(246) Sentindo as percepções subjetividade das nossas realidades “existenciais” e “imaginárias”.

“PLANTAR UM BOSQUE NA ALMA, E CURTIR A SOMBRA, O VENTO, AS CRIANÇAS, O SOSSEGO. NÃO PRECISAM SER REAIS. EU ATÉ ACHO QUE A REALIDADE NÃO EXISTE: EXISTE O QUE NÓS CRIAMOS, SENTIMOS, VEMOS OU SIMPLESMENTE IMAGINAMOS”
São palavras da escritora Lia Luft, para quem dediquei esta jornada para o “autoconhecimento” (mensagem 001). Foram elas que motivaram esta mensagem, pelo exemplo de atenção que merecem as interações subjetivas com as nossas “realidades” (exterior e interior). Lya Luft, com a sua leveza de estilo literário, conseguiu “brincar” com o “sentir interior” das imagens recebidas do seu imaginário. Parece que foi o belo desse seu interior contemplativo, que lhe transmitiu a sensação de achar não existem as “realidades” desta nossa dimensão de vida. Talvez seja esse mesmo “sentir”, que também inspirou Rousseau, um dos principais filósofos do iluminismo, ter feito esta comparação:

– O MUNDO DA REALIDADE TEM SEUS LIMITES. O MUNDO DA IMAGINAÇÃO NÃO TEM FRONTEIRAS.

Certo é que, as “realidades” do “imaginário humano” espelham o mosaico sensório das “imagens subjetivas”, modeladas pelos estímulos das nossas percepções (com significados que são para nós elaborados, pelos nossos processos cognitivos de interpretação). No meu entender, parece ser o que acontece com as “imagens sensoriais” dos nossos desejos de realizações e de necessidades existenciais, em todos os sentidos do nosso viver (o que, como acredito, também se aplica aos nossos anseios de natureza espiritual).

De acordo com Amit Goswami, é a consciência que causa a “realidade”. Concordo. Realmente todos nós temos consciência das nossas interações existenciais no mundo das nossas “realidades físicas”. O mesmo acontece, em relação às percepções das “imagens sensórias” recebidas das nossas “realidades subjetivas” (que são conscientemente elaboradas pela nossa imaginação). No entanto, cabe registrar que o cérebro não diferencia “realidade” da “imaginação”. Explica o renomado neurocientista Joe Dispenza, citado na abordagem de autoria conjunta da Psicóloga Marineide Almeida Fernandes com o Médico Milton Cesar Ferlin Moura, sobre neuroplasticidade:

– Imaginar é poder. O neurocientista Joe Dispenza, em sua obra Evolve your Brain: the Science of Changing your Mind, revela que o cérebro, longe de ser estático e imutável, está em constante transformação e comportando-se como poderoso instrumento de criação da realidade, mesmo imaginada. Segundo ele, possuímos o poder de, a qualquer instante, trazer à tona uma memória desagradável e revivê-la como se estivesse ocorrendo. Dispenza ressalta ainda que as células cerebrais são constantemente remodeladas e reorganizadas por experiências e pensamentos. A atenção recorrente que se dá tanto às frustrações quanto às preocupações e ansiedades não apenas influencia as emoções como também transforma neurologicamente as pessoas.
Esse poder exercido pela imaginação sobre o indivíduo justifica-se na constatação de o cérebro não discernir realidade e imaginação.

Concluem, os autores dessa esclarecedora abordagem:

– (…) se as pessoas assimilarem as informações de que o cérebro não distingue realidade de imaginação e de que ninguém é mero produto do meio ou de um cérebro condicionado a determinados comportamentos, se tornaram capazes de controlar a maneira como se sentem em relação àquilo que é externo. A forma como se percebem internamente as influências externas define tanto o estado emocional quanto o físico, posto que, para cada pensamento ou sentimento, há a produção de uma química diversa que vicia o corpo. Desse modo, convido os leitores a fazerem uma viagem para seu universo interior e a identificarem, de forma sincera, quais são os vícios emocionais alimentados cotidianamente por pensamentos supérfluos. Lembrem-se: nós possuímos o poder de mudar nossa realidade.

Termino esta mensagem, convidando você para refletir sobre esta significativa e bela síntese de Sampooran Singh, cientista que se dedica ao estudo da integração entre a ciência e espiritualidade:

– A ordem do universo pode ser a ordem de nossas mentes. Tudo que esperienciamos como realidade material nasce da mente condicionada, que por sua vez é a expressão de um reino invisível além do espaço e do tempo.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2. A citação do neurocientista Joe Dispenza, foi reproduzida da referida abordagem sobre neuroplasticidade, de autoria conjunta da Psicóloga Marineide Almeida Fernandes e do Médico Milton Cesar Ferlin Moura, publicada na Edição n. 137, Ano VI, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala. A citação do cientista Sampooran Singh, foi reproduzida do seu artigo/pesquisa sobre “Perspectivas da Realidade”, publicado na Edição n. 72, Ano 16, da Revista SOPHIA, MARÇO/1BRIL DE 2018, lançada no Brasil pela Editora Teosófica.
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Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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