre acreditando na nossa potencialidade para enfrentar o que ainda desconhecemos. Nesse sentido, gosto deste ensinamento de Jung (1875-1961) transmitido no prefácio da primeira edição da tradução inglesa do I Ching, de Richard Wilhem (Lançado no Brasil em 2004, Editora Pensamento, p. 23):
– A plenitude irracional da vida ensinou-me a nunca descartar nada, mesmo quando vai contra todas as nossas teorias (que mesmo na melhor das hipóteses têm vida tão curta) ou quando não admite nenhuma explicação imediata.
Na filosofia oriental o “sofrimento” mereceu muita atenção do Buda Sidarta Gáutama. No seu livro “A Essência dos Ensinamentos de Buda”, publicado no Brasil pela Editora Rocco, com tradução de Anna Lobo, o monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh defende que todos nós podemos “transformar o sofrimento em paz, alegria e liberação”. Das minhas anotações, destaco para terminar este nosso encontro:
1. Um mestre não lhe pode dar a verdade. A verdade já está em você, mas é preciso abrir – corpo, mente e coração – para que seus ensinamentos penetrem nas suas sementes de compreensão e iluminação.
2. Precisamos reconhecer que sofremos, e a seguir temos que determinar se a causa do sofrimento é física, psicológica ou fisiológica. Nosso sofrimento tem que primeiro ser identificado.
3. Quando conseguimos identificar o sofrimento e suas causas, temos mais paz e mais alegria, e já estamos trilhando a senda da libertação.
Pensem nisso.
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.