(259) Sentindo a nossa essência interior de transcendência existencial e espiritual.

“TODO HOMEM DESEJA, NATURALMENTE, SABER”
São palavras do filósofo Aristóteles (384-322 a.C.). Complemento com estas, do filósofo espanhol Xavier Zubiri (1898-1983): “Sabemos algo plenamente quando, além de saber “o que é”, sabemos “por que é”. Mas nesta nossa jornada para o “autoconhecimento”, prefiro o “Só sei que nada sei” de Sócrates (469-399 a.C.), porque nascemos com uma fantástica potencialidade desconhecida de nós mesmos. O que não podemos é esquecer desta sabedoria do nosso renomado físico Marcelo Gleiser, que este ano foi laureado com o Prêmio Templeton (uma espécie de “Nobel” do diálogo da ciência com a espiritualidade):

– NEM TUDO PRECISA SER EXPLICADO, NEM TODA PERGUNTA PRECISA TER RESPOSTA. SE TUDO FIZESSE SENTIDO, A VIDA SERIA BEM SEM GRAÇA. UM POUCO DE INEXPLICÁVEL FAZ BEM, NOS DEIXA UM POUCO INSEGUROS, IMAGINANDO O QUE PODE EXISTIR ALÉM DO POSSÍVEL.

Esta mensagem me foi intuída pelo meu antigo convencimento de que, nesta dimensão de vida, todos nós temos uma interior essência de “transcendência espiritual” que nós une a uma “totalidade maior” (é a essência do “Divino”, em nós). Uma espécie de superior conexão de “transcendência” que (por exemplo, quando “desperta em nós” com a ajuda das conhecidas práticas de mindfulness/atenção plena) nos motiva a encontrar o sentido da nossa própria existência e um propósito para o nosso viver. É o que também gosto de a ela me referir como sendo a “transcendência da psique humana” que, como acredito, explica este “sentir” de Jung (OC 14/II, § 442):

– QUE O MUNDO, TANTO POR FORA COMO POR DENTRO, É SUSTENTADO POR BASES TRANSCENDENTAIS, É ALGO TÃO CERTO QUANTO A NOSSA PRÓPRIA EXISTÊNCIA.

Pergunto para você:

– COMO DEVEMOS ENTENDER, PARA NÓS MESMOS, ESSE SENTIMENTO SUBLIME DE “TRANSCENDÊNCIA”?

Essa pergunta (com outras palavras), foi feita para o francês Jean-Yves Leloup, doutor em Filosofia, Psicologia e Teologia. Assisti duas das suas palestas que, como sempre acontece, são reveladoras dos seus profundos conhecimentos sobre religiosidade e espiritualidade. Antes de reproduzir a sua resposta, selecionei para esta mensagem estes dois entendimentos de Leloup:

1. O cientista pensa que a realidade é aquilo que ele conhece e tem a inteligência retida, detida por aquilo que ele sabe. O verdadeiro cientista sabe que o que ele conhece não é a realidade, mas a percepção que ele tem da realidade. O mesmo acontece com o psicólogo: o que ele pode interpretar como sintoma, não é a realidade da pessoa, mas é o que ele pode perceber dela através de seus padrões de leitura. E os padrões de leitura de um freudiano ou de um junguiano são diferentes.

2. Aquilo que não se explica é mais vasto do que realmente pode ser explicado. O que nós conhecemos é finito e o que nós não conhecemos é infinito.

Termino, com a resposta de Leloup à pergunta que foi feita acima para você, sobre o que podemos dizer sobre “transcendência”:

[Transcendência] é a experiência de um olhar que não é detido por aquilo que ele vê. É uma inteligência que não é detida por aquilo que ela conhece. De uma afetividade que não é detida por aquilo ela ama. De uma religião que não é detida por aquilo que ela acredita. A experiência da transcendência é manter o seu olhar, o seu coração e a sua inteligência no aberto. E a todo tipo de experiência dessa transcendência. Para alguns está na naureza, para outros é através de uma obra de arte, para outros através de um encontro humano; é quando a realidade, que é finita, se abre à realidade infinita e que a contém sem destruir a realidade finita.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2. As citações de Jean-Yves Leloup foram reproduzidas da sua entrevista publicana na edição 08 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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