Inicio esta mensagem reafirmando, neste espaço virtual, que não sou budista. Aprecio os fundamentos filosóficos de todas as correntes do budismo que se referem à relação de conexão com o nosso “eu”, mediante “buscas interiores”. É a prática do exercício do “voltar-se para si mesmo”, cuja essência, no budismo, foi preconizada na China com a escola Chan que no Japão deu origem ao budismo Zen (que se apoia no entendimento de que a meditação favorece o alcance interior do autoconhecimento).
Semanalmente recebo de amigos seguidores e praticantes do Budismo de Nitiren Daishonin, o jornal Brasil Seikyo. No suplemento da edição n. 2.290 detive a minha atenção para o “Princípio da cerejeira, ameixeira, pessegueiro e do damasqueiro”, ensejador desta explicação:
– Uma cerejeira é uma cerejeira; um pessegueiro é um pessegueiro. Não precisamos ser todos cerejeiras; assim como cada árvore floresce de um jeito só seu, deveríamos nos empenhar para viver de forma natural. (…) Há, porém, uma diferença entre “ser quem você é” e “permanecer como está”. Se você se contenta em permanecer como está, nunca vai se desenvolver. Refletindo profundamente sobre quem você realmente é e qual o seu propósito na vida, somando esforços e mais esforços e desafiando a si mesmo, fará desabrochar a flor da sua missão na vida. É o que acontece quando se põe em prática o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro”.
Para viver genuinamente sendo fiel a si mesmo, é preciso que realize a sua revolução humana – ou seja, desenvolver-se continuamente no nível mais profundo. Utilizando suas próprias palavras, se você se “conformar” com o “padrão” de se empenhar em sua revolução humana, certamente viverá (…) de maneira mais significativa.
Por sua vez, no livro “Fundamentos do Budismo”, publicado pela Editora Brasil Seikyo, encontrei o seguinte:
– Um buda é aquele que compreende em sua própria vida a essência, ou realidade da vida. Um buda é um ser humano, uma pessoa que desenvolveu uma sabedoria introspectiva nas profundezas de sua vida e descobriu nela a verdade eterna. Ele incentivou seus discípulos a voltar-se para sua vida, em vez de buscar algo no mundo exterior.
Para a finalidade desta mensagem, a essência dos ensinamentos do Buda Sidarta Gautama está assim definida pelo monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh, no seu livro “A Essência dos Ensinamentos de Buda” (Título original – “The heart of the budda’s teaching”), publicado no Brasil pela Editora Rocco:
– Os ensinamentos budistas têm a intenção de despertar o nosso verdadeiro eu, e não aumentar nosso estoque de conhecimentos.
Neste espaço virtual, tenho repetidamente reiterado que o ser humano precisa conhecer a sua interioridade; suas emoções, seus sentimentos. Precisa estar consciente do seu objetivo interior (o que somente poderá ser alcançado através das suas buscas interiores). A respeito, gosto desta explicação da Monja Coen (primaz fundadora da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil) sobre as nossas “buscas interiores” (fonte: Introdução do seu livro “A sabedoria da transformação”, lançado pela Editora Academia; com direitos de edição reservados à Editora Planeta do Brasil):
– A Sabedoria da Transformação é um livro que reflete você em você. Você é a imagem refletida no espelho que é você. Quem observa? Quem é observado? O que é que reflete?
Refletir. É preciso que haja uma forma, é preciso que haja luz, é preciso que haja um local em que essa forma e essa luz se encontrem e se revelem – um lago tranquilo, um espelho precioso. Sua mente pode ser esse local. Se houver prática, haverá iluminação.
Certo é que a “iluminação” (como a do Buda Sidarta Gautama) é uma experiência de “quietude interior” que (também em todos nós) acontece com a plenitude do “silêncio” (do nosso “silêncio interior”).
Termino esta mensagem, com esta sabedoria de OSHO (fonte: “Destino, liberdade e alma”, publicado pela Editora Academia, com direitos de edição reservados à Editora Planeta do Brasil):
– O homem é uma busca – não uma pergunta, mas uma busca. Uma pergunta pode ser resolvida intelectualmente, mas uma busca tem de ser resolvida existencialmente. Não que estejamos buscando algumas respostas para algumas questões; estamos buscando algumas respostas para a nossa existência.
É uma busca porque as perguntas são sobre os outros. Uma busca é sobre si mesmo. O homem está buscando a si mesmo. Ele sabe que ele existe, mas também sabe que não sabe quem ele é.
Notas:
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3.Vídeo do youtube: “Flower of Japan”.
Muita paz e harmonia espiritual para todos.