(349) Sentindo a nossa vida contada.

O CINEMA É UM MODO DIVINO DE CONTAR A VIDA.”

São palavras do consagrado cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993).
O “contar a vida”, nas telas do cinema, vem sendo aprimorado com os recursos da tecnologia cinematográfica, inicialmente desenvolvida no século XV por Leonardo Da Vinci (1452-1519). Sobre essa fantástica e interativa comunicação visual, gosto desta explicação de Fellini – “O cinema é feito de imagens. A imagem se ajusta por meio da luz e é essa luz que cria a imagem“.

Todas as maneiras de “contar a vida” são fontes de autoconhecimento [para si mesmo, e para todos]. Principalmente quando despertam em nós, subjetivas percepções de aparentes sensações de “necessidades de completudes” em todos os sentidos do nosso “existir”. Considero ser muito proveitosa, a silenciosa experiência de “contar a vida ” para nós mesmos. Estou me referindo à nossa vida, porque somos seres únicos e com suas bem definidas realidades emocionais.

No cinema reagimos de modos diferentes, independente da época das cenas filmadas. Vejam o exemplo desta dupla de comediantes, que foi sucesso nas décadas de 1920 e 1930. Na atualidade, provam ser “atemporal” a nossa espontânea reação de “gostar”, ou de “não gostar”.

Sobre o nosso “gostar” explica Marcos Texeira Sampaio, no seu interessante artigo “Gostamos assim”, publicado em 2004 na edição nº 44 da Revista VENTURA, da Editora Ventura-cult:

– A palavra “gostar”, servindo para tudo, serve de fato mais ao engano do que ao esclarecimento. Muitas vezes não se quer distinguir a preocupação consigo mesmo da preocupação com o próximo. Não interessa declarar quanto do benefício é para si próprio e quanto resta para o outro. Essa palavra – gostar – acolhe bem essa posição dúbia: tanto se pode ter como objeto do gosto o outro como a si mesmo.
Uma cena do Gordo e o Magro ilustra bem esse altruísmo enviesado: havendo dois bifes, o Magro serviu-se do maior. Tendo o Gordo reclamado, o Magro então disse:
– “Se fosse você a escolher primeiro, teria pego o bife pequeno?”
– “Claro. Teria pego o pequeno sim!”
– “Então, se você está com o pequeno, está reclamando de quê?”
Enfim, a dúvida que permanece quando se usa a palavra gostar é a seguinte: o outro se preocupa com os meus interesses ou só está interessado em si mesmo? Uma pessoa jura que gosta; a outra que entenda como quiser. Gosto não se discute…

Termino este nosso encontro, com esse “sentir” de Fernanda Montenegro quando, com os seus 93 anos de idade, declarou em recente entrevista ao Jornal O Globo:

– Reflexões sobre a morte. “Faz parte da existência. A cada dia que se ganha é um outro que se perde. É dialético, é uma questão central que nos habita. Se celebramos a pulsão de vida de forma tão veemente, não há como desprezarmos a pulsão de morte. Morrer é uma circunstância sobre a qual precisamos refletir e da qual não temos como fugir”.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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