(091) Sentindo a “Sensibilidade da Alma” do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis.

Tenho afirmado em mensagens anteriores, que a singularidade do ser humano é a sua “Sensibilidade da Alma”. Somos, portanto, subjetivamente conhecidos pelas manifestações do nosso “sentir interior”. Essas “projeções sensórias” revelam o que nós somos, seja pela “escrita”, pela “fala”, por “expressões faciais” e até mesmo pelo mostrar do nosso “silêncio”. Todo esse conjunto de exteriorização do nosso “sentir interior”, também molda a intrínseca evolução do “conhecimento de si mesmo”, explicada pelo “processo de individuação” da psicologia junguiana.

A motivação desta mensagem foi a entrevista concedida em julho de 2011 à jornalista Natasha Madov, do iG, pelo neurocientista Miguel Nicolelis, na Festa Literária Internacional de Paraty, por ocasião da divulgação do seu livro “Muito Além do Nosso Eu”, lançado no Brasil pela Editora Companhia das Letras.

Destaco dessa entrevista, o seguinte (Fonte: ultimosegundo.ig.com.br):

iG: O que motivou o senhor a escrever o livro?

Miguel Nicolelis: Várias coisas. A primeira foi divulgar essa fronteira de pesquisa do cérebro que está chegando à prática clínica, e começando a se expandir para a vida real das pessoas. Achei que era o momento ideal para contar essa história, do que aconteceu na neurociência nos últimos 200 anos. As pessoas não estão habituadas a ler algo sobre o cérebro, apesar dele ser a coisa mais íntima da nossa vida. Elas acham que isso é algo muito distante, muito difícil, e eu tentei traduzir para uma linguagem que qualquer pessoa pudesse entender.

iG: O senhor mistura um pouco com a história da sua vida, da sua pesquisa.

Miguel Nicolelis: Por duas razões: primeiro, é importante humanizar o cientista, mostrar que ele é um ser humano comum. E a outra, a teoria que eu descrevo no livro sugere que não existe nenhuma objetividade em nada do que nós fazemos. Tudo é dependente da história de vida de cada um. Então, para entender a minha teoria, as pessoas precisam conhecer quem eu sou.

A essência da “Sensibilidade da Alma” de Nicolelis está manifesta quando ele se refere à necessidade de humanizar o cientista e, também, ao envolvimento de matizes de subjetividade das nossas vidas em tudo o que fazemos.

Transmitindo o “conhecimento interior” de quem somos, conseguimos revestir de significado especial toda a nossa participação voltada para a melhoria do ser humano, em todos os sentidos.

Independente da nossa dedicação profissional, ninguém deve se distanciar do seu “sentir interior” e da subjetividade da sua “natureza existencial”.

Certo é que as revelações da ciência são transmitidas de acordo com o “sentir interior” de cada operador do conhecimento humano. Essa regra da essência da nossa comunicação, naturalmente se aplica a todo ramo do saber.

Concordo com Nicolelis no sentido de que ”é importante humanizar o cientista, mostrar que ele é um ser humano comum”. Mas considero que esse processo de humanização impõe a necessidade de adoção, pelos cientistas, de uma linguagem também humana, estruturada nas suas vivências socioemocionais, com a finalidade de ser eficazmente entendida por todos nós.

Gosto desta explicação da médica Leonor Bezerra Guerra, professora da UFMG com especialidade em neuropsicologia (Fonte: “Pedagogia da Motivação”, entrevista feita por Fernanda Teixeira Ribeiro, editora da Revista Neuroeducação, publicação da Editora Segmento):

Fernanda: Quais os desafios para construir um diálogo entre cientistas que estudam o cérebro e educadores?

L.G.: O neurocientista não está na sala de aula nem o educador, no laboratório. É necessário que haja uma capacitação de quem estuda neurociência sobre os contextos da escola: falta de recursos educacionais, problemas familiares etc. Do lado do educador, é preciso entender que a neurociência não tem resposta para tudo e que não deve haver generalizações. (…) A neurociência explica alguns aspectos do processo de aprendizagem das perspectivas neurobiológica e da psicologia comportamental. (…) Considero que a neurociência tenha trazido boas contribuições para a educação, na medida em que ela fornece fundamentação para muito do que já se faz na área da pedagogia e ainda, esclarecendo aspectos do comportamento humano, reafirma e sugere estratégias para uma aprendizagem mais eficaz.

Termino esta mensagem com esta manifestação da “Sensibilidade da Alma” do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis (Fonte: “Einstein não seria pesquisador A1 do CNPq”, entrevista publicada em 10 de janeiro de 2011, no site www.viomundo.com.br):

– Hoje, nós precisamos de cientista que joga futebol na praia de Boa Viagem. Precisamos do moleque que está na escola pública. As crianças precisam ter acesso à educação científica, à iniciação científica. (…) Esses moleques vão decidir o que vai ser a nossa ciência.

Notas:

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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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