(297) Sentindo, para o seu “pós-pandemia”, que já podemos modular a percepção dos nossos sentimentos (Parte II da 296).

“MUITOS SÓ ESTÃO QUERENDO SABER COMO SERÁ O “PÓS-PANDEMIA”, REFERINDO-SE APENAS ÀS NOSSAS REALIDADES EXTERIORES. ESQUECEM QUE SOMOS NÓS QUE CRIAMOS, PARA NÓS MESMOS, TODAS AS REPRESENTAÇÕES DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS DE INTERAÇÕES EXISTENCIAIS, SEJAM ELAS DE QUE NATUREZA FOREM. A FILOSOFIA DO “BUDISMO” ESTÁ EMBASADA NA “IMPERMANÊNCIA” DE TUDO. A VIDA É UM PERMANENTE E MANIFESTO CICLO DE TRANSFORMAÇÕES. TRANSFORMAR É EVOLUIR, MAS SEMPRE NO SENTIDO DAS NOSSAS ESCOLHAS (PARA MELHOR OU NÃO). GOSTO MUITO DESTE “SENTIR” DE PAULO COELHO: “CONHECIMENTO SEM TRANSFORMAÇÃO NÃO É SABEDORIA”.
São minhas palavras em resposta de agradecimento ao comentário recebido de uma seguidora, sobre a primeira parte desta mensagem. Começo desenvolvendo a proposta deste nosso encontro, pedindo a sua atenção para esta pergunta:

– COMO ENTENDER A PERCEPÇÃO DAS NOSSAS REALIDADES?

A psicologia, a psicanálise e as neurociências sempre estiveram voltadas para o conhecimento da percepção humana, observando e estudando as influências sensoriais recebidas das nossas realidades externas e das relações do indivíduo “consigo mesmos”. Selecionei as seguintes informações:

1. Na sua análise literária do livro “O Homem da Areia”, do escritor alemão E. T. Hoffmann (1776-1822), o médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo explicou que para Jung, fatores interiores em conjunção com fatores exteriores, registrados pela percepção, recebem forma e sentido ao formar imagens. Portanto, todo psiquismo humano se revela por imagens sensoriais.

2. Ao comentar o livro “Extraordinário”, da escritora R. J. Palacio (um best-seller que conta a história do menino August Pulman Auggie, vítima de preconceitos por causa da sua deformidade facial), o doutor Carlos São Paulo reafirmou:

Na Psicologia de C. G. Jung, cada sujeito precisa se relacionar com o mundo externo e objetivo se adaptando a ele; mas também existe um mundo interno e subjetivo, repleto de experiências do ser humano e de nossas próprias vivências guardadas, com diversas tonalidades afetivas que também exigem que possamos nos relacionar e nos adaptar a ele.

A estrutura da relação para com o mundo mais profundo de nossa natureza, o mundo interior, foi chamada de “alma”. E são esses conteúdos existentes na “Alma” que, ao se manifestarem, sofrem a ação da consciência, separando-os em opostos irreconciliáveis. No mundo da “Alma”, tudo está unido. É nele que nossos ancestrais sentiram que Deus criou os céus, a Terra, e contemplou o universo como o todo belo. Na “Alma” não há separação entre o perfeito e o imperfeito, existe o ser. É ao passar pela consciência que esse ser pode se transformar no belo, com as suas formas harmônicas e proporcionais, ou em sua oposição, a feiura.

O menino August Auggie, diante dos colegas que o isolam, convive com um conceito sobre si mesmo, o de alguém que assombra os outros. Com o amor manifestado por sua família, nutre seu valor interior e aos poucos é notado por sua capacidade carismática, até adquirir uma nova percepção do outro sobre si e conseguir fazer os amigos enxergarem um outro tipo de beleza. É o casamento da beleza do fazer com a beleza do ser. Auggie são todas as pessoas que ficam mergulhadas na escuridão de um eu que imagina sua imagem mostrada ao mundo em colisão com o ideal de uma sociedade. O sentimento de assombrar o outro, ser motivo de risos, acontece até essas pessoas encontrarem a capacidade de amar a si mesmas, para ser possível serem vistas em sua essência.

3. No seu artigo “Eu e eu mesmo”, Uwe Herwic, coordenador de trabalho sobre a regulação das emoções, do Hospital Psiquiátrico Universitário de Zurique, explica que o nosso cérebro possui circuitos especializados que fazem a distinção entre o recebimento de estímulos internos e externos. De acordo com as suas pesquisas, o cérebro precisa de mecanismos para descrever a nós mesmos, onde estamos, o que fazemos, quem somos e como nos sentimos. Resumindo: Todos nós precisamos de um nível básico de “autopercepção” para sobreviver.

4. No seu artigo sobre “A fisiologia da percepção”, o professor de neurobiologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, esclarece no seu artigo sobre “A fisiologia da percepção” que as nossas mensagens sensoriais são transformadas quase que instantaneamente em percepções conscientes. Mas para compreender os mecanismos das nossas percepções é necessário conhecer as propriedades dos neurônios envolvidos.

Considerando a necessidade de ser mantida uma padronização de espaço, espero você na continuação da mensagem. Motivado pela lição de vida transmitida pela história do menino Auguggie, termino pedindo a sua atenção para este “sentir” da doutora Michele Müller, incentivadora desta nossa jornada para o “autoconhecimento”:

A BELEZA PODEMOS APRENDER E ENSINAR A ENXERGAR PARA QUE ENTÃO POSSAMOS ENCONTRAR FORMAS DE EXPRESSÁ-LA. E ASSIM COMO TODO O UNIVERSO DO LADO DIREITO [DO NOSSO CÉREBRO], ELA SE EXPANDE PARA MUITO ALÉM DAS PALAVRAS, TORNA QUALQUER EXPLICAÇÃO LIMITADA, TRAZ SENTIDO PARA A VIDA E ENGRANDECE A EXISTÊNCIA.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações das análises do doutor Carlos São Paulo, foram reproduzidas da sua coluna “Divã literário”; do “sentir” da doutora Michele Müller. do seu artigo “Palavras não alcançadas”, respectivamente publicados nas Edições 101, 143 e 144 da Revista PSIQUE, da Editora ESCALA.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

2 comentários em “(297) Sentindo, para o seu “pós-pandemia”, que já podemos modular a percepção dos nossos sentimentos (Parte II da 296).”

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