(020) Sentindo “sentimentos” e “emoções”, na comunicação pela escrita.

Volto ao tema relacionado com o expressar a “sensibilidade da alma”, através da “escrita” (mensagem 017):

Através da “escrita” consigo manifestar o meu “Sentir”, porque me entrego a um “estado de interiorização” que, neste espaço virtual, é revelador da minha “sensibilidade interior”.

Toda “escrita” é resultado de motivações sensórias e emocionais, de acordo com as significativas circunstâncias do nosso “sentir” e do nosso “viver”. É a prova de que o efêmero não existe dentro de nós, porque as revelações e experiências dos “agora” permanecem na “memória” do nosso inconsciente.

Eu sempre escrevo com a tinta do meu “sentir” (com a “sensibilidade da alma”), que transmite as “projeções sensórias” dos meus “sentimentos” e “emoções”. Para mim, é a “comunicação escrita” mais trabalhada, mais esmerada sensóriamente, porque, através dela, temos a sensação interior de que estamos “conversando com nós mesmos, em sintonia de harmonização com a pessoa para a qual estamos escrevendo (como acontece neste espaço virtual).

Nós somos (no mundo exterior) “espelhos” da nossa “interioridade”, refletindo “sentimentos” e “emoções”.

Gosto desta explicação da doutora Maria Luiza Peres Couto Soares, docente do Departamento de Filosofia da Universidade Nova Lisboa, sobre “O que é Conhecimento”, com destaque para o tópico sobre “Percepção: Aparência e Realidade” (fonte:www.academia.edu/1069584/0_que_é oconhecimento_questões de epistemologia):

– Até o não filósofo descobre depressa a necessidade de reconhecer um mundo interior distinto de um mundo externo, um mundo de impressões sensíveis, de criações da sua imaginação, de sensações, de sentimentos e disposições de desejos e decisões.
O mundo físico é constituido por objectos materiais existentes no espaço e tempo, entre si em processos físicos e acontecimentos. O mundo interior é constituído pelas sensações, sentimentos, imaginações, desejos e decisões que povoam a nossa consciência.

Em seguida, complementa:

– Entende-se “qualia” as propriedades experienciais das sensações, sentimentos, percepções, e também dos pensamentos e desejos.
Sentir esses fenômenos é algo apenas acessível ao próprio sujeito, incomunicável aos outros, susceptível de uma descrição na primeira pessoa.

Neste espaço virtual, tenho evitado inserir nas minhas mensagens, transcrições longas. Isto porque, como sugere a paisagem acima, o “caminho” para o despertar da nossa “sensibilidade da Alma” precisa ser percorrido sem pressa.

Na paisagem deste espaço virtual, no nosso imaginário, cada árvore deve corresponder aos nossos sucessivos “passos”. Os “passos”, nas “buscas interiores”,com a prática do “voltar-se para si mesmo”. Os “passos”, nas descisões conscientes de querer “reinventar nossas “vidas”. Na desejada elevação do nosso “sentir”, com a “sensibilidade da alma”.

Nessa “caminhada” do nosso “imaginário”, sugiro “paradas” em cada árvore da paisagem, quando forem “ler” cada mensagem deste espaço virtual.

A “escrita” e a “leitura” são maneiras de mostrar a nossa “realidade interior” (conforme foi comprovado em pesquisa realizada pela Universidade de Kansas, nos EUA, durante o acompanhamento de cento e oitenta mulheres, em estágio inicial do Câncer de mama (fonte: www.clinicajulioperes.com.br). A respeito, peço atenção para estas três respostas do conceituado Psicólogo Julio Peres, da Universidade de São Paulo:

1.Por que escrever sobre as próprias emoções ajuda melhorar a saúde?

Resposta. Aprender a falar, a ler e a escrever é aprender a traduzir. Talvez, o que aprendemos nos primeiros dois anos da vida seja mais importante que toddo o conhecimento reunido ao longo de uma extensa formação acadêmica. Ainda que a palavra (falada e escrita) não seja a única via para a comunicação, certamente é uma das mais usadas no contexto terapêutico. Um dos focos do tratamento terapêutico de pessoas traumatizadas ou que atravessem adversidades importantes consiste justamente na tradução de experiência, buscando palavras que a sintetizem. À medida que vamos traduzindo a ocorrência em sínteses (representações narrativas), conseguimos finalmente, superá-la com natural impacto positivo na saúde. Por outro lado, ficar em silêncio não impede que as angústias e sofrimentos se manifestem com toda a sua potência e, mais grave ainda, não permite o processamento do trauma, a reestruturação da ocorrência dolorosa pelo indivíduo e a sua superação.

2.Escrever também pode ajudar a ter domínio sobre as emoções e, consequentemente, mais autoconhecimento?

Resposta. Escrever é de fato conhecer melhor a si mesmo. A riqueza de nossas experiências individuais é projetiva e imensamente subjetiva, e os aprendizados adquiridos nesse processo estão entre os pilares da constituição dos comportamentos diários. Ao escrevermos nossas experiências podemos observar e reconhecer as projeções do nosso eu, ampliando o aprendizado sobre nós mesmos. Muitos psicólogos e filósofos analíticos acreditam que o pensamento é completamente verbal, como sempre realizado por meio de palavras. Essa ideia fortaleceu-se com o surgimento de estudos de Linguística, contrapondo-se à concepção alternativa segundo a qual os pensamentos são imagens incorpóreas que flutuam na mente.
Independentemente de assegurar que todos os pensamentos se realizam mediante palavras ou não, certamente muitos assim ocorrem. Isto é, por meio das palavras traduzimos sínteses do que pensamos e reflexos do que somos; entretanto, os pensamentos têm amplitudes e refinamentos muito maiores do que a capacidade de “tradução” das palavras. Portanto, autoconhecimento por meio da escrita é um caminho interminável.

3.Do ponto de vista psicológico, o que acontece quando colocamos nossos sentimentos no papel?

Resposta. As palavras frequentemente são o veículo dos nossos pensamentos. Atribuir palavras às nossas experiências é criar significado e representação para elas. O trauma psicológico está relacionado à ausẽncia de significado semântico. Assim como as crianças, as pessoas traumatizadas precisam atribuir significados para então conseguirem explicar o que ocorreu. É necessário decifrar (interpretar as cifras ou o que está mal escrito) o trauma para superá-lo. Um dos focos do tratamento terapêutico de indivíduos traumatizados consiste justamente na tradução da experiência buscando palavras que sintetizem, em lugar de suprimir os pensamentos. O desafio das abordagens terapêuticas é levar o paciente para fora desse “mundo indescritível” (sem representações) por meio da atribuição de significado aos conteúdos emocionais e sensoriais dispersos. A terapêutica do trauma não está simplemente em contar a história, mas como fazê-lo: é preciso estabelecer uma aliança de aprendizado com a adversidade.

Termino esta mensagem, sugerido que todos consigam “renascer” para o caminho do despertar da essência da “sensibilidade da alma”, nas suas “buscas interiores” que, como desejo, sejam motivadas por este espaço virtual.

Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers ocorrido no ano passado.
2.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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