(035) Sentindo o semear de “luz interior”.

Na mensagem de criação deste espaço virtual, a sua proposta ficou bem definida:

Este espaço virtual é dedicado à escritora Lya Luft que, com a sensibilidade da sua alma, com o seu jeito humanista de escrever, mostra, com leveza de estilo literário, matizes significativas do nosso viver, com o mesmo encanto da beleza e da suavidade dos voos das gaivotas, pelos céus da nossa existência.

Proposta: – Desejo que os nossos futuros encontros sejam caminhadas de buscas e de descobertas pela subjetividade dos nossos “estados de alma”. Que sejam buscas de aprimoramento e de crescimento espiritual, pelas trilhas das nossas trajetórias de vida. Que sejam encontros com um sentido determinado e bem definido: – o do despertar da nossa “sensibilidade da alma” (…).

É nessa caminhada de “buscas” que devemos “semear” condições para o despertar da nossa “Luz Interior”; para um consciente “processo de transformação interior”, em todos os sentidos do nosso “viver”.

Lançado no Brasil em 2003 pela Editora Martins Fontes, o livro “A Arte da Felicidade – Um manual para a vida”, escrito por Dalai Lama em co-autoria com o Psiquiatra Howard Cutler, cuida da “busca universal da felicidade”. Nele, afirma Dalai Lama: – “Acredito que o objetivo da nossa vida seja a busca da felicidade. Isso está claro. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta ou naquela, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto, acho que a motivação da vida é a felicidade.”

Por sua vez, na minha leitura o que mais me tocou foram estas palavras de Howart Cutler:

– Com o tempo, convenci-me de que Dalai Lama havia aprendido a viver com um sentimento de realização e um grau de serenidade que eu nunca tinha visto em outras pessoas (…) Embora ele seja um monge budista (…) comecei a me perguntar se alguém conseguiria identificar um conjunto das crenças ou práticas que também podem ser utilizadas por não budistas – práticas que poderiam ser aplicadas diretamente em nossa vida para nos ajudar a sermos mais felizes, fortes, e talvez menos medrosos.”

O enfoque desta mensagem não é o mesmo do livro de Dalai Lama. É outro: – o despertar “Iluminação Interior”. No entanto, começo analisando o depoimento de Howard Cutler, para perguntar o seguinte:

– O que devemos entender por “viver com o sentimento de realização” ?

Na minha avaliação, a expressão “viver com sentimento de realização” (usada por Cutler ao se referir à personalidade de Dalai Lama), representa o reconhecimmento de uma missão existencial, por todo o “ciclo da vida”. Esse “viver com sentimento de realização”, é um “viver transcendente”, simbolizado, na antiguidade, pela plenitude de “Iluminação” do conhecido “Estado de Buda”. O estado de “Iluminação Interior” que todos nós podemos “buscar” e “alcançar”.
Considero ser impossível alguém querer explicar a “objetivação” de uma “percepção interior” da subjetividade de todos os seus “sentimentos”.
Os “sentimentos” só pertencem a cada um de nós. São projeções sensórias da nossa “realidade interior”. Fazem parte dos nossos “estados de alma”.
Portanto, no meu entender, nunca niguém conseguirá, com exatidão, verbarlizar a natureza da essência do seu “sentir”.

Em mensagem anterior, afirmei que não sou budista. Nesta, esclareço que aprecio todas as manifestações religiosas do pensamento oriental que se harmonizam com a minha convincente aceitação do princípio da “Imortalidade da Alma”.

Sobre a “Iluminação Interior” (Estado de Buda), gosto desta passagem do livro “VIDA, um enigma, uma joia preciosa”, Editora Brasil Seikyo, escrito por Daisaku Ikeda, Presidente da Soka Gakkai Internacional (organização presente em mais de 192 países):

– A luz da sabedoria ilumina todo o Universo e erradica a escuridão fundamental inerente na vida humana. O espaço vital do Buda entra em fusão com o Universo. A vida se torna o cosmos e, num único instante, o fluxo vital estende-se e abarca todo o passado e todo o futuro. Em cada momento do presente, o eterno fluxo vital do cosmos jorra como uma imensa fonte de energia. Na vida do estado de Buda, cada instante do presente contém a eternidade, pois toda a energia vital do cosmos está contida num único instante da vida. A pessoa que se encontra no estado de Buda quase não percebe a passagem do tempo físico, pois sua vida é plena e feliz a cada instante, como se ela estivesse vivenciando a alegria de viver por toda a eternidade.

Para “semear” a nossa “Luz Interior”, devemos oferecer, para nós mesmos, condições de alcance de um novo “viver”. Um “viver” de interiorização, de autoconhecimento e, prinncipalmente, de condutas que favoreçam o nosso “processo de transformação interior”.

Para “semear” a nossa “luminosidade interior”, devemos “buscar” e “praticar” tudo que tenha um significado de enriquecimento para a nossa “vida”.

