(332) Sentindo como devemos entender as necessidades de mudanças em nossas vidas. (Parte I)

“O QUE MUDA NA MUDANÇA,
SE TUDO EM VOLTA É UMA DANÇA
NO TRAJETO DA ESPERANÇA,
JUNTO AO QUE NUNCA SE ALCANÇA?

Com essa pergunta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) eternizou o seu poema “Mudança”. Uma bela composição subjetiva de significados de palavras escolhidas para poetizar as sensações de “mudanças” em nossas vidas. Heráclito, o pensador do “tudo flui”, dizia que “nada é permanente, exceto a mudança”. O poeta norte-americano Charles Olson (1910-1970), afirmava com insistência: “O que não muda é o nosso desejo de mudança.” Drummond parece querer brincar com a “esperança” dos seus anseios de “mudanças”, envolvendo-nos com uma inteligente reflexão que nos encanta com o sublime contagiante de suas subjetivas imersões poéticas.

Todos nós temos a capacidade de “criar” e “definir” significados para as nossas desejadas necessidades de “mudanças”. Explica o médico psiquiatra e analista junguiano, Carlos Byngton, no seu artigo “A inveja, como função psíquica estruturante”, assim por mim resumido:

– Nenhuma função psíquica e nenhuma vivência é desprovida de significado. Podemos não prestar atenção no que fazemos e no que nos acontece, mas nossa memória consciente e inconsciente registram significados que contribuirão para sermos o que somos e o que seremos. Em todos nós existe o chamado Processo de Elaboração Simbólica, centro de todas as nossas atividades psicológicas. Quando a pessoa não reflete, desperdiça a vida e pára de crescer.

Pergunto:

COMO EXPLICAR AS NOSSAS INTUITIVAS NECESSIDADES DE MUDANÇAS?

Em síntese, entendo que pelo nosso fluir existencial temos, para serem despertos em nós, sentimentos de necessidades de mudanças em todos os sentidos do nosso viver.
Em sua análise literária do livro de Hermann Hesse, “Com a Maturidade Fica-se mais jovem”, publicado no Brasil pela Editora Record, ensina o médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:

– Inconsciente são atividades mentais, que estão conduzindo nossos atos, sem que tenhamos consciência dessas ações. No entanto, para a psicologia de C. G. Jung, há uma camada de inconsciência mais profunda, que é uma condição inata, em que todo ser humano se predispõe a realizar tudo o que é próprio da espécie. Ele denominou esse conceito de Inconsciente Coletivo. [Nele] encontramos a sabedoria dos nossos antepassados e a dos antepassados do mundo; talvez, do universo. Em todas as gerações, os temas se repetem coloridos, de acordo com as experiências do espírito do tempo. A essas unidades temáticas que compõem o Inconsciente Coletivo, Jung chamou de Arquétipos.

Complemento com estas palavras da Psicóloga Mônica Giacomini, especialista em Psicologia Hospitalar, reproduzidas do seu esclarecedor artigo “Membro Fantasma”:

– Muitos questionamentos buscam explicar as reações de um indivíduo recém-amputado diante de sua recente vivência física e emocional, pois cada um tem um modo particular de lidar com o acontecimento, ligado à estrutura psíquica anterior, ao nível da amputação e à idade em que houve a perda do membro. [..] Jung compreende arquétipo como uma função, um padrão inato de comportamento humano em uma determinada situação. O arquétipo é universalizado e a questão da individualidade é enraizada arquetipicamente. O ego necessita dos arquétipos para se desenvolver. As imagens arquetípicas são formas como os arquétipos se apresentam para o indivíduo. As imagens dos arquétipos constituem a linguagem da psique. Quando ela opera em uma situação temos o símbolo, que como o mito, pode suscitar transformações. Nesse contexto, o papel do analista é levar a essência das imagens ao campo terapêutico, para que o indivíduo chegue, então, ao símbolo. […] Os arquétipos não são bons ou ruins. São neutros. Todavia, são vividos positiva ou negativamente. Isto dependerá do meio e das pessoas que estiverem sob sua influência.

Termino a primeira parte desta mensagem, com este “sentir” do filósofo estoico Epicteto:

O SER HUMANO NÃO É AFETADO PELAS COISAS EM SI, MAS SIM PELO MODO COMO AS PERCEBE.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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