“A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o mistério. É essa emoção fundamental que está na raiz de toda ciência e toda arte.”
São palavras do físico Albert Einstein (1879-1955). Antes de ter escolhido um tema para este nosso encontro, veio-me à mente a palavra “emoção”. Aliás, recentemente, dediquei um dos nossos encontros à subjetividade das nossas emoções (mensagem 495). Volto com estas considerações do neurocientista António Damásio, reproduzidas do seu livro “Estranha ordem das coisas – as origens biológicas dos sentimentos e da cultura”, publicação da Editora Companhia das Letras, com tradução de Laura Teixeira Motta, que recomendo a leitura (numerei):
1 – Fisiologicamente falando, os sentimentos recém-provocados por respostas emotivas são levados no topo da onda dos sentimentos espontâneos que já seguem seu fluxo natural. O processo que baseia as respostas emotivas está longe de ser relativamente direto e transparente como aquele que baseia os sentimentos espontâneos.
2 – O desencadeamento de respostas emotivas ocorre de modo automático e não consciente, sem a intervenção da nossa vontade. Frequentemente, percebemos que uma emoção está acontecendo não por causa da situação que a desencadeia, mas porque o processamento da situação causa sentimento, isto é, experiências mentais conscientes do evento emocional. Depois do sentimento, podemos entender (ou não) por que estamos nos sentindo de certo modo.
3 – Quando o estímulo emotivo é evocado da memória em vez de estar presente na percepção, ele ainda produz emoções, e com abundância. A presença de uma imagem é, ao mesmo tempo, a chave e o mecanismo. O material recordado mobiliza programas emotivos que produzem sentimentos correspondentes e reconhecíveis.
Esses ensinamentos merecem a atenção, principalmente daqueles que em um determinado grupo de interação, emitem julgamentos críticos sobre os que não se emocionaram ao vivenciar uma mesma situação. Certo é que a tudo estamos subjetivamente ligados com os nossos “sentimentos emocionais”. No mundo das artes, por exemplo, sejam de que espécies e estilos forem, existem dois seres humanos em que suas manifestações se unem emocionalmente: o “criador” e o “apreciador”. Gosto deste “sentir” de Fayga Ostrower, no seu livro “A Sensibilidade do Intelecto”, publicado pela Editora Campus:
– “Por serem sínteses, as formas artísticas podem expressar algo que ultrapassa a verbalização discursiva: elas captam a fluidez e riqueza de nossas vivências, a interpretação de sentimentos e emoções por vezes contrastantes ou até mesmo opostos, sem reduzir ou esquematizá-los. Nessas formas, a arte incorpora verdades sobre o viver, cuja profundidade ultrapassa o pensamento lógico racional e na qual uma análise jamais poderia penetrar.”
Termino com este pedido em vida, feito por Clarice Lispector:
“Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção: acolha-me.”
Pensem nisso.
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.