Portanto, não basta ser profundo conhecedor dos ensinamentos de qualquer religião. O fundamental é a “busca” de “experiências”, de práticas de elevação “existencial” e “espiritual”. Isto porque, os benefícios da “prática”, por vezes, supera o domínio da “teoria”.

A “Iluminação Interior”, permanentemente “semeada”, é conquista de crescimento e de aprimoramento “existencial” e “espiritual”.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3.Vídeo do youtube – La musica de los dioses.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

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Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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5 respostas para (035) Sentindo o semear de “luz interior”.

  1. Niéliton Gomes disse:

    Nossa, Edson. Excelente post.
    Muito bem concluído o entendimento exposto por você.
    No meu ponto de vista, com referência ao livro do Dalai Lama, a parte que diz: “busca universal da felicidade”, como budista que sou, mas de uma outra linha, tenho a impressão que o termo “buscar” dá a impressão que não temos, ou seja, o estado de buda que você se referiu ele é inerente à vida, então ele se manifesta. Esta mesma interpretação eu trato para a felicidade. Já a temos inerentemente, só nos falta reconhecer e evidenciar este “estado”.
    Vamos então cada vez mais conquistar esta evolução.
    Adorei o post. Parabéns.
    Afetuoso abraço.
    Niéliton

    • Caro Niéliton,
      A interpretação da palavra escrita, por vezes, nós leva a sentidos diversos. Entendo que no contexto do livro de Dalai Lama, escrito em inglês e lançado em 1998, a palavra “busca” está vinculada à noção de “universalidade”, como sendo “anseio” de “realização existencial”. No entando, parece-me que essa “busca” não pressupõe que não trazemos, dentro de nós mesmos, o latente “embrião” do “estado de felicidade”. Tanto que a proposta deste blog são “buscas” (em sentindo amplo) para o nosso “despertar interior”. Agradeço o seu, como sempre, profundo e belo comentário.

  2. Niéliton Gomes disse:

    Concordo com você. Realmente este entendimento é correto e compartilho dele. Como sempre, sempre sábio. rssss
    Um forte abraço.

    • Meu guru Niéliton.
      Pessoalmente já tive oportunidade de lhe falar sobre o livro “O Cérebro de Buda – Neurociência prática para a Felicidade”, de autoria do neuropsicólogo Rick Hanson e neurologista Richard Mendius, recentemente lançado no Brasil pela Editora Alaúde. Nele são relatadas pesquisas e experimentos de neurocientistas que explicam as descobertas sobre as raízes neurológicas da felicidade. No cérebro humano já estão definidas a localização da região neural denominada “centro do prazer”. Também já se sabe que através de um processo químico, neurotransmissores (produzidos nos neurônimos) transmitem as mensagens recebidas externas ou internamente. Por sua vez, aqui no Brasíl, explica o neurologista Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo que, sendo a felicidade é um sentimento complexo (difícil até mesmo de ser definido), é possível que envolva várias áreas cerebrais. Para ele, o sistema límbico, conhecido como “centro de emoções”, está intimamente relacionado ao sentimento de felicidade.
      Portanto, no meu entender, as correntes do budismo que explicam o despertar do “Estado de Buda” (em todos nós), no que se refere às “projeções neurais” do sentimento de FELICIDADE, apesar de serem milienares estão sendo confirmadas, na atualidade, pela Neurociência. Continue enriquecendo este blog, com os seus inteligentes e consistentes comentários. Edson

  3. Niéliton Gomes disse:

    Com certeza, Edson. Já tive ciência de vários estudos que demonstram este conceito. Muito interessante. Comprarei este livro sem falta.
    Há uma citação budista que diz: “torne-se senhor de sua mente ao invés que ela o domine”. E outra que diz: “Não existe terra pura ou impura, a diferença está na mente boa ou má das pessoas”. Tudo então começa na mente.
    No livro O Buda Vivo – uma interpretação bibliográfica, o Dr. Daisaku Ikeda, afirma que “atingir o Estado de Buda, ou a Iluminação, não é algo distante ou estranho à existência humana comum…. O significado é descrito através do termo sânscrito Anuttara-samyak-sambodhi, que significa ‘Sabedoria perfeita e insuperada’, aquele que pode perceber a natureza autêntica de todos os múltiplos fenômenos da existência. ”
    Não tenho dúvida que este estado maravilhoso, de suprema felicidade e sabedoria perfeita reside na mente de cada um, ou seja, na própria vida.
    Existe um conceito budista que demonstra os três princípio da individualização da vida e um deles (que viram 5), chamamos de 5 componentes: forma, percepcão, concepção, volição (vontade) e consciência. E esta consciência tem nove categorias: ver, cheirar, tocar, escutar e ouvir (o controle dos cinco sentidos), a sexta que é o instinto, a sétima que é a racionalidade, a oitava é o repositório cármico e a nona, a consciência imaculada, ou seja, a pureza do Estado de Buda. Desta forma, o Budismo há milênios expõe grandes estudos da mente, consciência e vida. O detalhe destes princípios são bem interessantes.
    Continuemos a estudar e aplicar isto em nossas vidas.
    Abraços.

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