“A POESIA, ASSIM COMO A PALAVRA RELIGIOSA OU ESPIRITUAL, TAMBÉM ASPIRA A SUA PRÓPRIA TRANSCENDÊNCIA, OU SEJA, ABRE CAMINHO PARA UM SENTIMENTO A PARTIR DO QUAL SE TORNA IMPOSSÍVEL REGRESSAR POR COMPLETO AO MUNDO MATERIAL”
São palavras do escritor português Valter Hugo Mãe (nome artístico de Valter Hugo Lemos), nascido na cidade de Saurimo, município de Angola. Foram por mim escolhidas para enriquecer a nossa jornada para o “autoconhecimento” com esta mensagem sobre o nosso sentimento de “ausência”.
Pergunto para você:
– EM NOSSAS VIDAS, EXISTE AUSÊNCIA?
Sempre considerei ser a “ausência”, abstração de um sentimento atemporal que perpetua
em nossas lembranças, as imagens sensórias de realidades que jamais serão por nós esquecidas. No “mundo material”, com o “AMOR” o sentimento de “ausência” é uma paradoxal forma de presença. Talvez esse meu “sentir”, seja assim explicado por Carlos Drummond de Andrade:
– AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Termino com esta bela manifestação poética da “Sensibilidade da Alma” de Vinicius de Moraes, encontrada no livro “Antologia Poética”, que em 1954 reuniu os seus poemas mais significativos:
– Ausência.
(…)
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Notas:
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2.As citações da psiquiatra Sofia Bauer e do doutor Eduardo Shinyashiki, foram reproduzidas das edições 136 e 149 da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.