(233) Sentindo, em nossas vidas, os sentimentos que tornam o cérebro saudável.

“A VIDA É SÓ UMA SEQUÊNCIA DE MOMENTOS. SE ENCADEARMOS ESSAS SEQUÊNCIAS, A VIDA MUDA”.
Em agosto de 2013 tomei conhecimento desta notícia, que resumo: – Orientados pelo professor Fabio Gagliardi Cozman, do Departamento de Engenharia Mecatrônica da Faculdade Politécnica (Poli) da USP, dois engenheiros especialistas da chamada Computação Afetiva (que estuda a representação da emoção humana em robôs), procuram desenvolver um algoritmo capaz de reconhecer a emoção de seres humanos em diferentes meios (vídeo, áudio e até redes sociais). O desafio reside no fato de que a frase “Eu sou um homem”, por exemplo, pode ter cento e quarenta significados diferentes, dependendo do contexto, momento e emoção com que for pronunciada. Segundo o professor Marcos Pereira Barretto, coordenador do Laboratório de Robôs Sociáveis, o objetivo é fazer parte da coalizão brasileira no esforço mundial em criar robôs capazes de compreender e agir de acordo, diferente da Siri, o assistente eletrônico da Apple para celulares e tablets, promovendo diálogos inteiros com as máquinas em vez de frases curtas e pontuadas (Fonte: Usp Online).
Passados exatamente cinco anos, não tenho informações sobre os resultados alcançados. Trata-se de mais uma iniciativa que comprova o surpreendente progresso tecnológico que estamos vivenciando em diversos ramos de pesquisas do conhecimento humano. Faço esse registro inicial porque, de acordo com a proposta desta jornada para o “autoconhecimento” (mensagem 001), nós temos condições de favorecer (em benefício próprio) o conhecimento da nossa “subjetividade interior” e, assim, melhor ressignificar o nosso “viver”. Exemplo a ser seguido, é o de Richard J. Davidson (autor da primeira frase desta mensagem). Amigo de Dalai Lama, Davidson é professor da Universidade de Winsconsin-Madison, PhD em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência afetiva, dedicando-se ao estudo dos sentimentos humanos, das bases neuronais da emoção, inclusive meditação e práticas contemplativas. Enriqueço esta mensagem, destacando da sua conhecida entrevista publicada originalmente no site do jornal espanhol La Vanguardia, em 27/03/2017, com as suas seguintes considerações sobre este seu entendimento – “A base de um cérebro saudável é a bondade, e nós podemos treinar a gentileza e a ternura em qualquer idade” (Tradução: Tibet House Brasil):

1. Sobre a nossa mente.
Davidson. Descobri que uma mente calma pode produzir bem-estar em qualquer tipo de situação. E quando me dediquei a investigar, por meio da neurociência, quais as bases para as emoções, fiquei surpreso por ver como as estruturas do cérebro podem mudar em tão somente duas horas.

2. Sobre a mudança da expressão dos genes.
Davidson. Levamos meditadores ao laboratório e, antes e depois da meditação, tiramos uma amostra de sangue deles para analisar a expressão dos genes. As mudanças são percebidas com precisão. Percebe-se como as zonas com inflamação ou tendência à inflamação tinham uma abrupta redução. Foram descobertas muito importantes para o tratamento da depressão.

3. Sobre empatia e compaixão.
Davidson. Há uma diferença substancial entre empatia e compaixão. A empatia é a capacidade de sentir o que sentem os demais. A compaixão é um estado superior. É ter o compromisso e as ferramentas para aliviar o sofrimento. Uma das coisas mais interessantes que tenho visto nos circuitos neurais da compaixão é que a área motora do cérebro é ativada: a compaixão capacita a pessoa a agir para aliviar o sofrimento do outro.

4. Sobre a ternura.
Davidson. Forma uma parte do circuito da compaixão. Uma das coisas mais importantes que descobri sobre a gentileza e a ternura é que se pode treiná-la em qualquer idade. Os estudos nos dizem que estimular a ternura em crianças e adolescentes melhora os resultados acadêmicos, o bem-estar emocional e a saúde deles.

5. Sobre como poderá ser feito esse treinamento.
Davidson. Primeiro, levando a mente deles até uma pessoa que eles amam. Depois, pedindo que revivam um momento em que essa pessoa estava sofrendo e que cultivem o desejo de livrar essa pessoa do sofrimento. Logo, ampliamos o foco para as pessoas não tão importantes e, por fim, para aquelas que os irritam. Estes exercícios reduzem substancialmente o bullying nas escolas.

6. Sobre o seu programa Healthy Minds (“Mentes Saudáveis”).
Davidson. Foi outro desafio que o Dalai Lama me deu. Temos elaborado uma plataforma mundial para disseminá-lo. O programa tem quatro pilares: a atenção; o cuidado e a conexão com os outros; o contentamento de ser uma pessoa saudável (fechar-se nos próprios sentimentos e pensamentos é uma das causas da depressão)… Por último, ter um propósito na vida, que é algo que está intrinsecamente relacionado ao bem-estar. Tenho visto que a base para um cérebro saudável é a bondade. Treinamos a bondade em um ambiente científico, algo que nunca tinha sido feito antes.

7. Sobre se a “mindfulness” (“atenção plena”), tornou-se um negócio.
Davidson. Cultivar a gentileza é muito mais efetivo do que centrar em si mesmo. São circuitos cerebrais distintos. A meditação em si não interessa para mim. O que me importa é como acessar os circuitos neurais para mudar o seu dia a dia, e sabemos como fazer isso.

Termino esta mensagem, refletindo sobre o “sentir” de Davidson que foi escolhido para iniciá-la:

– A VIDA É SÓ UMA SEQUÊNCIA DE MOMENTOS. SE ENCADEARMOS ESSAS SEQUÊNCIAS, A VIDA MUDA.

Convido você para fazer o mesmos, juntando-se nesta nossa jornada virtual para o “autoconhecimento”.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3.Mensagem feita com base na matéria publicada na Edição n. 4, Ano II, da Revista “Por um mundo melhor”, publicação trimestral da Editora Palomitas, de Brasília, e sem fins lucrativos.

Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Busca Interior. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *