“TEMOS DE NOS TORNAR A MUDANÇA QUE QUEREMOS VER NO MUNDO.”
São palavras do ativista indiano, Mahatma Gandhi (1869-1948).
Quando recebi por intuição o tema desta mensagem, veio-me à mente este conhecido “sentir” de Sócrates (469-399 a.C), encontrado nos diálogos platônicos: – “uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”. Reconhecido como sendo a essência da “Apologia de Sócrates”, obra literária escrita por Platão (c. 427-347 a.C), entendo que subjetivamente também se refere ao reconhecimento de Sócrates como defensor do “autoconhecimento”, que se preocupava com “a razão da nossa existência” e acreditava na “imortalidade da alma”.
Se a vida é um contínuo processo de transformações. Se em nós muitas acontecem sem uma consciente necessidade de “mudanças”. Se temos condições de favorecer para nós mesmos as “mudanças” que desejamos para o mundo. Se o conhecimento também pode ser definido pelos significados das nossas percepções sensoriais. Se de modo inconsciente podemos ser influenciados por tudo que sentimos. Pergunto, para você pensar:
– COMO DEVEMOS “ENTENDER” A SUBJETIVIDADE DAS NOSSAS NECESSIDADES DE MUDANÇAS?
No seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade – Um caminho junguiano para o desenvolvimento espiritual”, publicação da Editora Vozes, ensina a doutora Daniela Benzecry (por mim selecionado e numerado):
1. Os sentimentos e as emoções pesam nas nossas escolhas e, por conseguinte, em nossos comportamentos e no modo como nos adaptamos à realidade.
2. Para Jung “o sentimento é, primeiramente, um processo de todo subjetivo que pode independer, sob todos os aspectos, do estímulo exterior, ainda que se ajuste a cada sensação” (JUNG, OC, vol. 6, § 896). Como algo subjetivo, uma importante característica da “função sentimento” revela aspectos do mundo íntimo da pessoa.
A subjetiva interação com as nossas realidades interiores e exteriores foi assim explicada pelo médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, na sua análise da novela “A Morte de Ivan Ilich”, do escritor russo Liev Tolstói (Revista PSIQUE, ed. 150, de junho de 2018, publicação da Editora Escala):
– Para a Psicologia Analítica, “alma” é um conceito que define o modo como o EU se relaciona como o mundo interior, enquanto “persona” determina o modo com que esse mesmo EU se relaciona com o mundo exterior.
O homem, em seu desenvolvimento, constrói um mundo interior que fala a linguagem dos símbolos e, por meio deles, relaciona-se com a natureza que nos habita e às suas exigências. Como o mundo externo que compartilhamos faz-nos reféns da razão e nos impede de ouvir os “murmúrios” da natureza que nos torna singular, muitos acabam seguindo o ritmo frenético dos “gritos” produzidos nesse mundo e se conduzem como manadas interessadas em realizar seus desejos ambiciosos de chegar ao sucesso em detrimento da alma.
COMPLEMENTO:
– Muitos dos nossos desejos de “mudanças” podem naturalmente, por meio de uma silenciosa prática permanente de “voltar-se para si mesmo”, favorecer o “despertar interior” de muitas das nossas percepções sensórias de necessidades inconscientes de completudes. Esse “sentir” também pode ser assim explicado pelo filósofo e poeta Mark Nepo, no seu livro “A Prática Infinita – Uma jornada através da Alma”: “O despertar não é um objetivo, mas uma canção que o coração segue entoando, assim como os pássaros cantam ao primeiro raiar do dia.”
Continua no nosso próximo encontro.
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.