“OS SENTIMENTOS SÃO REPRESENTAÇÕES DO ESTADO DA NOSSA VIDA, MAS REPRESENTAÇÕES QUALIFICADAS. ESSA QUALIFICAÇÃO APARECE EM TERMOS DE AGRADÁVEL OU DESAGRADÁVEL, BOM OU DE MAU, E É ISSO QUE FAZ A GRANDE DISTINÇÃO ENTRE A INTELIGÊNCIA HUMANA NO SENTIDO MAIS COMPLETO E A MENTE HUMANA. OS SENTIMENTOS COMO PERSONAGENS SÃO AS REPRESENTAÇÕES, AQUILO QUE ESTÁ NA NOSSA EXPERIÊNCIA MENTAL QUANDO ESTAMOS A VIVER UMA VIDA REAL”
São palavras do neurocientista António Damásio, durante a entrevista concedida ao Jornal O Público, no dia 05/11/2017, em Lisboa, sobre o seu livro “A Estranha Ordem das Coisas”. Lançado no Brasil pela Editora Companhia Das Letras, com tradução de Laura Teixeira Motta, acabei de concluir a minha leitura e recomendo para você. Em síntese, por meio de uma inovadora perspectiva de aferição de regulação homeostática, ele explica as origens biológicas dos sentimentos e da cultura humana. A apresentação do livro inicia com este esclarecimento:
– Este é um livro sobre um interesse e uma ideia. Há muito tempo me interesso pelo afeto humano, o mundo das emoções e sentimentos, e há anos o estudo: por que e como temos emoções e sentimentos? Usamos sentimentos para construir nossa individualidade? Como os sentimentos auxiliam ou solapam as nossas melhores intenções? Por que e como nosso cérebro interage com o corpo para sustentar essas funções? Tenho novos fatos e interpretações a compartilhar sobre todas essas questões. Quanto à ideia, ela é muito simples: os sentimentos não têm recebido o crédito que merecem, como motivos e monitores das proezas culturais do homem.
Para esta mensagem, destaco este “sentir” de António Damásio:
– Os sentimentos nos dizem o que precisamos saber. Sentimentos acompanham a trajetória da vida em nosso organismo, tudo o que percebemos, aprendemos, lembramos, imaginamos, raciocinamos, julgamos, decidimos, planejamos ou criamos mentalmente. A ausência completa de sentimentos significaria uma suspensão da existência, porém até mesmo uma remoção radical deles comprometeria a natureza humana.
Por sua vez, para Jung as “percepções” das nossas realidades (sejam elas, de que natureza forem), são elaboradas no psiquismo e por nós recebidas por “imagens”. Elas são, portanto, a linguagem da “psique”.
Explica António Damásio:
– Qualquer imagem que entra na mente tem direito a uma resposta emotiva. Isso se aplica inclusive às que chamamos de sentimentos.
Fiquei encantado com a leitura do livro de António Damásio, porque também sempre me interessei pela a origem dos nossos “sentimentos” (que foi definido por esse belo “sentir” de Johann Goethe, como sendo “a essência viva da alma”). Entendo que em todas as buscas de “autoconhecimento”, nós precisamos procurar entender os significados das “imagens sensórias” recebidas da nossa subjetividade interior (mensagem 153). Foi por essa razão que comecei esta mensagem, com estas palavras de António Damásio:
– OS SENTIMENTOS SÃO REPRESENTAÇÕES DO ESTADO DA NOSSA VIDA, MAS REPRESENTAÇÕES QUALIFICADAS. OS SENTIMENTOS NOS DIZEM O QUE PRECISAMOS SABER.
Termino esta mensagem com estes ensinamentos da doutora Daniela Benzecry, que encontrei no seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade – Um caminho junguiano para o desenvolvimento espiritual”. Lançado no Brasil pela Editora VOZES, assim como os livros de António Damásio, considero leitura obrigatória para todos que buscam o conhecimento de “si mesmo”:
1.É a visão de mundo que determina como alguém vê o mundo; ela orienta a vida da pessoa e, assim, as suas escolhas. A visão de mundo é diretamente relacionada aos nossos valores.
2.É possível fazer uma escolha e ter um comportamento diferente do que se faria a partir de determinado sentimento, pois ter um sentimento não implica, necessariamente, que se aja de acordo com ele. Uma vez que se tenha consciência do sentimento, é possível optar em se guiar ou não por ele, fazendo surgir o sentimento correspondente ao comportamento adotado.
3.Embora costumemos ver no mundo externo a causa pára o que sentimos, o mundo externo não é a causa em si, funcionando mais como uma oportunidade dos sentimentos surgirem, pois o sentimento é uma função de relação. É necessário haver a interação do mundo interno com o mundo externo ou com um conteúdo interno para que o sentimento ocorra. A realidade externa funcionaria como a tela em que o mundo interno é projetado por meio da emoção deflagrada no encontro com o mundo externo, e a vivência consciente daquela emoção produziria o sentimento.
Notas:
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2.A citação do doutor Carlos São Paulo está publicada na Revista PSIQUE, n. 112, Ano IX, da Editora Escala. As da doutora Daniela Benzecry foram reproduzidas do seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade”, lançado no Brasil pela Editora VOZES.
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Muita paz e harmonia espiritual.