“Relacionamento” tem sido um dos meus temas preferidos para este espaço virtual (mensagens 122, 133, 160 e 162). Volto a ele, iniciando com este espelhar interior da “Sensibilidade da Alma” de Vinícius de Moraes:
– A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.
Estou convencido de que os nossos ideais de uma “vida a dois” estão subjetivamente enraizados em mútuas necessidades sensórias de “completude existencial”. Assim manifestei este meu “sentir”, sobre o desejo de encontrar a nossa “Alma Gêmea” (mensagem 072):
– São as “interações” de “necessidades”, de “preferências”, de carências emocionais”, de “idealizações”, de “jeitos de ser”, de “pensar”, de “gostar”, de “cumplicidade”, e muitas outras. São, portanto, vinculações existenciais de “sentimentos de identidades” que, naturalmente, favorecem a “união” de dois seres humanos. São os “encontros de almas” que criam condições de “respeito” e de “afetividades”, em todos os sentidos do nosso “viver”. Não devemos ficar procurando a nossa “alma gêmea”. O que se deve é acreditar na “magia” do AMOR, inclusive como obra do “acaso”. Mas essa “magia”, no meu entender, sempre estará sujeita à “necessária” e “buscada” sintonia de harmonização das nossas “individualidades existenciais”. Isto porque a singularidade de todo ser humano são as matizes da nossa “Sensibilidade da Alma”.
Certo é que ninguém nasce com a sua “identidade interior” plenamente definida. O desenvolvimento do nosso psiquismo começa a ser construído, quando vivenciamos as nossas diferenças e limitações. É quando passamos a ter consciência da dualidade existencial entre o “eu” e o “outro”. Em todas as relações interpessoais (principalmente nas afetivas) é preciso existir a permanente e incansável “interação de respeito”. Ensina Carlos São Paulo, médico e psicoterapeuta junguiano, comentando o livro “Mitologia dos Orixás”, de Reginaldo Prandi, lançado no Brasil pela Editora Companhia das Letras:
– Homens que buscam mulheres para se relacionar são incapazes de amar quando o acolhimento é substituído por um estado competitivo sobre quem domina a relação. O sagrado é a alteridade. Precisamos desenvolver a capacidade de nos colocar no lugar do outro, aprender com as diferenças e respeitar o indivíduo como esse outro de si mesmo.
Gente, acabaram as dinastias do hoje inaceitável modelo de relacionamento, onde os homens (machos covardes e violentos) desejavam, e as mulheres eram as desejadas. Sugestão complementar: palestra do psicanalista Contardo Calligares sobre a mudança dos papeis dos gêneros através do tempo, no site www.cpflcultura.com.br (“O corpo masculino” ou “A crise do macho”).
Acima (sobre o início do desenvolvimento do psiquismo humano) fiz referência à necessidade do reconhecimento das nossas “diferenças” e “limitações” (âncoras do processo individual de “autoconhecimento”, que favorecem a perpetuação dos nossos relacionamentos). A respeito, gostei desta menção ao poeta Rainer Maria Reike (autor do livro “Cartas a um Jovem Poeta”, traduzido pela nossa Cecilia Meireles), feita pela doutora Michele Müller na sua bela abordagem, “O grande propósito do amor”, publicada na edição n. 138 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:
– (…) o propósito de um casamento não é criar imediatas similaridades, ao se derrubarem todos os limites. Uma relação enriquecedora seria, para ele [Reike] aquela que vai na direção oposta, em que cada um não apenas preserva como atua como guardião da solitude do outro, “revelando, assim, a maior confiança possível”.
Dedico esta mensagem para Ana Clara, virtualmente envolta com este “sentir” de Vinícius de Morais:
– (…que)
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
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Muita paz e harmonia espiritual.