(353) Sentindo a importância da linguagem simbólica, em nossas vidas.

EU NÃO ESCREVO EM PORTUGUÊS. ESCREVO EU MESMO.”

São palavras de Fernando Pessoa (1888-1935), no Livro do Desassossego (assinado pelo seu heterónimo Bernardo Soares), publicado em Lisboa após ter completado quase cinquenta anos da sua morte. Foram escolhidas para iniciar este nosso encontro, pela importância do significado subjetivo desse seu reconhecimento – “Escrevo eu mesmo”. Uma bela maneira “simbólica” de transmitir e de perpetuar, através da escrita, o “conhecimento de si mesmo”, da nossa “singularidade existencial e espiritual”.

Em síntese, ensina C.G.Jung (1875-1961) no seu livro “Espiritualidade e Transcendência”, uma primorosa seleção de textos feita pela psicanalista junguiana Brigitte Dorst, publicada no Brasil pela Editora VOZES:

– Símbolos são imagens significativas. Na compreensão da Psicologia Analítica, eles transportam conteúdos psíquicos inconscientes até a consciência. Produzem efeito integral sobre o pensar e o sentir, sobre a percepção, a fantasia e a intuição. Eles unem os lados conscientes e inconscientes da psique.

Complemento com esta “explicação conclusiva” da Psicóloga Lígia Diniz, que possui pós-graduação em Psicologia Junguiana pela URJ, feita no seu artigo “O sintoma como Símbolo”, publicado na edição 151 da Revista PSIQUE, da Editora Escala:

Jung mostra que o inconsciente também age, prediz, alerta, abre horizontes, elucida por meio da produção de símbolos. Para ele, as imagens eram uma simbolização do inconsciente, e a criatividade, uma atividade humana natural .

Maravilha! Realmente, em nossas vidas “tudo é simbólico”. Mas, em certas circunstâncias, muitos dos “significados” desses nossos envolvimentos sensoriais de percepção são criamos “por nós mesmos”. Eles [como entendo] representam espécies subjetivas de estímulos para os nossos “despertares interiores”.

Em forma de aparente advertência esclarece o médico e psicoterapeuta junguiano, Carlos São Paulo, ao comentar a obra “Gradiva: uma Fantasia Pompeiana”, do escritor alemão Wilhelm Jensen:

– O homem não conseguirá entender o sentido de um símbolo até que o analista ou alguém possa ajudá-lo a casar o teor da consciência com o conteúdo relacionado do inconsciente. No modelo junguiano, compreendemos que a autorregulação da psique se faz por meio da relação da consciência com o inconsciente que se manifesta nos sonhos, naquilo que nos afeta, em nossos devaneios e nos acontecimentos que consideramos sem relação de causa e efeito, mas com coincidências significativas.

Termino o nosso encontro com estes entendimentos do doutor Carlos São Paulo, sobre o livro “Natascha 3096 dias”, publicação da Editora Verus [numerei]:

1. Símbolo é uma forma de expressar os arquétipos, ou seja, os temas humanos. Na psique do homem existe matemática. Não é nada até que se preencha com uma forma de ação, que define em imagens o existir de alguma experiência. A partir daí, surgem os símbolos com a sua natureza conhecida mergulhada na carga afetiva que esconde algum enigma.

2. Enquanto o sequestrador, envolvido em sua incapacidade de ser verdadeiramente humano, foi além de uma neurose para ferir o sagrado ser humano.

3. Somos viajantes com um destino a cumprir e, muitas vezes, nos distanciamos desse caminho. A necessidade de amar, especialmente a nós mesmos, é a direção de amar o outro. O mundo acabará para cada um de nós e estaremos mergulhados nos mistérios que a consciência humana não alcança.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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