(266) Sentindo a importância dos significados das nossas percepções.

“A LINGUAGEM DA CONSCIÊNCIA É LITERAL, MAS A DA ALMA É SIMBÓLICA. QUANDO ALGUÉM CONTA AO ANALISTA O SEU SOFRIMENTO, ELE APENAS ESCUTA E PROCURA ENCONTRAR UM SIGNIFICADO DE COMO FORAM CONSTRUÍDAS AQUELAS IDEIAS POR TRÁS DESSE SIGNIFICADO. INCONSCIENTE SÃO ATIVIDADES MENTAIS, QUE ESTÃO CONDUZINDO NOSSOS ATOS, SEM QUE TENHAMOS CONSCIÊNCIA DESSAS AÇÕES.
São palavras do médico e psicoterapeuta junguiano, Carlos São Paulo. Foram escolhidas para iniciar esta mensagem sobre a importância dos significados das nossas “percepções”. A subjetividade desse tema merece atenção, porque muitas vezes sentimos “sensações” sem que haja uma aparente e imediata explicação de sua causalidade interior. É quando assim, reconhecemos para nós mesmos: QUE SENSAÇÃO ESTRANHA! Explica a doutora Daniela Benzecry, médica clínica, homeopata e analista junguiana, no seu belo livro “Sentimentos, valores e espiritualidade”, lançado no Brasil pela Editora VOZES:

– Jung definiu as funções psicológicas como modos de atividade psíquica pelos quais a energia psíquica se manifesta e, a partir de sua experiência, Jung concluiu que existem quatro funções psicológicas básicas, pois independentes e irredutíveis umas às outras, duas irracionais e duas racionais. A função sensação é a responsável por dizer que algo é, ela “proporciona a percepção de um estímulo físico” (JUNG, OC, vol. 6, § 889) e relaciona-se, segundo Jung, tanto aos estímulos externos, passando pelos órgãos dos sentidos (…), quanto aos estímulos internos que vêm do corpo e de seus órgãos. A sensação apenas diz que algo é, que existe, e por isso a reflexão não é necessária.

Certo é que o ser humano precisa conhecer a sua subjetividade interior, a sua psique, a sua capacidade transpessoal de expansão de consciência e, também, a sua sublime essência de espiritualidade. O querer entender os significados das nossas “percepções”, sejam elas de que natureza forem, deve ser buscado em todas as conhecidas práticas de “autoconhecimento”. Pergunto:

– COMO PODEMOS CONHECER OS SIGNIFICADOS DAS NOSSAS “PERCEPÇÕES SENSÓRIAS”?

Entendo ser possível somente por meio de um processo individual e personalíssimo de interiorização. É assim que podemos favorecer, para nós mesmos, o conhecimento subjetivo de uma “percepção sensória” emergente da nossa singularidade “existencial” e “espiritual”. Aliás, como acredito, talvez seja essa compreensão que devemos ter do “estado desperto” do Buda Sidarta Gautama.

Nos anos de 1891 a 1899, Freud intensificou seus estudos sobre a “percepção humana”. Dos seus ensinamentos, destaco as ‘percepções” que foram por ele denominadas “endopsíquicas” (que são as vindas da nossa “realidade externa”). Acontece que essas “percepções” também refletem “significados sensórios” da nossa “realidade inconsciente e psíquica” (exemplos: nossos “desejos” e preferências de recebimentos de “afetos”, dentre muitos outros).

Por sua vez também merece atenção esta interessante observação da doutora Michele Müller, que selecionei da sua abordagem sobre a Construção Abstrata da nossa Mente:

– Muitas teorias no início do século passado já relacionavam os processos cognitivos às sensações físicas, mas até pouco tempo atrás a visão mais aceita era de que corpo e mente agiam de forma separada, de que pensamento envolvia certas partes do cérebro e as percepções envolviam outras. Hoje sabemos que essa divisão não é bem definida. Temos consciência de uma parte muito pequena (…) do que se passa em nossa mente. Enquanto esses processos conscientes são lineares, geralmente seguindo uma sequência lógica, a mente segue vários caminhos paralelos simultaneamente, que caracterizam a forma como as pessoas interpretam e passam por movimentos, imagens e outras percepções.

Com relação ao “significado” das imagens que criamos com a intenção de interpretar os nossos sonhos, adverte o doutor Carlos São Paulo:

– Não se pode observar os sonhos com a lógica da consciência, mas com a linguagem metafórica do inconsciente.

Termino, com este “sentir” do astrólogo Oscar Quiroga:

– Durante a noite vagueias em dimensões ricas em significados que durante o dia terás de decifrar, porque pressentes ter acontecido algo importante e participado de experiências valiosas. Como farás isso contando apenas com teus recursos intelectual, emocional e físico? Nesse exercício de nada valerá impores tuas razões, não é assim que decifrarás coisa alguma, porque os significados oníricos resistem a qualquer tipo de análise, só te mostrarão a riqueza que guardam em si quando te renderes a eles e permitires que inundem teu ser. Pois bem, leva isso para a vigília também e na próxima vez que perceberes que novamente estás discutindo para ter a última palavra, procura te render momentaneamente às razões discordantes, as aceitando como hipóteses plausíveis, dignas de passarem pelo crivo da comprovação prática.

Notas:
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2. As citações do doutor Carlos São Paulo foram reproduzidas da sua coluna “Divã Literário”, publicadas nas edições 162, 161 e 126 da Revista PSIQUE, da Editora Escala. A da doutora Michele Müller, da sua abordagem também publicada na edição da 162 da referida revista. A mensagem do astrólogo Oscar Quiroga faz parte do seu horóscopo publicado na edição de 07/09/2019 do jornal Correio Braziliense.
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Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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