“OS ENCONTROS MAIS IMPORTANTES JÁ FORAM COMBINADOS PELAS ALMAS ANTES MESMO QUE OS CORPOS SE VEJAM.”
São palavras de Paulo Coelho, o nosso imortal que em 2002 foi eleito para ocupar a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras. Sob uma subjetiva perspectiva de significados, são palavras imantadas com essência espiritual de dimensões superiores que influenciam a percepção interior dos nossos sentimentos de “AMOR”, despertando em nós “propósitos” de satisfações mútuas de completudes de necessidades de “união”, de “harmonização” e de “envolvimento” entre dois ou mais seres. Quando falamos de “relacionamentos”, dos nossos “encontros” e “desencontros”, somos viajantes levados pelos caminhos desconhecidos das imprevisibilidades da vida, assim como são os caminhos soprados pelos ventos que mudam de direção a qualquer instante, vindos e indo para onde nunca saberemos dizer e nem imaginar.
Observe que Paulo Coelho considera serem “os mais importantes para nós”, os encontros que “já foram combinados pelas almas” antes mesmo de acontecerem nesta dimensão de vida. Concordo, porque um “relacionamento” ainda desconhecido da nossa realidade, “pode ser” aquele que estamos precisando para melhor atender as nossas necessidades em todos os sentidos do nosso “viver”, inclusive no espiritual.
Os graus de importância dos nossos “relacionamentos”, sempre deverão ser mensurados pelo que acrescentam para nós. Assim como “tudo” que acontece em nossas vidas, todos eles são experiências “únicas” que produzem consequências desejadas ou não por nós. Sobre a subjetiva temporalidade dos efeitos do fim dos “relacionamentos”, esclarece a psicóloga e psicoterapeuta Andrea Calçada, que possui formação em Gestalt:
– O SOFRIMENTO CAUSADO PELO TÉRMINO DE UM RELACIONAMENTO AMOROSO INDEPENDE DO TEMPO DE DURAÇÃO DESTE. ALÉM DISSO, HÁ UMA PREDOMINÂNCIA DE ATITUDES NEGATIVAS TANTO PARA HOMENS COMO PARA MULHERES, EMBORA EM INTENSIDADES DIFERENTES.
Os nossos “relacionamentos” terminam “apenas para os outros”. “Nunca para nós”, porque fazem parte das nossas histórias de vida. Um exemplo sublime e belo foi, e para sempre será esta inspiração de Vinícius de Morais (“Soneto do Amor Eterno”):
– “(…que)
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Gosto deste “sentir” de Paulo Coelho:
– SEMPRE EXISTE NO MUNDO UMA PESSOA QUE ESPERA A OUTRA. E QUANDO ESSAS PESSOAS SE ENCONTRAM E SEUS OLHOS SE CRUZAM, TODO PASSADO E TODO FUTURO PERDE QUALQUER IMPORTÂNCIA E SÓ EXISTE AQUELE MOMENTO.
Agora, se você se preocupa em querer escolher as pessoas com quem deseja se relacionar, esclarece a doutora Vanda Lucio Di Yorio Benedito no seu livro “Terapia de Casal e de Família na Clinica Junguiana”, lançado no Brasil com direitos de edição reservados por Summus Editorial:
A ESCOLHA DO PARCEIRO, GERALMENTE, ENVOLVE UM COMPLEXO ARSENAL DE MOTIVAÇÕES. LIGADAS A VIVÊNCIAS EMOCIONAIS MUITO ÍNTIMAS E PROFUNDAS, (…) DE DIFÍCIL REPRESENTAÇÃO NO NÍVEL DA CONSCIÊNCIA. MISTURAM-SE DESEJOS DE VÁRIAS ORDENS, E QUANTO MAIS INCONSCIENTE O INDIVÍDUO ESTIVER DESSES DESEJOS, MAIOR A POSSIBILIDADE DE TAIS CONTEÚDOS SEREM ‘FISGADOS’ NUMA RELAÇÃO.
Em seguida, de modo conclusivo alerta a doutora Vanda:
– O INDIVÍDUO QUE NÃO CONSEGUE TOMAR PARA SI AQUILO QUE CONSTITUI PARTE DE SEU MUNDO INTERNO FICA PERDIDO DE SI MESMO, BUSCANDO ACHAR-SE NO OUTRO.
Agora, peço a sua atenção para este “sentir” do médico indiano Deepak Chopra, seguido das minhas considerações:
– SEJA QUAL FOR O RELACIONAMENTO QUE VOCÊ ATRAIU PARA DENTRO DE SUA VIDA, NUMA DETERMINADA ÉPOCA, ELE FOI AQUILO DE QUE VOCÊ PRECISAVA NAQUELE MOMENTO.
