Hoje vou tratar de um tema relevante para (através da prática do “voltar-se para si mesmo”), exercitar o favorecimento do despertar da nossa “sensibilidade da alma”. Refiro-me à “subjetividade humana” (mas não a que molda a nossa “personalidade”), mas à “subjetividade” das projeções da nossa interior “essência existencial”.
No seu livro “E o Cérebro Criou o Homem”, o neurocientista Antonio Damasio sustenta que: “Sem a consciência – isto é, sem uma mente dotada de subjetividade -, você não tem como saber que existe, quanto mais saber que você é, e o que pensa”.
Por sua vez, em entrevista à revista VEJA (quando falou como as emoções e os sentimentos são essenciais ao influenciar a tomada de decisões e moldar a razão humana), ele assim definiu o que é “mente”:
– Ela é uma sucessão de representações criadas através de sistemas visuais, auditivos, táteis e, muito frequentemente, das informações fornecidas pelo próprio corpo sobre o que está acontecendo com ele.
Em resumo: a mente é um filme sobre o que se passa no corpo e no mundo a sua volta.
Com essa síntese de Antonio Damasio, passei a conceber a mente, como sendo a concentração do conjunto de todas as informações (internas e externas) que recebemos.
Há muito direcionei o meu interesse para as manifestações da “subjetividade humana”. Estou (sempre que possível), lendo e relendo este fato narrado pela conceituada Filósofa Terezinha Azerêdo Rios (fonte: livro “Vivemos mais!/Vivemos bem?, escrito por ela e Mario Sergio Cortella, publicado pela Editora Papirus 7 mares):
– Agnes Heller, em “A filosofia radical”, diz que as perguntas críticas são como “as questões mais pueris”, as perguntas das crianças, que nos desinstalam, nos desconcertam e que nos provocam no sentido de nos revermos, de buscar algo não pensado, não conhecido.
Outro dia, numa palestra, quando eu falava sobre essa questão, um rapaz trouxe um exemplo desse tipo de pergunta.
Ele dizia para a filha: “Já são dez e meia da noite e você tem que dormir. Não é hora de ficar assistindo desenho na TV”.
E a pequena retrucou: “Mas desenhos não são para crianças?”
Ele respondeu que sim.
“Então por que passam na hora que a criança tem que dormir?”.
Analisando detidamente esse fato, intensifiquei a prática do exercício do “voltar-se para si mesmo”, com a intenção de estimular a minha “percepção subjetiva”.
Com o crescente desenvolvimento desse processo de “interiorização”, reiventei o meu “viver”. Fiquei mais perceptivo à subjetividade do meu “sentir” as informações sensórias do “mundo exterior”.
Para mim, a nossa “subjetividade” se manifesta “de dentro para fora”, através das “projeções” (conscientes e inconscientes) do nosso “sentir”. Mas é claro que a “subjetividade humana” também pode ser estimulada pelas “representações recebidas (inclusive inconsciente) da “realidade exterior”. Foi o caso da pergunta sobre o horário dos desenhos na TV.
Portanto, cada um de nós (vivenciando uma mesma situação) reagimos de modos diferentes, de acordo com a “subjetividade” do nosso “sentir”.
A respeito, esclarece a doutora Jeni Vaitsman, Pesquisadora-titular da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, na sua abordagem sobre “Subjetividade e paradigma de conhecimento” (fonte: Boletim Técnico do Senac, volume 21, n. 2, ano 1995):
– O conhecimento científico não é mais tratado como “representação exata da realidade” e sim como uma forma de representação da realidade, entre outras (cf. Roety, R, em “A filosofia como espelho da natureza”, Lisboa, Dom Quixote, 1988). Cada pessoa lida, de modo singular, com os estímulos psicossociais que recebe.
No meu entender, considero que as revelações da “subjetividade humana” pertencem, portanto, à “essência da nossa “interioridade”. Essas “representações interiores” traduzem e revelam os nossos “sentimentos” e “emoções”, que se projetam para fora (para a nossa “realidade exterior”), através da “sensibilidade interior” do nosso “sentir”. É, portanto, sob um enfoque de “subjetividade”, a interação da nossa “realidade interior” com as vivências do nosso “como sentir” a “realidade exterior”.
“Afinal de contas, o que é “realidade”?”.
Este foi o título de uma matéria do jornal Correio Popular, de Campinas (edição de 01.10.2014), merecendo registro, neste espaço virtual, o seguinte comentário sobre a criação do pintor surrealista Salvador Dalí:
– Sem dúvida ele usava seu cérebro de uma forma singular. Talvez o que diferencie o gênio do comum mortal seja isso, a forma como primeiro explora suas potencialidades mentais.
Mestre do imaginário – além de grande marqueteiro – Dalí certamente sabia que a diferença entre o que é real e o que a nossa mente cria, não passa de uma questão de ponto de vista.
De acordo com alguns neurocientistas, como Rodolfo Llinas, da Universidade de Nova York, a realidade como percebemos é pura subjetividade. “Luz nada mais é do que a radiação eletromagnética. Cores não existem fora da mente. Nem sons. O som é um produto da relação entre uma vibração externa e o cérebro. Se não existisse cérebro, não haveria som, nem cores, nem luz, nem escuridão”, diz Llinas.
Para mim, “realidade” é a composição de percepções de imagens, pelo nosso “sentir”, subjetivamente dimensionada quando esse “sentir” é com a “sensibilidade da alma”.
Vejam o que ensina Lya Luft, logo no início de “A marca no flanco” (em “Perdas & Ganhos”, Edição Comemorativa 10 anos, Editora Record):
– O mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. A concepção mais simples e lógica, considera que “subjetivo” é tudo que não é “objetivo”.
Pergunto, neste espaço virtual:
Mas como manifestamos a nossa “subjetividade?
Resposta. Com o “sentir” da nossa “interioridade”. Com o “sentir” da “sensibilidade da alma”.
Termino esta mensagem alertando que, por vezes, o registro (pelo cérebro) da visão de imagens da “realidade objetiva”, pode ser enganoso.
Façam este teste (fonte: Revista “Segredo da Mente”, ano 1, número 2, ano 2014, da Editora Alto Astral):
Calcule mentalmente, sem ajuda de papel ou calculadora (antes de ler a resposta):
Se você tem 1000 e soma 40, depois acrescenta outros 1000 e soma mais 30. Aí, soma outros 1000 e, agora, mais 20. Por fim, soma outros 1000 e mais 10. Qual é o total?
Resposta: A grande maioria das pessoas respondem 5000, mas está errado. O certo é 4.100. É que a sequência decimal acaba confundindo o cérebro.
Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers ocorrido no ano passado.
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.