“QUANDO RECEAMOS ALGUM MAL, O PRÓPRIO FATO DE O RECEARMOS ATORMENTA-NOS ENQUANTO O AGUARDAMOS: TEME-SE VIR A SOFRER ALGUMA COISA E SOFRE-SE COM O MEDO QUE SE SENTE!”
São palavras do filósofo Sêneca (180-102 aC), escritas durante o Império Romano em carta para Caio Lucílio, o famoso satirista da época. É um expressivo exemplo de como o nosso “sentir” se perpetua na passagem ilusória do “tempo”. Sobre a “consciência humana”, Sêneca também entendia ser a nossa capacidade de saber distinguir o “bem” do “mal”. A escolha das suas palavras é explicada pelo meu desejo de querer ajudar a todos “vivenciar” e tentar “controlar’ os nossos estados emocionais de ansiedade e medos que estão sendo causados, em muitos de nós, pela pandemia do coronavírus.
Começo pedindo a sua atenção para estas passagens do livro “Cérebro e Meditação”, escrito em forma de diálogos mantidos entre o monge budista Ricard Matthieu e o neurobiologista Wolf Singer, publicado no Brasil pela Editora ALAÚDE com tradução de Fernando Santos. Para os interessados, recomendo como sendo de leitura obrigatória:
1. Para Matthieu, a palavra “emoção” (de acordo com a sua origem nas línguas ocidentais), deve ser entendida no sentido de “por em movimento”, de “agitar”. Para ele, a “emoção” é algo que põe a mente em movimento, mas tudo depende de como esta se põe em movimento”. Sobre certos estados alcançados pela prática da meditação [acrescento, também pela yoga] ele esclarece:
– O treinamento da mente permite produzir esses estados mentais à vontade e modular sua intensidade, mesmo quando não enfrentamos situações complicadas, tais como fortes estímulos emocionais positivos ou negativos. Adquirimos, assim, a capacidade de manter um equilíbrio geral do nível emocional que favorece a força e a paz interiores.
O treinamento da mente permite compreender, com extrema sutileza, se um pensamento ou uma emoção são aflitivos ou não, se estão de acordo com a realidade ou se estão baseados numa percepção totalmente incorreta dela.”
Agora, uma valiosa observação de convivência especial de cuidados, no isolamento social de proteção contra o coronavírus:
2. Wolf Singer explica que quando a criança autista realiza uma tarefa, ela sempre olha para o seu cuidador porque, de acordo com as suas possibilidades, sente necessidade de avaliar o seu comportamento. Se não consegue interpretar as expressões dos cuidadores, é difícil para ela desenvolver suas funções cognitivas e se relacionar com o mundo, de modo que ficam cada vez mais isoladas
3. Sobre esta pergunta: Podemos apreender a realidade tal como ela é?
No plano das percepções comuns, o neurocientista e o pensador budista assim responderam de forma negativa:
– ESTAMOS SEMPRE INTERPRETANDO SINAIS SENSORIAIS E CONSTRUINDO A NOSSA REALIDADE.
Sobre os nossos atuais momentos de incertezas, de medos e de fragilidades emocionais, tenho procurado me equilibrar em todos os sentidos, harmonizando a minha relação CORPO, MENTE E ESPÍRITO. Nesta jornada para o “autoconhecimento” estou me fortalecendo com os nossos encontros virtuais. Não tenho dúvidas de que, nesta dimensão de vida, nós temos uma missão de necessidades de melhorias existenciais e, também, de natureza espiritual. Tudo que precisamos, está dentro de nós. Vejam este belo “sentir” da escritora Radha Burnier (1923-2013):
– HÁ UMA INTELIGÊNCIA NA PRÓPRIA ESPÉCIE QUE ENSINA O QUE É NECESSÁRIO. POR ISSO OS PÁSSAROS SABEM COMO CONSTRUIR SEU NINHO, ONDE POUSAR E COMO SE ORIENTAR.
Principalmente agora, nós estamos precisando de descobertas interiores de “completudes” em que, muitas delas, para serem “despertas em nós”, ou “para nós”, dependem de um permanente e silencioso *voltar-se para si mesmo” (com outras palavras: precisamos praticar buscas de “autoconhecimento”). Sabemos que existem várias linhas de psicoterapias. Mas, por exemplo, em silencioso escutar individual de interiorização, podemos nos orientar nesta experiência de conduta profissional do terapeuta Nichan Dichtchekenian, sobre a abordagem da Fenomenologia Existencial, praticada na sua “Clínica do Existir” (como ele gosta de chamar):
– Meu trabalho está ligado com a existência da pessoa, de que maneira essa pessoa dá conta de seu existir, suas limitações, medo da morte, angústias, etc. Como você lida com aquilo que determina você? O que você faz com aquilo que caracteriza você? Que tipo de decisões você toma ou não toma? Qual o sentido de você ser como você é? Poque se você é deste jeito é porque você realiza algo deste jeito, você está alcançando uma presença na vida.
Meu trabalho como terapeuta é primeiro acompanhar a pessoa no modo dela ser e convidá-la a se apropriar de quem ela é.
Nesse momento difícil que todos nós estamos vivenciando, se você está gostando desta série sobre o coronavírus ajude divulgar mais esta mensagem. Namastê!
Notas:
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2.As citações da escritora Radha Burnier e do psicólogo Nichan Dichekenian foram respectivamente reproduzidas da edição n. 69, Ano 15, – Set/Out de 2017, da Revista SOPHIA, publicação da Editora Teosófica, e da edição n.38, Ano IV, da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.