1.Todos nós temos uma inata capacidade interior de saber “o que queremos para nós mesmos”. Deepack Chopra se refere aos possíveis “relacionamentos” que (segundo ele), “atraímos” para dentro das nossas vidas. Concordo em parte, porque entendo que muitos deles nem sempre são antecedidos (“em nós” e “para nós”) por um sensório e consciente estado interior de “vontades” de realizações pessoais que, como desejamos, melhor atendam as nossas necessidades de “completudes existenciais e espirituais”. Eles simplesmente podem acontecer em nossas vidas, inclusive nos surpreendendo. Nesses casos, muitos atribuem ao “acaso” (mensagem 027) ou ao “destino” das pessoas. Mas sejam quais forem os nossos tipos de “relacionamentos”, eles devem ser por nós vivenciados e avaliados como experiências que estamos precisando.
2.Para os “relacionamentos” serem consolidados por buscas recíprocas de harmonização de entendimentos, devemos recorrer às conhecidas práticas de “autoconhecimento”. Nós necessitamos e precisamos conhecer “como somos para nós mesmos” e, principalmente, “como acreditamos ser para o outro”. O que não podemos é “impor” o que queremos ser para nos mesmos e para com quem estamos nos relacionando. A respeito, esclarece o doutor Júlio Furtado, que é professor e palestrante coach, com especialidade em Gestalt-terapia:
– NOS RELACIONAMENTOS SIGNIFICATIVOS DA NOSSA VIDA, O QUE VERDADEIRAMENTE IMPORTA (OU DEVERIA IMPORTAR) É COMO NOS ENCONTRAMOS INTIMAMENTE UNS COM OS OUTROS E NÃO O QUE ELES FAZEM OU PENSAM. A TOLERÂNCIA CONSTRUTIVA ACONTECE QUANDO DECIDIMOS ACEITAR O OUTRO SEM NECESSARIAMENTE CONCORDAR COM O QUE ELE DIZ OU FAZ, SENTE OU PENSA. OCORRE QUANDO, INDEPENDENTEMENTE DO QUE PENSA OU SENTE O OUTRO, EU O ACEITO SEM GERAR BARREIRAS DE AVERSÃO EM MINHA VIDA EMOCIONAL. AÍ ESTÁ OUTRO ELEMENTO FUNDAMENTAL NO DESENVOLVIMENTO DA TOLERÂNCIA CONSTRUTIVA: PRECISO SABER O QUE ME FAZ CONSTRUIR BARREIRAS DE AVERSÃO COM RELAÇÃO AO OUTRO PELO SIMPLES FATO DE ELE DISCORDAR DE MIM. (…) QUANDO CONSEGUIMOS ESCOLHER SER FELIZES AO INVÉS DE TERMOS RAZÃO É PORQUE ESTAMOS BEM PRÓXIMOS DA TOLERÂNCIA CONSTRUTIVA. CHEGAMOS LÁ QUANDO RESPEITAMOS E NÃO NOS DISTANCIAMOS DO OUTRO PORQUE ELE PENSA DIFERENTE E NOS CONFRONTA A PARTIR DISSO.
3.Ainda sobre as nossas necessárias buscas de “autoconhecimento” com a finalidade de fortalecer os nossos “relacionamentos”, complementa o astrólogo Oscar Quiroga, no seu horóscopo publicado nas edições dos dias 28 e 29 de setembro e 13 de outubro, do jornal Correio Braziliense:
I) Além do árduo e fundamental processo de autoconhecimento que todo ser humano precisa empreender, para se tornar destro na administração da complexidade da experiência de vida, a partir do momento em que se ingressa num relacionamento há de se agregar também a aventura do conhecimento do outro. Duas ou mais pessoas que se envolvem e dispõem ao relacionamento não podem continuar ensimesmadas no processo de autoconhecimento, porque se assim fosse, elas não se relacionariam, apenas se acompanhariam, e isso na melhor das hipóteses. Aventurar-se a conhecer as outras pessoas é um passo fundamental para a construção de relacionamentos. Conhecer o outro com imparcialidade de juízo, com aceitação das diferenças e estímulo a deixar todo mundo à vontade, só assim começa um bom relacionamento.
II) ALGO NOVO SE CRIA NO RELACIONAMENTO. Quando ingressas num relacionamento perdes de vez o direito de, depois, se nada der certo, voltar a tua vida anterior. Acontece que quando as pessoas se relacionam, isto é, constroem mutuamente um caminho para se conhecerem e adaptarem a um novo estilo de vida, elas não podem voltar atrás nem mesmo se esforçando para isso. É que um relacionamento não é a soma de duas ou mais pessoas, é algo novo que se cria, uma intersecção que não acontece por obra das forças da natureza, mas pelo empenho dos seres humanos envolvidos. Relacionamento não é nenhuma das pessoas envolvidas, relacionamento é algo novo que resulta desse empenho, e isso deixa uma marca que impede voltar atrás. Relacionamentos podem enriquecer ou empobrecer as pessoas envolvidas, mas nunca passam despercebidos, como se nada tivesse acontecido.
