(345) Sentindo nas contemplações artísticas, uma das nossas fontes de “autoconhecimento”. (Parte Final da 343)

NÃO VEMOS AS COISAS COMO SÃO, VEMOS AS COISAS COMO SOMOS.”

São palavras da escritora francesa Anaïs Nin (1903-1977). Sob uma perspectiva subjetiva da motivação deste nosso encontro, o “sentir” de Anaïs mostra-nos, em uma fusão de significados simbólicos, a relação de interação que existe entre o “contemplado” e o “olhar” do observador. Explico: Em toda interação humana nós projetamos, também de modo inconsciente, muitas das nossas subjetivas necessidades de completudes. É quando a representação artística, já materializada, se apresenta para nós como fonte de “autoconhecimento”. Reforço: Como se fosse uma “janela aberta” que espelha as imagens da alma do seu criador, em sintonia de integração com o “gostar” de quem aprecia. Gosto
destas declarações:
1. Da desenhista e pintora Maria Luiza Kozicki, de Curitiba-PR: “ Quero pintar o que não conheço, o mistério, o imaginário, o enigmático.”
2. Da artista plástica Annarrê Smith, que possui graduação e pós-graduação em filosofia, pela PUC de são Paulo: “Faço o trabalho que me faz.”

Reproduzidos dos seus Cursos de Estética, realizados em Berlim entre 1820 e 1829, peço a sua atenção para estes ensinamentos de Georg Hegel (1770-1831), considerado o mais famoso filósofo da Alemanha na primeira metade do século XIX (“O Belo na Arte”, Editora Martins Fontes, São Paulo, 1996, tradução de Orlando Vitorino, que recomendo a leitura. Redação original mantida, e por mim resumida):

Hegel, estudando as relações entre o “belo artístico” e o “belo natural”, considerava superior o das artes porque a sua origem é espiritual. Para ele, “o belo produzido pelo espírito é o objeto, a criação do espírito, e toda criação do espírito é um objeto a que não se pode recusar dignidade”. (p.4)

Quando é subjetiva a natureza dos objetos, quer dizer, quando os objetos existem no espírito, não fazem parte do mundo material sensível, sabemos que existem no espírito como produtos da própria atividade espiritual. (p.6)

Temos na arte um particular modo de manifestação do espírito. (p.9)

As obras de arte brotam da atividade livre da imaginação, mais livre do que a da natureza. (p.15)

Despertar a alma: este é, dizem-nos, o fim último da arte, o efeito que ela pretende provocar. (p. 32)

A obra de arte é um meio com o qual o homem exterioriza o que ele mesmo é. (p.50)

O sensível está, na arte, para o espírito, mas o objeto da arte não é, como na ciência, a ideia, a essência, a natureza intima deste sensível. (p.57)

O espiritual e o natural formam um todo indivisível, e nisso consiste a singularidade da obra artística. (p.60)

Se se quiser marcar um fim último à arte, será ele o revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma humana. (p.71).

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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