(276) Sentindo a subjetividade das nossas percepções.

“HÁ PESSOAS QUE TRANSFORMAM O SOL NUMA SIMPLES MANCHA AMARELA, MAS HÁ AQUELAS QUE FAZEM DE UMA SIMPLES MANCHA AMARELA O PRÓPRIO SOL”
São palavras de Pablo Picasso (1881-1973), que ao ser perguntado sobre o seu dom de criatividade, respondia:

– É UMA NECESSIDADE DE RECORRER AO MEU “EU ESPIRITUAL”, PARA CONSTRUIR A CONCEPÇÃO ESTÉTICA DA VIDA!

Sempre me emociono com esse seu sentir”, que recebo como sendo expressivo da subjetividade interior do um despertar de “inspiração Divina”.

Na História da Arte, Picasso é único, singular. Não só pelo reconhecimento da sua genialidade, mas, também, porque nunca queria conhecer a motivação da sua produção artística. Como se não existisse uma antecedente fase de idealização. Ele assim manifestava o seu sentimento de reprovação:

– QUANDO SE SABE EXACTAMENTE, O QUE SE QUER FAZER, PARA QUÊ FAZÊ-LO AINDA? SE O SABEMOS, JÁ NÃO TEM INTERESSE. É MELHOR ENTÃO FAZER OUTRA COISA.

Com esta mensagem, encontrei dificuldade na escolha de uma frase para lhe dar início. Fiquei dividido entre as seguintes: Uma de Carl Rogers, o psicólogo humanista que se dedicou ao favorecimento de condições para a pessoa poder, livremente, comunicar seus sentimentos e a sua particular “percepção do mundo”. Dele sou seguidor. A outra foi esta: “Nós somos e vemos o que existe dentro de nós”, de Fernando Pessoa. Por último, esta do filósofo alemão Schopenhauer – “O mundo é a minha representação”. Explico:
De acordo com a proposta desta jornada para o “autoconhecimento” (mensagem 001), a frase escolhida não deveria ser, para todos, sugestiva de uma única maneira de se perceber as nossas diferentes interações de uma mesma realidade. Isto porque a “percepção humana” varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com as nossas diferentes e subjetivas singularidades (sejam elas de natureza interior, existencial e espiritual).

Gosto deste ensinamento do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:

1. JUNG NOS EXPLICA QUE FATORES INTERIORES, EM CONJUGAÇÃO COM FATORES EXTERIORES, REGISTRADOS PELA PERCEPÇÃO, RECEBEM FORMA E SENTIDO AO FORMAR IMAGENS. TODO PRODUTO PSÍQUICO SE REVELA EM IMAGENS.

2. CADA HOMEM EXPERIMENTA SUA HISTÓRIA PESSOAL, MAS TAMBÉM A HISTÓRIA DA HUMANIDADE EM SI. O “EU” QUE LHE DÁ A IDENTIDADE É UMA BRICOLAGEM DE TUDO QUE EXISTE EM TODOS OS OUTROS HOMENS, E É A COMBINAÇÃO ENTRE ESSES FRAGMENTOS DA PSIQUE COLETIVA QUE FORMA O INDIVÍDUO COMO SINGULAR.

Certo é que “PERCEPÇÃO” é “SENTIR”. Com esta síntese do meu entendimento, optei pela escolha das palavras de Picasso porque ele, com a “percepção” das matizes coloridas das suas “visões sensoriais”, mescladas pela essência da sua “Sensibilidade da Alma”, conseguiu mostrar que somos nós que podemos ressignificar as “manchas amarelas” das nossas realidades.

Termino, pedindo a sua atenção para esta mensagem do astrólogo Oscar Quiroga, publicada em 07/03/2020 na edição do jornal Correio Braziliense:

– Identidade é o sofisticado e criativo resultado do que foste percebendo ao longo de tua existência. Perceber é apropriar-se, pois, logo que identificas algo com tua percepção, o integras de imediato ao teu caráter, se acomodando em ti como se sempre tivesse estado aí, só faltando o gatilho da percepção para o completar. Por isso, é impossível defenderes o que consideras teu, o que tu inventaste para ti, porque no instante que outra pessoa o perceber e identificar, o assimilará. É assim que a cultura se movimenta, seu processo é uma constante mixagem feita através das percepções humanas. Nada se salva desse processo, nada é sagrado o suficiente para o deter, talvez, inclusive, porque essa seja uma parte do processo divino da recriação do Universo. Uma obra em andamento através do reino criativo da natureza, o humano.

Notas.
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações do doutor Carlos São Paulo, foram extraídas da sua coluna “Divã literário”, publicas não Edições 101 e 152 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Busca Interior. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *