(057) Sentindo a nossa “Individuação Existencial”, segundo Carl Gustav Jung.

A “percepção” da subjetividade de imagens e de todos os estímulos de projeções sensórias que recebemos, depende do nosso grau de “sintonia interior”.

Sobre “percepção”, gosto desta síntese esmerada de Deepak Chopra, no seu primoroso livro “O Futuro de Deus”, lançado pela Editora Planeta do Brasil:

– A percepção define a realidade.

Também é certo que os fluxos de “vivências subjetivas” são valiosos para o despertar do “sentir” com a “Sensibilidade da Alma”. Para o despertar do “sentir” tudo que se harmoniza com a nossa essência “existencial” e, também, com a de transcendência “espiritual”.

Como a vida se manifesta em várias formas, para o alcance desse despertar precisamos desenvolver um vínculo de “interação existencial” entre a nossa “realidade interior” e as representações que recebemos do “mundo exterior”. Aliás, como acredito, é a mesma “interação” responsável pela aproximação de duas pessoas. Reforçando o meu entendimento, esclarece o Sr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), no seu livro “VIDA”, editado pela Brasil Seikyo:

– Na vida interior de duas pessoas há uma interação de energias de afeição ou confiança que as movem uma em direção da outra, exatamente como pode haver uma interação de forças de repulsão ou suspeita que distancia outras pessoas. Em termos dos fenômenos fundamentais e refletidos, isso indica que a vida humana e seu ambiente estão em profunda fusão e exercem uma contínua influência uma na outra. A interação da energia vital de uma pessoa com a de outras acontece não apenas no domínio físico do ambiente, mas também no domínio espiritual.

Complemento com esta afirmação de Deepak Chopra, na obra acima citada:

– A espiritualidade também é existencial. A espiritualidade nos pergunta quem somos, por que estamos aqui e quais são os valores mais elevados a serem almejados.

Estou convencido de que todo ser humano é o modelador do seu “existir” (por vezes, do seu próprio “viver”). Somos nós que matizamos as nossas histórias de vida. Acontece que toda história não se consolida fluindo de forma uniforme. Talvez tenha sido esta a motivação inspiradora destes versos de Cecília Meireles:

A vida só é possível
reinvenda.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas…
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo… mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Todos nós temos a capacidade existencial de conhecer o nosso “potencial interior”.

Coube a Carl Gustav Jung a valiosa contribuição para a compreensão dessa possibilidade, explicando o nosso “Processo de Individuação”.
Em recente abordagem publicada na Revista de Psicanálise, edição 38, esclarece a colaboradora Ana Costa:

– O processo de individuação é autônomo e inato, ou seja, não precisa de estímulos exteriores para começar a existir. Nele, os diversos sistemas que fazem parte da personalidade (consciência, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo) vão se tornando mais individualizados durante a vida da pessoa.

– O desenvolvimento pleno de um indivíduo ocorre, segundo Carl Jung, por meio da individuação, palavra que pode ser traduzida como “tornar-se si mesmo”. Da mesma forma que uma semente plantada cresce e dá origem a uma árvore, o mesmo acontece com as pessoas. O indivíduo cresce e se desenvolve para se tronar uma personalidade plena e equilibrada.

– (…) Jung descobriu que as pessoas que vinham ao seu consultório na primeira metade da vida, ou seja, mais jovens, geralmente estavam desligadas do processo interior de individuação, pois seus principais interesses geralmente tinham como foco realizações exteriores e a realização dos objetivos do Ego. (…) as pessoas mais amadurecidas, que já haviam atingido mais objetivos externos, apresentavam uma tendência em desenvolver metas diferentes. Estavam mais interessadas na integração e não nas realizações.

A respeito, devo esclarecer que o entendimento de Jung sobre “individuação” não se confunde com o “processo de individualização”. A “individuação”, refere-se ao processo pelo qual a pessoa, durante o fluir da sua vida, consolida o que ela realmente é, com o alcance do seu estado existencial de “tornar-se si mesmo”. Por sua vez, a “individualização” diz respeito ao processo que identifica a pessoa como sendo um “indivíduo”.

Termino esta mensagem com a segunda parte da entrevista de Carl Gustav Jung, concedida à rede BBC, de Londres, em 22 de outubro de 1959:

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3.Vídeo do youtube: “Face a Face com Carl Gustav Jung (2/4)”.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Busca Interior. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *