(301) Sentindo, para o seu “pós-pandemia”, que já podemos modular a percepção dos nossos sentimentos (Parte VI da 296).

“NÓS SOMOS RESPONSÁVEIS PELAS NOSSAS ESCOLHAS, INDEPENDENTE DOS RESULTADOS QUE PODEMOS ALCANÇAR DIANTE DO DESCONHECIDO. NO NOSSO AGORA, VIVENCIAMOS SENSÍVEIS MUDANÇAS NAS NOSSAS SUBJETIVIDADES. TUDO QUE ACONTECE PELO FLUIR PERMANENTE E CONTÍNUO DO NOSSO EXISTIR, POSSUI SIGNIFICADOS QUE PRECISAM SER POR NÓS CONHECIDOS E INTERPRETADOS. AS REALIZAÇÕES DO NOSSOS DESEJOS E SONHOS DE VIDA, NÃO ESTÃO SUJEITAS À PASSAGEM DO TEMPO. COMO ACREDITO, SÃO ANSEIOS QUE SE ENTERNIZAM POR DIMENSÕES INFINITAS DE TRANSCENDÊNCIA ESPIRITUAL DO NOSSO EXISTIR. SEUS SIGNIFICADOS EXISTENCIAIS, NÃO DEPENDEM DE QUALQUER TIPO DE MATERIALIZAÇÃO NESTA DISMENSÃO DE VIDA, PORQUE PERMANECEM PARA SEMPRE EM NOSSAS ALMAS.”
São minhas palavras, que me foram intuídas para iniciar esta mensagem logo após a leitura destas partes da análise literária do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, sobre o último livro de Gabriel Garcia Márquez, “Memórias de Minhas Putas Tristes”, publicado no Brasil pela Editora Record. Um belo exemplo da força de realização dos nossos desejos de completudes em todos os sentidos do nosso “viver”. Gabo (como Gabriel Garcia Márquez era conhecido), conta a história de um jornalista solitário que aos 90 anos de idade, sentindo as mudanças psicobiológicas do envelhecimento, resolve dar para si um presente: liga para uma amiga cafetina e pede para conseguir uma adolescente virgem para com ela passar uma louca e desejada noite de amor. Na sua análise literária, explica o doutor Carlos São Paulo:

– O nonagenário viveu a doce ilusão que o amor costuma provocar, a de se sentir completo como quem une as duas pontas: a de antes do começar a vida sexual com a de quando essa vida termina. A solidão e a morte se perturbam com a presença do amor. (…) Nossas figuras internas, muitas delas desconhecidas, aparecem em nossos sonhos. Elas nos indicam uma direção a seguir, como coparticipantes de nosso destino. Por vezes, não as compreendemos. Outras, achamos que elas explicam acontecimentos do cotidiano apenas para lembrar que eles existiram. E, frequentemente, queremos categorizá-las. Como se os fenômenos do mundo das trevas interior pudessem ser explicados com o nosso habitual modo de pensar. Essas imagens, grosso modo, querem, somente, sinalizar nossa incompletude veiculada pela solidão e pela saudade. Nossos sonhos podem ser fantásticos e alucinatórios ou, apenas, aparecer como o cotidiano vestido na roupagem dos acontecimentos comuns e sem sentido para a consciência. Outras vezes trazem a vivência do momento, reeditada com a transcrição de experiências passadas, governadas pelos medos, desejos e esperanças. Quando não atendemos às orientações desses personagens e acontecimentos internos, mas apenas tentamos nos adaptar ao mundo externo no que esperam de nós, corremos o risco de perder a individualidade. Isso significa viver uma vida fútil e sem sentido. A imagem de nossa completude está na alma que se harmoniza com o corpo. Essa imagem precisa do objeto concreto, que o acolha para tornar possível a ilusão dessa completude. São esses encontros, responsáveis pelos eventos, que traduzem a sensação do existir, que, verdadeiramente, contam o nosso tempo. Embora definamos o tempo vivido pelo número de vezes que o astro completa seus ciclos; por outro lado, são aqueles eventos que, efetivamente, definem o nosso tempo de existir.

Volto às minhas palavras do início desta mensagem:

– AS REALIZAÇÕES DO NOSSOS DESEJOS E SONHOS DE VIDA, NÃO ESTÃO SUJEITAS À PASSAGEM DO TEMPO. SÃO ANSEIOS QUE SE ETERNIZAM (…). SEUS SIGNIFICADOS EXISTENCIAS NÃO DEPENDEM DE QUALQUER TIPO DE MATERIALIZAÇÃO NESTA DIMENSÃO DE VIDA, PORQUE PERMANECEM PARA SEMPRE EM NOSSAS ALMAS.

Assim como o personagem de Gabo não se deixou vencer pelas limitações pessoais da sua idade avançada, resolvendo buscar a realização do seu antigo sonho de vida; nós também precisamos conhecer a nós mesmos, os nossos desejos e a nossa potencialidade interior, para que possamos encontrar e consolidar um novo sentido para a nossa existência e fortaleça os nossos desejos, sejam eles de que natureza forem.

Termino esta mensagem, com este “sentir” da psicóloga clínica Lidiane Klein, que possui especialização em neuropsicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):

O PERÍODO QUE ESTAMOS VIVENDO É O MOMENTO PROPÍCIO PARA BUSCARMOS UMA INTROSPECÇÃO, DE NÓS PERMITIRMOS OLHAR PARA DENTRO DE NÓS MESMOS E RECONHECER AS NOSSAS EMOÇÕES.

Espero você, na continuação desta mensagem.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação da análise literária do doutor Carlos São Paulo, foi reproduzida da Edição 102 da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala. A citação da Psicóloga Lidiane Klein, do seu artigo “Pandemia da Emoção”, publicado na Edição 137 da Revista Humanitas, também da Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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