“A BUSCA DE SIGNIFICADO É UMA JORNADA QUE DURA TODA A VIDA.”
São palavras da psicóloga Muriel James, nascida na Califórnia, na cidade de Berkeley, que se dedicou ao estudo da Análise Transacional criada pelo psiquiatra canadense Eric Berne, com a finalidade de ajudar o indivíduo no seu desenvolvimento psíquico. Esse seu “sentir” (aprendizado de sabedoria, em 100 anos de vida), reforçou o meu convencimento de que devemos repensar o nosso “viver” para melhor lidar com as incertezas desta pandemia. Pergunto: Como? Através de um silencioso “voltar-se para si mesmo” que nos possibilite valorar e, se for o caso, ressignificar a nossa caminhada de vida. Aliás, essa é uma das práticas de “interiorização”, de “perceber a si mesmos” e, principalmente, de conhecer as nossas “necessidades” para ajudar manter o controle do nosso “equilíbrio emocional”. Para Jean Piaget (1896-1980), no ser humano a sua “capacidade de conhecer” não é inata e nem alcançada pelo resultado das suas experiências. Sob uma perspectiva de evolução, ela é construída pelo próprio indivíduo em todos os sentidos da sua existência.
Entendo que em muitas da nossas interações, as linguagens subjetivas do “inconsciente”, dos nossos “sentimentos”, das nossas “emoções”, são fontes interiores de “significados” que merece a nossa atenção. Explica o psicólogo Daniel Hamer Roizman, na sua abordagem “A Psi Biológica” (Rev. PSIQUE, n. 42, junho de 2009, Ed. Escala):
– […] a linguagem, de acordo com Lacan, é o próprio fundamento da subjetividade, pois implica no infinito universo de significações produzidas pelo inconsciente – a proposição lacaniana é que este é estruturado por uma rede de significantes.
Vejam que interessante: Lacan está se referindo à essência subjetiva de uma linguagem simbólica (a do inconsciente), que por ele sempre foi chamado de “inconsciente social” (justamente em razão dessa constituição e interação subjetiva). A respeito, gosto desta consistente e detalhada explicação do médico e psicoterapeuta junguiano, Carlos São Paulo (Rev. PSIQUE, n. 154, outubro de 2018, Ed. Escala):
– A linguagem inconsciente do homem é estranha ao “EU”. Nela, os conteúdos que se assemelham ficam envolvidos e trazem da profundidade as pistas para se chegar à compreensão de como agimos nas diversas situações de nossa existência. Para isso, precisamos abandonar a lógica exigida pelo “EU” e traduzir essas imagens e esses acontecimentos em símbolos. Pode-se entender símbolo como o modo de a psique transportar a carga energética de um conteúdo inconsciente, quando este se funde com a consciência, para expressar e revelar sua alma, um conceito junguiano que expressa a relação do nosso “EU” com o mundo interno. Assim, diante de um conflito, o analista ajuda o paciente a sair do literal e simbolizar a experiência, conseguindo disponibilizar a energia necessária para o seu paciente transformar o problema e encontrar uma solução para continuar o seu caminho.
Com estas considerações preliminares, entendo que nesta triste e preocupante pandemia todos nós devemos ficar atentos para as “respostas sensoriais” recebidas dos nossos “estados emocionais” (nas palavras do doutor Carlos São Paulo, “precisamos simbolizar nossas experiências”). Isto porque no ser humano, todas elas são resultado de um processo cognitivo de “atenção plena”, manifesto não apenas pela nossa fala consciente do “uso das palavras” mas, também, como acredito, pela conhecida e chamada “linguagem do corpo”. No seu artigo “Razão e Emoção”, ensina Marta Relvas, Docente da AVM EDUCCIONAL/UCM e da Universidade Estácio de Sá (Rev. PSIQUE, n. 167, outubro de 2018, Ed. Escala):
“O [nosso] sistema límbico comanda os sistemas endócrinos e os sistemas responsáveis pela vida vegetativa, sendo também responsável pelas emoções. As emoções, quando não racionalizadas, sobrecarregam os órgãos e descontrolam a produção hormonal, deixando o corpo enfraquecido imunologicamente e suscetível a doenças psicossomáticas. O sistema límbico é a estrutura do cérebro relacionada às emoções e às recompensas, que recebe informações pelas vias sensoriais mas não distingue se os estímulos se os estímulos recebidos são bons ou ruins. […] biologicamente os sistemas cerebrais tanto da emoção quanto da razão estão intrinsecamente interligados. E que por mais que uma pessoa pense que sua mente está sendo treinada para a racionalidade, esta jamais deixará de ser influenciada pela emoção. Sendo assim, podemos afirmar que existe um elo anatômico e funcional entre corpo, razão e emoção.
Conclui a doutora Marta Relvas:
No processo de aprendizagem, a emoção ativa a atenção, que provoca a produção de sinapses químicas, responsáveis por desencadear a memória de curto prazo e longo prazo. Para se ter aprendizagem é preciso que ocorra a motivação emocional. Aprendemos quando nos envolvemos ativamente no processo de produção do conhecimento, por meio da mobilização de atividades mentais e na interação com o outro.
Termino a primeira parte desta mensagem com este “sentir” de André Codea (Mestre em Ciência da Motricidade Humana), sobre “as funções executivas cerebrais no comportamento humano e na regulação dos nossos processos cognitivos”:
– NÃO CONSIGO IMAGINAR NENHUMA FUNÇÃO CEREBRAL FORA DO CONTEXTO DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS.
QUALQUER TAREFA DECISÓRIA ENVOLVE INFLUÊNCIAS EMOCIONAIS, E MESMO O MAIS SIMPLES PROCESSO DE PENSAMENTO É ENTREMEADO POR NOSSOS ESTADOS EMOCIONAIS.
Espero você no próximo encontro, com um novo “Renascer do Sol” desta mensagem, iluminando nossas vidas!!!
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual.