(358) Sentindo a importância de significar os nossos sonhos.

Para a psicanálise o sonho vai além do funcionamento cerebral, tocando a essência do humano e apontando a via do desejo que orienta o destino de cada um de nós“.

Que bela síntese! São palavras do médico psiquiatra e psicanalista Marcio Peter de Souza Leite (1949-2012), considerado no Brasil como sendo um dos precursores do entendimento sobre o reconhecimento dos nossos “sonhos” como sendo fontes de “autoconhecimento” (mensagem 240). Nela pedi atenção para este ensinamento do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:

– Nossas figuras internas, muitas delas desconhecidas, aparecem em nossos sonhos. Elas nos indicam uma direção a seguir, como coparticipantes de nosso destino. Nem sempre as escutamos. Por vezes, não as compreendemos. Outras, achamos que elas explicam acontecimentos do cotidiano apenas para lembrar que eles existiram.

Para Sigmund Freud (1856-1939), o pai da psicanálise, os sonhos são experiências subjetivas personalíssimas, que só pertencem ao sonhador. Freud defendia serem os nossos “sonhos” um caminho privilegiado para o “inconsciente”, e suas imagens condicionadas pelo nosso psiquismo por meio dos desejos.

Agora vejam que interessante: Os egípcios também interpretavam os “sonhos” como sendo mensagens recebidas dos deuses. Os estoicos concebiam três tipos de sonhos: os recebidos de divindades, os que vinham de seres malignos, e os que vinham da alma do sonhador.

O médico Moacyr Scliar (1937-2011) explicou no seu artigo “O Fascínio pelos Sonhos”, Edição Especial nº 4 da Revista Viver/Mente & Cérebro, da Editora Duetto, que o sono pode ser dividido nas seguintes fases ou estágios:

– O estágio 1 é o do início do sono. O estágio 2 é o do sono leve. Nos estágios 3 e 4 ocorre o “rapid-eye-movement”, REM. Nesta fase a atividade cerebral é maior, semelhante àquela da vigília; a atividade muscular é inibida, com exceção dos músculos oculares que se movimentam rapidamente – daí a denominação. Em meados dos anos 1950, postulou-se que o sono estava associado ao sono REM, mas depois constatou-se que sonhamos em todas as fases. No período REM, os sonhos tendem a ser mais detalhados e parecem ter uma espécie de roteiro.

Cabe destacar que das teorias da psicanálise, a de Carl Jung foi a que atribuiu maior importância à análise dos sonhos. Resumindo: Para Jung o sonho é uma autorepresentação espontânea, em forma simbólica, da situação do inconsciente (CW, 8, par. 505).

Para você pensar sobre a importância de significar os nossos sonhos, termino esta mensagem com estas palavras do neurobiologista Wolf Singer, diretor emérito do Instituto Max Plank de Pesquisa do Cérebro, ao ser perguntado sobre que realidade nós percebemos:

– Dispomos de duas fontes diferentes de conhecimento. A principal e a mais importante é a experiência subjetiva, pois ela tem origem na introspecção ou nas interações com o ambiente. A segunda fonte é a ciência, que tenta compreender o mundo e a condição humana utilizando instrumentos que constituem uma extensão dos sentidos, ao mesmo tempo que aplica os instrumentos do raciocínio lógico para interpretar os fenômenos observados (…).

Notas:
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3. A citação parcial do entendimento de Wolf Singer, foi reproduzida do seu livro “Cérebro e Meditação”, escrito em parceria com o monge budista Matthieu Ricard, lançado no Brasil pela Editora ALAÚDE (recomendo a leitura).

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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