(045) Sentindo a nossa “missão existencial”, nesta dimensão de vida.

Com o título “Jung e o caminho em direção a si mesmo”, Denise Gimenez Ramos (Coordenadora do Núcleo de Estudos Junguianos do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da Universidade Católica (PUC) de São Paulo) e Pericles Pinheiro Machado Jr. (Mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo), esclarecem o seguinte sobre a “individuação” do ser humano (fonte: Revista Scientific American – Mente Cérebro, n. 263, Ano XXI, da Duetto Editorial):

– Trata-se do processo de “tornar-se uma pessoa inteira”, subjetivamente integrada, o que desperta um sentido de autorrealização. É claro que falamos aqui de uma visão idealizada, mas motiva o ser humano do nascimento à velhice e o guia nas escolhas afetivas e profissionais. (…) O processo de individuação, tal como concebido por Jung, é resultante da interação do indivíduo com o coletivo. No plano individual, à medida que a criança se desenvolve, aptidões e características da subjetividade se tornam mais evidentes e singulares. De certo modo, o processo de individuação depende dessa fina sintonia com o que podemos chamar de nossa essência, que, embora dependa da genética, da educação e do ambiente familiar e cultural, certamente a tudo transcende. (…) Essa singularidade diferencia um ser de qualquer outro e o torna insubstituível. (…) Embora todos nós tenhamos a mesma anatomia e fisiologia, não há um ser idêntico ao outro.

Na literatura encontramos em “Grande Sertão: Veredas”, esta observação de Guimarães Rosa:

– O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.

Pergunto:

– Apesar de sermos diferentes uns dos outros, temos a mesma “missão existencial”?

Trata-se de um tema abstrato que não cabe ser analisado em profundidade, neste espaço virtual.

Resumidamente, entendo o seguinte:

1. Em face da inevitável “finitude humana”, no nosso imaginário há uma tendência subjetiva de associar o cumprimento da nossa “missão existencial” a uma dimensão de “transcendência espiritual”. Isto porque, nesta existência, todas as experiências das nossas vivências são marcadas pela “transitoriedade”. Essa vinculação enseja a “idealização existencial” de que não estamos aqui para “viver por viver”. Todos nós devemos “ter” e “aprimorar” um “propósito de vida”, em face das preciosas oportunidades de crescimento em todos os sentidos (inclusive espiritual).

2. A realidade consequente da “finitude humana” favorece o convencimento da “imortalidade da alma” (como eu acredito). É a certeza da evolução da nossa “essência espiritual”. É, portanto, a “percepção interior“ do nosso “existir”, presente na inspiração poética deste verso de Cecília Meireles: – “O vento do meu espírito soprou sobre a vida./E tudo o que era efêmero se desfez./e só ficastes tu que és eterno.”

Respondendo a pergunta:

– Não existe para todos nós a mesma e única “missão existencial”, porque ela sempre será moldada pelas nossas “escolhas” que definem o nosso destino. Foi o que aprendi com esta sabedoria de Willian Shakespeare: – “Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você.”

Termino esta mensagem lembrando que na vida, a nossa “missão existencial” é como o vento no mar e, também, sempre será “Como uma onda”.
http://youtube.com/watch?v=jVBCYGqxI6k

Notas:
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3.Vídeo do youtube: “Lulu Santos – Como uma onda”

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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