(189) Sentindo o tempo do seu “buscar interior”.

Seja qual for o método de interiorização por você escolhido, o resultado de toda prática individual de “autoconhecimento” sempre será cognitivamente elaborado por uma descoberta. É a descoberta da nossa subjetividade; do “sentir o que nós somos” e não o que acreditamos ser para nós mesmos. É a descoberta de “sintonia interior” que depende apenas do nosso “querer”, em silêncio. É a descoberta de se harmonizar em quietude de paz com sensação de bem-estar. É a descoberta de também se sentir em estado de “elevação espiritual”. São, portanto, as descobertas do nosso “despertar interior” e da nossa “capacidade de transcender”, que podem ser alcançadas por meio de algumas abstrações de influências que recebemos das nossas realidades existenciais (como por exemplo, as da condicionante fluência ilusória da passagem do “tempo” em nossas vidas).

Esta mensagem me foi intuída por este “sentir” do escritor Mia Couto, de Moçambique, no sudeste do Continente Africano, citado pela psicóloga e psicanalista Magda Khouri em entrevista publicada na edição 136 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:

– Nós não precisamos de mais tempo, mas de um tempo que seja nosso. E nesse tempo que seja nosso, nós temos que encontrar a intimidade com as coisas que nos são próximas, com as pessoas que amamos, isso requer um vagar, um tempo próprio.

Sobre esse “vagar”, ela explica:

– É nesse “vagar” e “nesse tempo que seja nosso” que entra a Psicanálise. O encontro psicanalítico propõe um recuo, um recolhimento para se tentar produzir subjetividade. O descanso do ritmo vertiginoso é a chance de se criar alguma condição para criar o novo, pois a pura inquietação só mantém a pessoa presa em si mesma, numa agitação nervosa, reproduzindo o já existente.

Pergunto para você que está lendo esta mensagem:

– QUAL É O TEMPO DO SEU “ESCUTAR INTERIOR”?

Antes de responder, é preciso entender que qualquer busca de interiorização (autoconhecimento) é um processo pessoal e intransferível que deve ser aprimorado e também pode ser criado por você. Isto porque representa o encontro de “percepção sensória” com a essência interior da sua “individualidade existencial. Nesse sentido, merece atenção este esclarecedor entendimento da psicóloga Luiza Elena L. Ribeiro do Valle, pesquisadora CNPq (HC/FMUSP) com especialidade em Psicologia Clínica:

– O autoconhecimento é a estratégia utilizada em psicoterapia. Conforme o indivíduo consegue se perceber de forma mais consciente, com suas fraquezas e forças, ele se torna mais capaz de aceitar as pessoas e de inteferir no mundo de forma positiva, com resultados satisfatórios, que promove cada vez mais essa interação.

Verifica-se, com facilidade, que os benefícios das descobertas do “autoconhecimento” são exclusivamente seus, só lhes pertencem, dependendo apenas de serem alcançados pela prática permanente do “voltar-se para si mesmo”. O que precisamos é encontrar o nosso “tempo” para viabilizar o nosso “escutar interior”. Cabe ainda reconhecer que a prática de “autoconhecimento” não depende, necessariamente, do nosso “recolhimento”. Esclarece a doutora Magda Khouri, na mencionada entrevista concedida à Revista PSIQUE:

– Na perspectiva psicanalítica são múltiplas as modalidades do ser na solidão. Assim como na história, vemos como o sentimento de solidão tem suas características específicas em cada cultura. Pode ser benéfica a solidão como momento de escuta de si próprio, do silêncio necessário para os processos psíquicos serem elaborados. De certo modo, no recuo do circuito social, também temos a oportunidade de sair de nós mesmos para mergulhar nas coisas do mundo. Entre as várias concepções, há uma outra solidão que é próxima à capacidade de estar só, escrita por Winnicott, que se trata de um modo particular de estar consigo mesmo, podendo usufruir os aspectos criativos dessa experiência. O momento inaugural, segundo o autor, é quando a criança é capaz de brincar só ao lado da mãe. Nessa linha de pensamento, é no brincar que tanto o adulto como a criança “fruem na sua liberdade de criação”.

Estando comprovado por pesquisas da neurociência que o cérebro não faz distinção entre o que é “realidade” e criação da nossa “imaginação”, termino esta mensagem convidando você para pensar sobre esta pergunta:

– DE MODO CONSCIENTE (ANTES DE SER INICIADA QUALQUER BUSCA SENSÓRIA DE “AUTOCONHECIMENTO”), SERÁ QUE PODEMOS “RESSIGNIFICAR” A NOSSA REALIDADE INTERIOR POR MEIO DE “IDEALIZAÇÕES ABSTRATAS” DE MELHORIAS PARA O NOSSO “VIVER”?

Encontre a sua resposta no “tempo” do escritor Mia Couto, e com ele vivencie a plenitude sensória do seu “buscar interior”.

Notas:

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Muita paz e harmonia espiritual.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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