III) O DIGNO AUTOCONHECIMENTO – Autoconhecimento é bom e se deve respeitar quem se atreve a empreender esse caminho. Não é respeitável, porém, que o processo de autoconhecimento leve alguém a se ensimesmar tanto que perca de vista a aventura de conhecer também os outros, as pessoas com que se relaciona. Só por meio do conhecimento do outro nossa humanidade encontra a oportunidade de não se perder nas fantasias que serpenteiam na vida interior, algumas delas tão brilhantes que assumem formas aparentemente elevadas, espirituais até, mas que são ilusões que servem ao único objetivo de se encerrar dentro de si e nunca perceber que, do lado de fora, há pessoas que precisam de nossa atenção. Toma sempre cuidado para que a dignidade do processo de autoconhecimento não se converta num processo inconveniente.
O tema escolhido para esta mensagem é de uma singularidade relevante e especial para todos nós, porque considero serem os nossos “relacionamentos” fontes preciosas de “conhecimento” e de “satisfação” das nossas necessidades de completudes “existenciais” e “espirituais”. Para esta oportunidade, muitos outros enfoques poderiam ser trazidos para a sua apreciação, mas qualquer teorização será incompleta, ou até mesmo sem nenhum valor de ajuda, porque apenas cada um de nós podemos “sentir” os significados interiores de todas as nossas experiências “íntimas” e “pessoais” de “relacionamentos”, sejam de que natureza forem as condições receptivas dos nossos envolvimentos. Talvez tenha sido esse mesmo meu “sentir” que inspirou Jung a reconhecer que “a arte de viver é a mais sublime e a mais rara de todas as artes”.
Esta nossa jornada para o “autoconhecimento”, repetidas vezes vem sendo enriquecida pelos ensinamentos do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, diretor e fundador do Instituto Junguiano da Bahia. Para esta mensagem, selecionei este seu “sentir”:
– CADA HOMEM EXPERIMENTA SUA HISTÓRIA PESSOAL, MAS TAMBÉM A HISTÓRIA DA HUMANIDADE EM SI. O “EU” QUE LHE DÁ A IDENTIDADE É UMA BRICOLAGEM DE TUDO QUE EXISTE EM TODOS OS OUTROS HOMENS, E É A COMBINAÇÃO ENTRE ESSES FRAGMENTOS DA PSIQUE COLETIVA QUE FORMA O INDIVÍDUO COMO SINGULAR. (…) A REALIDADE OBJETIVA, QUE COMPARTILHAMOS COM O OUTRO, NOS ENGANA E ATÉ CONSEGUIMOS ABANDONAR AS CERTEZAS ABSOLUTAS. É SÓ DESSA FORMA QUE PODEREMOS COMPREENDER O OUTRO. DE ACORDO COM JUNG, NOSSA PSIQUE TRADUZ, FILTRA, ALEGORIZA, DESFIGURA E ATÉ FALSIFICA TUDO QUE NOS É TRANSMITIDO E NADA É ABSOLUTAMENTE VERDADEIRO, NEM MESMO ISSO É TOTALMENTE VERDADEIRO. VIVEMOS IMEDIATAMENTE APENAS NO MUNDO DAS IMAGENS.
Termino, com esta revelação do psicólogo junguiano e poeta Thiago Domingues, sobre a nossa “Percepção da Realidade”, desejando que você avalie a possibilidade de também aplicar aos seus “relacionamentos”:
– O MAIOR MÉRITO DE PENSADORES COMO SIGMUND FREUD E CARL JUNG FOI DEMONSTRAR QUE O MODO COMO VEMOS O MUNDO É ORIENTADO PELO INCONSCIENTE E NÃO PELO EGO CARTESIANO, CALCADO NO RACIONALISMO EXTROVERTIDO. LAWRENCE W. JAFFE SUSTENTA QUE, MESMO RECONHECENDO A SOBERANIA AINDA QUE LIMITADA DO EGO, ESTE PRECISA APRENDER A DIALOGAR CRIATIVAMENTE COM O INCONSCIENTE, COM O OBJETIVO DE CANALIZAR A AMPLIAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA.
Notas:
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2.Por ordem de citação, a da doutora Andrea Calçada; do doutor Júlio Furtado; do doutor Thiago Domingues e do doutor Carlos São Paulo, foram reproduzidas das edições 133, 159, 152 e 154 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.