(210) Sentindo os benefícios do mindfulness, nas práticas da “meditação e da “yoga”

Antes de iniciar qualquer prática de “interiorização”, precisamos entender que as buscas de “autoconhecimento” desenvolvem a nossa capacidade de “observação de si mesmo”. A principal condição para ser vivenciado esse estado de “conexão interior” é a concentração voltada para o “silenciar da mente”, que poderá ser muito favorecido pelas conhecidas práticas “mindfulness” (dentre outras, a da “meditação” e da “Yoga). Explica a doutora Camila Ferreira Vorkapic, no seu artigo “A importância do JOGO MENTAL”, publicado na Edição 126 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:

– O yoga é um sistema milenar de práticas mente-corpo que se originou na Índia há mais de 2.000 anos e foi descrito sistematicamente a posteriori (Yoga Sutras de Patanjali, cerca de 900 BC.). Envolve a utilização de técnicas diferentes como posturas (asanas), respiração controlada (pranaymas), relaxamento consciente e profundo (yoganidra) meditação. (…) De modo específico, técnicas de meditação mindfulness, um componente de práticas contemplativas como o yoga, que foca na percepção e na atenção plena para o desenvolvimento de uma observação desapegada dos conteúdos da consciência, podem representar uma poderosa estratégia comportamental de coping para se lidar com o estresse, a ansiedade e pensamentos negativos no esporte.

Certo é que para a neurociência, tanto a “meditação” como a prática da “Yoga” ajudam melhorar a função cognitiva do cérebro.

Por sua vez, esclarece o psicólogo Marco Callegaro no seu artigo “Meditação e o foco da atenção”, publicado na Edição 116, Ano IX, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:

– (…) um estudo comparou dois tipos de meditação e observou as diferenças na atividade cerebral que surgiram das duas práticas opostas, a meditação diretiva e a não diretiva. A meditação diretiva é baseada na atenção focada, ou seja, um único tipo de estímulo ou sensação. Na meditação tipo mindfullness, usualmente o sujeito se concentra em sua respiração e afasta gentilmente os pensamentos espontâneos que surgem, praticando cada vez mais o retorno ao foco da respiração. Já na meditação não diretiva, um foco relaxado de atenção é estabelecido pela repetição sem esforço de uma sequência de sílabas, que pode ser um mantra ou uma sequência de sons sem significado. Se o meditador se tornar consciente de que seu foco atencional voltou-se para imagens, sensações, memórias, pensamentos e emoções que vão surgindo na mente espontaneamente, então volta a atenção de forma gentil para a repetição do mantra, evitando julgar ou avaliar o que se passa pela sua mente. O objetivo dessa forma de meditação é aumentar a habilidade de aceitar e tolerar experiências emocionais e estressantes como forma normal de meditação bem como da vida cotidiana.

Para os praticantes da “meditação” e da “Yoga”, peço atenção para estes ensinamentos do doutor Victor Friary, psicólogo e especialista Práticas de Mindfulness, que destaquei da sua entrevista publicada na Edição 143 da Revista PSIQUE, repetidas vezes citadas neste espaço virtual pela importância dos seus conteúdos:

1.Sobre o conceito de “mindfulnes” (também conhecido como atenção plena).
VF. É um processo de atenção, que significa trazer a atenção para o presente momento e o que acontece aqui e agora com uma atitude de suavidade, curiosidade e abertura.

2.Sobre como se pratica e de que forma essa técnica é aplicada na psicoterapia.
VF. Pratica-se o mindfulness através de experimentos, meditações e exercícios. Na psicoterapia, o mindfulness tem sido utilizado para aumentar controle atencional, autopercepção, atitudes e habilidades de mindfulness (paciência, resiliência, compaixão, gentileza amorosa e aceitação de experiências psicológicas). O mindfulness também é útil para aumentar a capacidade de o cliente responder a situações desafiadoras com um novo olhar, e a de reduzir o reagir automático a situações desencadeadoras de sofrimento.

3.Sobre em que medida se observa uma ligação entre aceitação e mindfulness.
VF. Mindfulness é aceitação das experiências de instante a instante, é o contato direto com o desenrolar da vida, percebendo que tudo que vai surgindo faz parte, tanto das dores quanto das experiências prazerosas. Porém, o mindfulness propõe que possamos responder à vida com menos aversão e com maior reconhecimento das nossas reações à vida, e de como elas interferem com o nosso dia a dia e como essas reações nos ajudam ou não a nos aproximar de uma vida com significado.

4.Sobre se existe uma forte ligação do mindfulness com a espiritualidade.
VF. Hoje, nós sabemos, através de estudos e pesquisas, que a espiritualidade de uma pessoa pode e muito influenciar no seu emocional, no seu mental e até em sua saúde física. De que maneira, ainda não temos certeza, mas isso acontece. Talvez o mindfulness nos ajude a perceber, com o tempo, que podemos experimentar Ser Humano em sua integralidade, e que portanto não precisamos temer nem a dor, nem a doença, nem a morte. Talvez isso se aproxime de uma perspectiva espiritual, mas não é o objetivo.

5.Sobre o interesse da neurociência.
VF. (…) não é recente o interesse da neurociência nos processos cognitivos, sensoriais e cerebrais da meditação e práticas semelhantes. Eu acho que o que move todos nós nesse campo de pesquisa é uma necessidade bem grande no desenvolvimento de práticas baseadas em evidência. No momento em que a meditação e o mindfulness se tornam ferramentas terapêuticas, surge uma necessidade de estudar se o que a prática diz que faz ela faz realmente. A neurociência tem sido um importante fator de contribuição para a elaboração de tratamentos e para o entendimento de como o mindfulness altera o funcionamento cerebral.

Meditar e praticar yoga com “atenção plena”, são fontes sensórias de elevação interior e espiritual do nosso “existir”.

Notas:

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3.Vídeo do youtube (“Gratidão”).

Muita paz e harmonização interior.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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