(252) Sentindo como vivenciar a realização dos nossos desejos.

“DOMINA O QUE TE DOMINA”
São palavras do astrólogo Oscar Quiroga, iniciando o seu horóscopo publicado na Revista “Divirta-se Mais” do jornal Correio Braziliense, edição de 18 de janeiro deste ano.
Esta é a décima segunda vez que ele enriquece a nossa jornada para o “autoconhecimento” (mensagens anteriores: 097, 122, 149, 152, 153, 154, 184, 196, 212, 248 e 251). Quiroga estuda e pratica os ensinamentos da “Astrologia dos Sete Raios”, baseada no entendimento de que nós estamos conectados com algo maior, definido por ele como sendo “um complexo sistema de distribuição de vida, sejam galáxias, sistemas solares, reinos da natureza ou a própria humanidade”. Talvez a predominante subjetividade das suas previsões seja explicada pela sua formação, diferente dos conhecidos horóscopos individuais baseados nas técnicas das astrologias horária e eletiva. Sobre essa conexão superior esclarece o astrólogo Paul Newman, no seu artigo “Astrologia e destino”, publicado na Revista SOPHIA, n. 61, Ano 14, lançada no Brasil pela Editora Teosófica:

– Nossos destinos individuais estão ligados a destinos coletivos maiores. A astrologia ensina que quanto mais indivíduos compreenderem quem realmente são, ao que estão ligados e o que vieram fazer aqui, mais rapidamente o destino de toda humanidade poderá avançar. (…) A astrologia sugere que existe um modo de compreender como tudo está conectado, por meio dos padrões relacionados ao cosmo. Assim como cada planta, flor, árvore e lugar tem uma energia que se relaciona a um planeta, alguns planetas serão mais pessoalmente benéficos a você do que outros; alguns favorecerão seu destino mais do que outros. Caráter, regulação do tempo e momentos de destino não pertencem necessariamente apenas aos indivíduos.

As palavras que iniciam esta mensagem, estão inseridas neste contexto que foi assim explicado por Quiroga:

– DOMINA O QUE TE DOMINA.
Faz o que desejas até descobrires que, acima de teus desejos estão as necessidades. Só então começarás a experimentar a verdadeira liberdade, porque podes te convencer de que se fazes o que desejas és livre, mas na prática só fazes o que os desejos te mandam fazer. Quem deseja os desejos? Ao começares a responder esta pergunta entenderás a nada sutil diferença entre a natureza dos desejos e a necessidade que os faz existir. Enquanto isso, terás de aproveitar a experiência concreta entre o céu e a terra, que te açoita com imprecisões e equívocos, te brindando com suporte para que lapides teu discernimento e, assim, dominares o que te domina. É legítimo desejar e tentar realizar o que desejas. Melhor ainda é dominar o que te domina.

Reconheço que esse expressivo texto, subjetivamente sugestivo de prática de “autoconhecimento”, não é de fácil compreensão. Depois de detidas leituras, deduzi o seguinte:

1.”Faz o que desejas até descobrires que, acima de teus desejos estão as necessidades. Só então começarás a experimentar a verdadeira liberdade, porque podes te convencer de que se fazes o que desejas és livre, mas na prática só fazes o que os desejos te mandam fazer.”

Como interpreto: Sempre considerei serem os nossos “desejos” um chamado interior de natureza mais inconsciente do que consciente, porque as suas origens são de “necessidades” existenciais e/ou espirituais que podem ser “despertas” em nós. Para o efeito de percepção interior, a motivação inconsciente de um “desejo” vem de dentro para fora, moldando-se, quando for o caso, aos estímulos sensórios recebidos das nossas realidades exteriores. Não devemos mensurar o alcance dos resultados dos “desejos” apenas pelos significados das palavras, mas, também, em sintonia com o escutar dos nossos corações. Os “desejos” são manifestações de vontades de um “querer” ou de um “não querer”. Nesses dois tipos, antes dos seus possíveis objetivos serem alcançados, nós não temos condição de avaliar as “consequências subjetivas” que vamos experienciar em termos de satisfação completa. Ao afirmar que podemos ser dominados pelos “desejos”, Quiroga entende que acima deles estão as nossas “necessidades”, sejam de que natureza forem. Considero importante essa sua explicação, porque em termos de alcance de satisfação plena nem sempre o que nós desejamos atende ao que estamos precisando. Ele inclusive reconhece que simplesmente “fazer o que os desejos nos impulsiona fazer”, sem conhecer as “necessidades” a eles relacionadas, pode nos proporcionar uma sensação enganosa de “liberdade” (neste sentido, entenda-se quando se afirma: “finalmente fiquei livre”). Mas Quiroga sustenta que o conhecimento da “verdadeira liberdade” só surge para nós quando estamos convencidos de que temos “necessidades” que podem estar vinculadas a muitos dos nossos “desejos” de realizações. Concordo com ele, porque a nossa sensação de “liberdade” não se resume na realização dos nossos “desejos”. Por sua vez, também entendo que nós podemos ficar dominados pelos nossos “desejos”, justamente porque quando eles são realizados nos proporcionam um consciente sentimento de “prazer de conquista”. O que não devemos é ficar escravizados pelos nossos “desejos” considerados irresistíveis. É o caso de uma pessoa que não pode comer doces, mas não consegue se livrar do seu “desejo” de consumi-los. Essa sua vontade sem controle, cria para ela um consequente estado de “dependência”.

2.Quiroga pergunta: “Quem deseja os desejos?”.

Como interpreto: Todos nós temos definidas as nossas singularidades interiores de “necessidades”(inclusive de natureza espiritual). Mas entendo que não somos nós que de modo consciente determinamos o que desejamos. Talvez seja por essa razão que Quiroga afirma existir uma diferença nada sutil “entre a natureza dos desejos e a necessidade que os faz existir”. Para ele, é legítimo “desejar” e “realizar” o que nós desejamos”, mas precisamos aprender a “lapidar” o nosso discernimento e, assim, conseguir dominar o que nos domina. É desse modo que podemos compreender os nossos “desejos”. Isso é prática de “autoconhecimento”, de buscas interiorização. É nesse sentido que devemos entender esse “lapidar o nosso discernimento” e, assim, nos libertar do domínio de alguns “desejos”. Com esse ensinamento de Quiroga, nós vamos aprender que a realização dos “desejos” realmente nós dá o “prazer de conquista”, mas não “liberdade” porque podemos ser escravizados por eles. Certo é que o “desapego” dos “desejos”, realizados ou não, é atitude consciente que favorece o fluir das nossas “necessidades”, inclusive as de “essência espiritual” que nesta, dimensão de vida, precisam ser por nós “sentidas” por meio das conhecidas práticas de “autoconhecimento”.

Termino esta mensagem, com este belo “sentir” do pintor Vicent Van Gogh (1853-1890), que dizia:

– QUANDO SINTO UMA NECESSIDADE DE RELIGIÃO, SAIO À NOITE PARA PINTAR AS ESTRELAS.

Notas:

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Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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