(168) Sentindo a vida, sem a ilusão do “tempo” em nós ficar.

A inspiração desta mensagem surgiu com a leitura da citação do “sentir” da respeitada Antropóloga Mirian Goldenberg, autora dos best-sellers “A bela velhice” e Velho é lindo”, feita na interessante abordagem “O ócio e o silêncio versus a tecnologia”, publicada na Revista da Cultura, edição 112 de maio de 2017 (publicação da Livraria Cultura), assim redigida:

– Até os 40 anos, você não tem a noção de que seu tempo vai embora, porque você acha que vai viver muito. Você gasta muito tempo para agradar, para satisfazer as demandas externas, por vaidade, porque quer que todo mundo te ame. Ou então fazendo um trabalho que você odeia, porque quer ganhar dinheiro. Seu tempo não é seu principal capital. Quando você começa a se aproximar dos 60 anos, pode ser antes, o tempo passa a ser uma riqueza. ‘Antes o tempo era para os outros, agora o tempo é para mim. Sou a principal interessada no meu tempo.’ Com essa revolução, o tempo passa a ser voltado para coisas que realmente dão significado a sua vida.

A minha primeira reação foi ter lembrado desta história contada por Lya Luft, no seu livro “O tempo é um rio que corre”, lançado no Brasil pela Editora Record (Mensagem 006, sobre o significado da “velhice):

– A moça corria entusiasticamente beirando os jardins das casas, e num deles uma mulher já bem idosa estava curvada cuidando de suas plantas.
A mocinha passou e correndo disse para a velhinha, sorrindo:
Ah, como eu queria ter a sua idade para não precisar correr para manter a forma !
A mulher ergueu, olhou para ela, riu e disse:
E como eu gosto de ter a minha idade, para não precisar correr e poder cuidar das minhas rosas !

Certamente os reflexos da ilusória passagem do “tempo” em mossas vidas (que acredito também ser um dos enfoques estudados pela “bioantropologia”), exercem profunda influência na nossa individual maneira de encarar a proximidade da inevitável “finitude humana”. Neste espaço virtual já exemplifique com este desabafo da filha de Charles Chaplin, aos setenta anos de idade: – “Eu odeio envelhecer mais do que qualquer coisa do mundo. (…) Odeio o fato de a minha mente estar envelhecendo. De um dia para o outro, me dei conta de que tenho 70 anos. O desequilíbrio entre o que você sente e o que ainda pode fazer é enorme. Você continua se apaixonando por homens jovens ou velhos ou por mulher (não sei), mas sabe que esse amor talvez não venha a se realizar.” (mensagem 012)

Gosto deste “pensar” de Lya Luft (Fonte: “Dançando com o espantalho”, da conhecida obra “Perdas & Ganhos”, publicada no Brasil pela Editora Record):

– Se maturidade é fruto da mocidade e velhice resultado da maturidade, viver é ir tecendo naturalmente a trama da existência.

Certo é que o tempo não existe. É uma abstração enganosa e necessária. Somos nós que existimos sem necessariamente precisar do “tempo” para “viver”, para “sorrir” e para “amar”. Sem precisar do tempo para “existir”!

Notas:

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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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