A mensagem do nosso último encontro recebeu o título – Sentindo a importância das nossas “buscas” interiores, para o despertar da “Sensibilidade da Alma”. Nela fiz referência a esta explicação do psiquiatra e filósofo italiano Mauro Maldonato, ao ser entrevistado pela revista PSIQUE, ano VIII, n. 103:
– Acreditamos erroneamente estar cientes da maior parte de nossas funções mentais. Ao contrário, grande parte dos processos nervosos é incosciente. Nosso cérebro continua a funcionar durante o sono. Por outro lado, muitas funções mentais – da decisão à memória e à visão – ocorrem, em maior parte, em nível inconsciente. (…) Enfim, numerosas funções mentais se realizam sem nosso controle e sem que saibamos.
Por sua vez, fiz referência ao conceituado neurocientista Antonio Damasio, Diretor do Instituto do Cérebro e da Criatividade, da Universidade do Sul da Califórnia, que esclarece:
– Quando olhamos para o mar, não vemos apenas o azul do mar, sentimos que estamos a viver esse momento de percepção.
Portanto, além da visao da “experiência consciente” de “estar vendo o mar”, também, através da nossa “percepção subjetiva”, vivenciamos o “estado de alma” de “sentir-se bem” ao contemplar o mar (ou seja: a sensação de também “sentir” com a nossa “Sensibilidade da Alma”).
Os neurocientistas e os filósofos da mente estão se dedicando ao estudo das nossas “experiências conscientes”, com a finalidade de buscar respostas para o mistério da “consciência”.
Nesta mensagem, vou reproduzir partes da excelente e consistente matéria de capa da revista Conheciento Prático – Filosofia, n. 48, assinada por Daniel Borgoni (Mestrando em Filosofia, pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com bolsa da Capes (contato: danielborgoni@gmail.com):
– A experiência consciente, embora seja um estado mental passível de explicação por quem tenha experimentado uma determinada sensação, não é algo que se deva generalizar, já que ela possui um caráter qualitativo subjetivo, variando de acordo com cada pessoa ou situação.
Depois de descrever algumas das suas “experiências conscientes”, esclarece:
– Quando as tive, cada uma delas apareceu em minha consciência de um determinado modo, ou seja, cada uma delas teve uma característica qualitativa distinta que foi apreendida subjetivamente. Assim, as experiências conscientes têm caracteres qualitativos subjetivos que são acessíveis a partir de um ponto de vista em primeira pessoa e, portanto, são realtivos a quem está tendo a experiência.
– Quando temos uma experiência consciente, adentramos em um estado mental com caráter qualitativo, isto é, um estado mental que aparece de um modo específico à consciência do experimentador. Os estados mentais podem ser classificados em sensações, cognições, emoções, percepções, entre outros (…). Por exemplo,é coerrente afirmar que a essência daquilo que chamamos “dor” é o que sentimos quando temos dor. Assim, para que eu saiba o que a dor é, parece ser condição necessária que eu tenha sentido dor.
– Desse modo, estados mentais conscientes e, portanto, experiências conscientes, parecem possuir propriedades qualitativas intrínsecas que só podem ser apreendidas na perspectiva de primeira pessoa e, consequentemente, são inescrutáveis a um observador externo. No âmbito da filosofia da mente tais propriedades são denominadas qualia.
– Os qualia são associados à consciência fenomênica, tendo em vista que eles são apreendidos pela consciência de quem os experiencia, ou seja, as características ou propriedades qualitativas da experiência subjetiva aparecem a uma consciência.
É importante notar que “consciência” é um termo que admite várias acepções, como estar desperto, estar em estado de vigília, estar atento a algo ou ter autoconsciência. Mas a consciência fenomênica aponta para outro sentido, a saber, a consicência entendida como experiência consciente.
– Como vemos, as experiências conscientes são comuns em nossa vida.
– De forma mais clara, cérebros, sapatos, cadeiras, elétrons, terremotos, planetas, neurônios, manchas solares, partículas subatômicas, a fotossíntese, etc, podem ser explicados em termos biológicos, químicos ou físicos e, assim, em termos objetivos. Entretanto, a consciência tem uma particularidade que não se verifica nas outras coisas e fenômenos do mundo: a subjetividade.
– Assim, se a consciência tem características qualitativas intrínsecas (os qualia) que só podem ser apreendidas subjetivamente e, portanto, inescrutáveis e indescritíveis sob um ponto de vista de terceira pessoa, como conciliar a objetividade das experiências científicas com a subjetividade da consciência, se “essa objetividade resulta justamente, da tentativa de eliminar tudo que seja relativo a um determinado ponto de vista? (Abrantes, in Cadernos de História e Filosofia das Ciências, Campinas, v. 15, p.223-244, 2005).
Ao encerrar esta mensagem, justifico a inclusão dessas citações, porque serão úteis para a continuidade da nossa “caminhada”, visando alcançar e aprimorar a percepção subjetiva do despertar da nossa “sensibilidade da alma”. Além disso, neste espaço virtual, não posso induzir meus seguidores à informações sem embasamento de comprovação científica, em razão da minha qualificação profissional (ver meu perfil, clicando no meu nome).
Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers ocorrido no ano passado.
2.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
Muita paz e harmonia espiritual para todos.