(279) Sentindo que todos nós precisamos ficar grávidos de união e solidariedade, para vencer o coronavírus.

“MONTANHAS APARENTEMENTE SÓLIDAS PODEM ENTRAR EM ERUPÇÃO DE REPENTE E AVISOS CHEGAREM EM FORMA DE TERREMOTOS E CINZAS. COMO PURA INFORMAÇÃO, NÃO SE MANTÉM POR TRÊS GERAÇÕES. MAS ADICIONE BELEZA, AMORES PROIBIDOS E MORTES TRÁGICAS E A HISTÓRIA SERÁ CONTADA PELO TEMPO EM QUE AS PESSOAS VIVEREM NAS MONTANHAS”
São palavras do escritor americano Steward Brand. Foram escolhidas para iniciar esta mensagem porque, com a pandemia do coronavírus, estamos vivendo dias de “incertezas futuras”. Todos marcados pelas preocupantes incertezas dos nossos “agora”. Acontece que pelas corredeiras do “rio do tempo”, podemos ser levados para muitos destinos desconhecidos. Mesmo assim, lembranças de tudo que estamos passando permanecerão em nossas memórias como “realidades ilusórias” do “inconsciente”, que é atemporal.

Oh! Tempo, tempo, tempo… Nesta jornada para o “autoconhecimento” já lhe dediquei várias mensagens (042, 092, 130, 168, 189, 242 e 262). Para mim você continuará sendo uma descondicionante e abstrata sensação de “passagem ilusória”, por vezes necessária, porque na vida tudo flui, nada permanece, compondo o ciclo permanente de sucessivos “renasceres”. Esse é o transcendente e infindável “tempo espiritual” do nosso existir, que mereceu este “sentir” do médico e psicoterapeuta Carlos São Paulo:

– O tempo é como uma esteira cheia de esquinas, por onde escorregam nossas histórias à medida que vão sendo produzidas. A cada mudança de rumo, nos surpreendemos com o novo caminho e, com uma memória atualizada, percebemos o que passou para só então entendermos melhor o que foi vivido.

No seu consistente e esclarecedor artigo “Razão e Emoção”, ensina a Bióloga Marta Relvas, Dra. e Ms. em Psicanálise, Neuroanatomista e Neurofisiologista:

– Quando pensamos e agimos racionalmente, adquirimos vivências para enfrentar novos desafios e dificuldades. Assim, podemos afirmar que a razão deve agir diretamente na emoção. Sabemos também que biologicamente os sistemas cerebrais tanto da emoção quanto da razão estão intrinsecamente interligados. E que por mais que uma pessoa pense que sua mente está sendo treinada para a racionalidade, esta jamais deixará de ser influenciada pela emoção. Sendo assim, podemos afirmar que existe um elo anatômico e funcional entre corpo, razão e emoção

Em seguida, sobre o entendimento do neurocientista António Damásio ela esclarece:

– Damásio acredita que corpo e mente estão intimamente conectados: a mente comanda o corpo inteiro, mas são as sensações que o corpo manda para a mente que induzem a mente a funcionar daquela maneira, contrapondo o dualismo cartesiano no qual a alma (razão pura) é independente do corpo e das emoções.

Assustado e emocionalmente muito fragilizado, tenho pensado muito neste “sentir” da pesquisadora Michele Müller, especialista em Neurociências e Neuropsicologia Educacional:

– Construímos a nossa própria história. A aprendizagem baseada em histórias não é nenhuma descoberta nova da neuroeducação. Intuitivamente, a humanidade sempre recorreu a elas como ferramenta para o ensino, especialmente de conhecimentos relacionados às virtudes e construção de caráter. E mesmo quando não são narradas com esse objetivo são o mais eficaz meio de trabalhar habilidades, como o uso adequado da língua e do vocabulário, coerência, criatividade, síntese e clareza – são alguns dos ganhos cognitivos que acompanham essa prática, mesmo quando não trabalhados de forma direta e explícita. Há, ainda, os ganhos relacionados à inteligência emocional e social: poucos recursos são tão eficazes quanto as histórias no exercício da empatia e da compreensão do outro.

Complementa, em seguida:

– O que a ciência hoje nos traz é a comprovação do poder que as histórias exercem sobre a forma como absorvemos as informações. Não pelo roteiro em si nem pela sequência de acontecimentos, ao contrário do que sugeriu Aristóteles há 2,3 mil anos. Mas especialmente pela forma como nos identificamos emocionalmente com os personagens envolvidos.

Com esta mensagem estou me juntando a você para, juntos, fortalecidos pelo sentimento de Deus nos nossos corações, derrotar o coronavírus e escrever uma nova historia da humanidade com sentimentos de união e de solidariedade humanista.

Confiante e emocionado, termino esta mensagem contando esta passagem da vida de Rubem Alves, por ele transmitida em 2008 em uma das suas crônica que recebeu o título “Minha Música”:

– Não é meu costume ouvir música enquanto escrevo. Fico possuído pela música, numa espécie de êxtase, e isso faz parar meus pensamentos. Contrariando o meu hábito coloquei no micro um CD de uma peça que nunca ouvira, sonata para violino e piano de César Franck. Minutos depois eu estava chorando. Aí interrompi o choro e fiz um exercício filosófico. Perguntei-me: “Por que é que você está chorando?” A resposta veio fácil: “É por causa da beleza…” Continuei: “Mas o que é a experiência da beleza?” Sem uma resposta pronta veio-me algo que aprendi com Platão. Platão, quando não conseguia dar respostas racionais, inventava mitos. Ele contou que, antes de nascer, a alma contempla todas as coisas belas do universo. Essa experiência foi tão forte que todas as infinitas formas de beleza do universo ficam eternamente gravadas na alma. Ao nascer nos esquecemos delas. Mas não as perdemos. A beleza fica em nós, adormecida como um feto. Todos estamos grávidos de beleza, beleza que quer nascer para o mundo qual uma criança Quando a beleza nasce re-encontramo-nos com nós mesmos e experimentamos a alegria.

Notas:
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2.As citações do médico Carlos São Paulo, da doutora Marta Relvas Relva e da pesquisadora Michele Müller, e a crônica de Rubem Alves foram respectivamente reproduzidas das edições 68, 167 e 29 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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