“NOSSO INCONSCIENTE É INFINITO.”
“A MINHA CONSCIÊNCIA É INCONSCIENTE DE SI MESMA,
POR ISSO EU ME OBEDEÇO CEGAMENTE.”
São duas belas e expressivas manifestações do “escutar interior” de Clarice Lispector (1920-1977), referindo-se ao “inconsciente” com a subjetividade da sua noção de “infinitude interminável”. Ao serem escolhidas para iniciar este nosso encontro, lembrei da minha recente leitura do livro, “Diálogos sobre a natureza humana – Perfectibilidade e Imperfectibilidade”, do filósofo Luiz Felipe Pondé, publicado no ano passado pela Editora nVersos. Trata-se de uma bem fundamentada análise sobre a natureza humana, associada à noção de evolução e desenvolvimento contínuo do indivíduo, ou da humanidade como um todo, mas não de uma evolução no sentido adaptativa. Recomendo a leitura e dele peço a sua atenção para estas partes do Capítulo 5 (numerei):
1. Referindo-se à suficiência (ou não) da natureza humana:
Um dos grandes marcadores da discussão sobre perfectibilidade é o tema da autonomia, que está no debate de Agostinho [Santo Agostinho]. Até onde vai essa autonomia, se nós a possuímos, quais são os limitantes dela? No caso da discussão de Agostinho com Pelágio e Eclano, que são os protagonistas, o que limitava essa autonomia era o pecado original. Lembremos que a ideia de pecado original está muito próxima da noção de miasma da Grécia. O miasma, na Grécia, está ligado a alguma história familiar, por exemplo, um erro que algum ancestral seu comete e você carrega para toda vida. Portanto, no debate de Agostinho com Eclano e Pelágio, o limitante é a herança do pecado original, esse miasma do pecado original que todo mundo, sendo descendente de Adão e Eva, teria.
2. Referindo-se a um dos modos de entender limites à autonomia, para além da concepção de pecado original:
Freud, quando teria provado, em suas próprias palavras, que o Eu não é o dono da sua própria casa. Quer dizer, quem seria o dono da casa da consciência senão o Eu? O inconsciente, as pulsões. Então, o Eu teria perdido a condição de senhorio dentro da sua própria casa da consciência.
3. Referindo-se ao “inconsciente” [o principal enfoque desta série de mensagens]:
A partir do ponto de vista do nosso debate, há uma analogia: você tira o pecado, mas aparece outra coisa no lugar para negar a suficiência da natureza humana: não somos plenamente autônomos porque existe um inconsciente, e esse inconsciente, que está fora da autonomia consciente do Eu, impacta diretamente o modo como você pensa. Quando se rastreia essa questão até o passado, já no Romantismo – pois quem inventou a ideia de inconsciente foram os românticos -, aparece ali o limite: as emoções limitam a ação da consciência, o irracional. A analogia: você tira o pecado como limitante, mas aparecem outras coisas.
Nesta nossa jornada para o “autoconhecimento” nunca imaginei que fosse chegar ao número de mensagens já postadas. Pela importância do nosso “inconsciente“, é a terceira vez que apresento em série de mensagens. A primeira, foi sobre autismo (mensagens 216-220). A segunda, sobre o espelhar interior das imagens sensoriais dos deficientes visuais” (mensagens 224-230).
A criação desta nossa caminhada de interiorização não foi apenas concebida de modo consciente. Também foi recebida da minha “sensibilidade da alma”, com as semelhantes e aparentes matizes desta realidade poeticamente colorida por Lya Luft: – “Plantar um bosque na alma, e curtir a sombra, o vento, as crianças, o sossego. Não precisam ser reais. Eu até acho que a realidade não existe: existe o que nós criamos, sentimos, vivemos ou simplesmente Imaginamos.”
Com esta introdução sobre a importância do nosso “inconsciente, espero você no nosso próximo encontro.
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.