(114) Sentindo o “sentir amor” de Bibi Ferreira.

Inteiramente dedicada ao tema “AMOR”, a edição n. 104 da Revista da Cultura, uma publicação da Livraria Cultura, ficou enriquecida pelo bate-papo com a atriz, diretora, e gateira, Bibi Ferreira. Destaco para esta mensagem, estas partes desse gostoso e inteligente encontro com o jornalista Alvaro Machado, em que ela, com naturalidade, revelou o “BELO” da sua contagiante “Sensibilidade da Alma”:

Alvaro. Qual [dos seus cinco maridos] você considera aquele que mais amou?

Bibi. Olha, ainda estou para descobrir se amei de verdade na minha vida. Fico pensando que esses cinco maridos correspondem, na verdade, a cinco fases da vida, e que eles refletem, principalmente, aquilo que vivi em minha profissão, em tempos diferentes. Nunca fui a apaixonada cega. Fico pensando que mudo muito e que os amores correspondem, mais ou menos, às estações da vida. Porque, no intervalo entre o primeiro e o último namorado, constato que mudei muito: envelheci, perdi a beleza do físico. Perdi, sobretudo, as certezas, e essas são muito difíceis de recuperar. Chego à conclusão de que a gente ama do mesmo jeito a todo mundo.

Alvaro. O que mais recorda de cada um dos cinco maridos?

Bibi. Posso dizer que amei muito cada um deles, e se gostamos de alguém é por gostar, sem interesses. Não há uma explicação, uma vantagem a tirar. É como um nada… Que é tudo. Paulo Pontes (1940-1976), o maior dramaturgo brasileiro, faleceu ao meu lado, aos 36 anos. O diretor Carlos Lage, o primeiro marido, era um homem de sociedade. O ator Armando Carlos Magno foi o pai de minha filha Tina, Cristina, que é a pessoa que mais amo hoje no mundo. Amei muito o ator Édson França (1930-2003), que esteve ao meu lado no palco por sete anos seguidos, ou mais, em My Fair Lady. E o (diretor) Herval Rossano (1935-2007) foi uma das pessoas mais extraordinárias que encontrei em minha vida. Eu andava tão cansada de trabalhar em peças e de correr depois para boates para fazer shows, mas ele levava minha filha, que não era dele, para passear nos parques pela manhã. Isso é a coisa mais bonita que uma pessoa pode fazer, é amor.

Alvaro. E o amor por sua prole?

Bibi. Claro que gosto muito dos netos e bisnetos, mas de quem jamais esqueço e merece mais meu amor é minha filha, Tina (Cristina). Seu talento com as mãos é incrível, uma deusa alegre, educadíssima. Tem atividades no teatro infantil. E também tenho três gatos siameses lindos, pelos quais sou apaixonada, sou gateira. É um amor correspondido. Tem a Xuxinha, que ganhei da atriz Xuxa Meneghel, é afilhada dela. E tem a Patinha e a Linda.

COMENTÁRIO:

Sempre me posicionei reconhecendo ser difícil falar de todos os nossos sentimentos, e principalmente sobre a “subjetividade interior” do nosso sentir “AMOR”. Ao responder a primeira pergunta sobre o “amor” pelos seus cinco maridos, Bibi Fereira declarou que ainda precisa “descobrir se amei de verdade na minha vida”, para concluir: – “a gente ama do mesmo jeito a todo mundo”.

O sentido dessas revelações, por ninguém poderá ser interpretado porque só lhe pertence. É exclusiva do seu “sentir interior”, da sua “Sensibilidade da Alma”. Mas na segunda resposta, Bibi Ferreira confessa com sabedoria de “saber viver”: – “Posso dizer que amei muito cada um deles, e se gostamos de alguém é por gostar, sem interesses. Não há uma explicação, uma vantagem a tirar. É como um nada… Que é tudo.”

Entendo que o ato de se “entregar ao amor”, de se deixar “envolver por amor”, decorre de um íntimo e pessoal processo de “escolha interior”. Representa, dentro de nós, e para nós, o surgimento de descobertas de “atração”, de necessidades de “querer bem” e de “querer gostar” de outra pessoa. Representa, principalmente, a descoberta interior de “querer se completar” com outra pessoa, mediante “troca recíproca” de “querer dar” e de “querer receber amor”.

São “descobertas interiores” sujeitas à mudanças de intensidades, porque necessariamente precisam ser “retribuídas”, “correspondidas” pela pessoa que aceitamos para ser por nós amada. Por esta razão, essa mútua vinculação do “sentir amor” nunca será a mesmas, porque para sempre será lembrada pelo modo como recebemos “amor”.

Dedico esta mensagem à Ana Clara, que me mostrou o significado mais sublime do “amor”, quando recebemos da “gateira” por nós amada.

Notas:

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3.Video youtube: “Bibi Ferreira – Edith Piaf”.
4.Reprodução de parte da entrevista, autorizada pelo jornalista Gustavo Ranieri. Editor-chefe da Revista da Cultura.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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