“O ‘SI MESMO’ PARECE CONTER DIMENSÕES DE SI QUE SOMENTE PODEM SER OBSERVADAS POR MEIO DE INTROSPECÇÃO DIFERENCIADA E CONTÍNUA. O QUE SEI SOBRE MIM NUNCA É O QUE SOU INTEIRAMENTE. SOMOS MUITO MAIS DO QUE CONHECEMOS SOBRE NÓS MESMOS.”
São palavras do analista de renome internacional, Mario Jacoby, ao ser perguntado sobre o Si mesmo (Self) no processo de individuação da psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Realmente, “somos muito mais do que conhecemos sobre nós mesmos”. Certo é que são muitas as conhecidas práticas de “autoconhecimento”. A proposta deste espaço virtual, também está dimensionada para uma sugestiva busca de “transcendência” para o “despertar” da nossa espiritualidade interior, assim por mim definida (mensagem 001):
– Desejo que os nossos futuros encontros sejam caminhadas de buscas e de descobertas pela subjetividade dos nossos “estados de alma”. Que sejam buscas de aprimoramento e de crescimento espiritual, pelas trilhas das nossas trajetórias de vida.
Nesta nossa jornada para o “autoconhecimento”, já dediquei duas mensagens para as “práticas contemplativas” do yoga e da meditação (mensagens 205 e 210). Entenda-se esse “contemplativa”, como sendo a nossa capacidade sensória de “voltar-se para si mesmos” e, também, para o alcance de um desejado estado de “iluminação interior”; experiência vivenciada por Sidarta Gualtama, assim explicada por OSHO no seu livro “BUDA – Sua Vida, Seus Ensinamentos e o Impacto de Sua Presença na Humanidade”, lançado no Brasil pela Editora Cultix, com tradução de Leonardo Freire, que recomendo a leitura:
– Sermões em Silêncio. Não há linguagem que possa expressar a experiência de iluminação. Não pode haver, pela própria natureza do fenômeno. A iluminação acontece além da mente e a linguagem faz parte da mente. A iluminação é uma experiência que acontece em completo silêncio. (…)
Por sua vez, merece registro o posicionamento da pesquisadora do Instituto de Psicologia da UFRJ, Camila Ferreira-Vorkapi. Na sua excelente abordagem publicada na edição 67, Ano VI, da Revista PSIQUE, em julho de 2011, com o título “MEDITAÇÃO: a nova medicina preventiva”, ela sustenta que todas as práticas meditativas são valiosos tratamentos alternativos, porque ensejam o nosso bem-estar e equilíbrio emocional.
Acrescenta, em seguida:
– Um dos objetivos da meditação é induzir a um estado alterado e reprodutível durante a prática, com efeitos positivos e duradouros sobre o corpo e mente. Partindo do pressuposto de que os diferentes estados mentais são acompanhados por diferentes condições neurofisiológicas, pode-se afirmar que a meditação induz a ocorrência de dois tipos de alterações psicofisiológicas. Mudanças no estado são mudanças de curto prazo que ocorrem durante ou imediatamente após a prática de meditação e se referem às alterações sensoriais, cognitivas de autoconsciência. Tais mudanças podem incluir experiências de clareza de percepção, consciência ou de foco de atenção em direção ao objeto de meditação.
O que motivou esta mensagem foi a resposta que transcrevo a seguir, sobre a “Meditação Vipassana”, do escritor Yuval Noah Harari, em entrevista exclusiva publicada no segundo número da Revista ]cultura[, em julho deste ano, da Livraria Cultura/Finac. Com 42 anos de idade, ele é o autor da trilogia composta por estes fantásticos livros: “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” (2011), “Homo Deus – Uma Breve História do Amanhã” (2015) e “21 Lições para o Século 21” (este, com lançamento mundial previsto ainda neste mês de agosto, sendo no Brasil pela Editora Companhia das Letras):
Sobre se a meditação o ajuda a lidar com essa vida de celebridade.
Yuval. Ser uma celebridade envolve tanta pressão e distrações que eu não sei como poderia lidar com isso sem o foco e a paz proporcionados pela meditação. Pratico há quase vinte anos Vipassana, uma técnica baseada na percepção de que o fluxo da mente está intimamente ligado às sensações corporais. Entre mim e o mundo, há sempre sensações corporais: eu não reajo aos eventos do mundo exterior, reajo às sensações que eles provocam no meu corpo. Quando a sensação é desagradável, sinto aversão. Se é agradável, desejo mais. Mesmo quando penso que estou reagindo a uma memória antiga de infância ou que alguém escreveu sobre mim no jornal, a verdade é que tudo se dá no meu corpo. Vipassana me treina a me concentrar no que está acontecendo dentro de mim, e não no mundo exterior, revelando assim os padrões básicos da minha mente. O sofrimento não é uma condição objetiva no mundo, é uma reação gerada pela nossa mente. Além de meditar, a cada ano faço um longo retiro por um mês ou dois. Não é uma fuga da realidade, é o contrário: sinto que por pelo menos duas horas por dia eu realmente observo a realidade como ela é. Nas outras 22 fico sobrecarregado com e-mails, tuítes e vídeos engraçadinhos de gatos.
Termino esta mensagem, com este meu “sentir” sobre a explicação de Yuval:
– Em qualquer prática de meditação, somos nós que criamos (para nós mesmos) as condições que favorecem o equilíbrio do nosso corpo físico, emocional e mental. Sugiro a escolha da técnica Vipassana.
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual.